Com calendário conflitante, Mano e Seleção viram inimigos dos clubes

Sexta-feira, 28/09/2012 - 17:26

A convocação da Seleção Brasileira para os amistosos contra Iraque e Japão, além de marcar um reencontro entre o meia Kaká e a amarelinha após mais de dois anos, serviu para dar mais uma prova do prejuízo que há no descompasso do calendário brasileiro com as datas Fifa. O que deixou os dirigentes nada satisfeitos.

Por causa dos compromissos da Seleção nos dias 11 e 16 de outubro, em Malmö (Suécia) e Wroclaw (Polônia), nove clubes serão desfalcados em três rodadas da reta final do Brasileirão: o período é da 29ª a 31ª. Os jogadores serão reunidos no domingo de eleição, dia 7, e só estarão de volta ao Brasil às 5h20 da manhã do dia 17, uma quarta com rodada cheia.

– Quem tem bons jogadores no elenco corre o risco de ter desfalques por conta de Seleção. É bom para o jogador, mas acho que a CBF deveria ter o bom senso de não convocar nenhum atleta dos quatro primeiros times no Brasileirão, pois prejudica quem briga pelo título – afirmou Eduardo Maluf, diretor de futebol do vice-líder Atlético-MG, que vai ficar sem o goleiro Victor.

O técnico Mano Menezes tentou “dividir” os impactos da convocação nos clubes brasileiros e ao menos só chamou um jogador por time. O treinador fez questão de avisar logo nas primeiras frases da coletiva de ontem, após o anúncio da lista, que só vai chamar “estrangeiros” para o último compromisso da Seleção em 2012, no dia 14 de novembro, ainda sem adversário definido.

– Exatamente neste período do ano passado vivenciamos situação semelhante. Naquele momento não estabelecemos limitador, mas dessa vez vimos que é possível fazer isso sem prejuízo à Seleção. Foi um jogador por cada clube, minimizamos o prejuízo para os clubes que se encontram na reta final. Para novembro provavelmente mão faremos convocação de jogadores do Brasil – afirmou Mano.

Mais um clube que engrossou o coro contra os amistosos que desfalcam os clubes é o Internacional, que com certa frequência solicita a liberação de jogadores. A bola da vez é Leandro Damião.

– Se houvesse um acordo entre os clubes prejudicados e a CBF para respeitar as datas, acho que seria do interesse de todos. Tem que ter uma tentativa de equalizar o calendário. É ruim para o campeonato também, pois fica desvalorizado – disse o vice de futebol Luciano Davi.

– Valoriza o jogador, mas é ruim para o Grêmio, que perde um atleta muito importante em um momento decisivo – emendou o gremista Paulo Pelaipe, que vai ceder Fernando.

Técnico do líder do Brasileiro – o Fluminense, que vai ceder Thiago Neves –, Abel Braga prevê um futuro ainda mais tenebroso para os clubes por causa do calendário.

– Ele é horroroso e ano que vem vai ser pior. Quem está na Libertadores, entra nas oitavas da Copa do Brasil. Um mês de férias e 11, 12 dias de pré-temporada. É crime!

A limitação de jogadores que atuam no Brasil foi boa para quem está no exterior e não vinha sendo convocado, como foi o caso do zagueiro Leandro Castán, da Roma, e o meia Giuliano, do Dnipro.

Fonte: Lancenet