Vasco, Urubu e Fluminense não têm dono da camisa 10

Quarta-feira, 15/08/2012 - 15:25

O número que tem Pelé como símbolo maior costuma significar ídolo e referência dentro de campo. Mas no Rio de Janeiro, três dos quatro grandes times não têm um camisa 10 na ativa. Flamengo, Fluminense e Vasco, que adotam a numeração fixa ao longo da temporada, estão momentaneamente com o “posto” vago, situação que vai além da falta de um atleta capaz de articular jogadas no meio-campo e de marcar gols decisivos.

A camisa 10 do Flamengo está pendurada no cabide desde a saída de Ronaldinho, ainda no início do Campeonato Brasileiro. Recentemente, os esforços da diretoria durante a janela de transferências internacionais foram direcionados para a contratação de um craque que a vestisse. Diego, Riquelme e Felipe, do Vasco, foram alguns nomes tentados, mas todos sem sucesso.

A situação é mais recente no Fluminense, que na última semana negociou Rafael Moura com o Internacional. Apesar de centroavante, ele vestia a camisa 10, que agora está sem dono. Deco, que usou o número quando brilhava pelo Porto, de Portugal, adotou o 20 quando passou a defender a seleção de Portugal e o manteve quando se transferiu para o Barcelona, em 2004. O 20 tornou-se até mesmo uma marca para o jogador.

Em São Januário, Diego Souza era o dono da camisa 10 que foi do ídolo e presidente do clube Roberto Dinamite. No entanto, o jogador foi negociado com o Al Ittihad, da Arábia Saudita, e deixou o número sem dono. Apesar de serem os maestros do meio-campo, Juninho e Felipe têm as suas preferências: 8 e 6, respectivamente.

As torcidas, entretanto, já têm os seus preferidos, manifestados no resultado das enquetes promovidas pelo GLOBOESPORTE.COM nas páginas dos respectivos clubes. Em todas as três situações, ficou clara a preferência do público pela manutenção do número original de cada atleta. E no caso do Flamengo, o preferido trata-se de alguém que não faz parte do elenco. Com 76% dos votos, os rubro-negros desejam ver mais uma vez Adriano vestindo a camisa 10, embora o Imperador ainda se recupere da segunda cirurgia no tendão de Aquiles e não tenha previsão de retorno aos gramados. Ele ganhou a pesquisa que tinha Adryan, Vagner Love, Liedson e Negueba como os candidatos. Além disso, a diretoria ainda prefere não tratar da possível contratação do atacante, mesmo que sonhe com novo casamento.

- Dentro do elenco, acho que ninguém deveria usar essa camisa, pois cada um já tem o seu número. É minha opinião. Mas se algum jogador disser que gostaria de vestir a 10, a comissão técnica achar certo e eu, como diretor, aprovar, legal - afirmou o diretor de futebool Zinho, quando a janela de transferências internacionais ainda estava aberta.

Já os tricolores esperam que Thiago Neves seja o herdeiro da camisa 10. Ele usou o número em sua melhor passagem pelo clube, em 2008, e não esconde o desejo de recuperá-lo após a saída de Rafael Moura.

- Gostaria sim de voltar a jogar com a camisa 10 do Fluminense. Mas a marca TN7 acabou pegando, né? Isso é com a diretoria, na verdade. Se eles quiserem me dar novamente a 10, eu aceitaria - disse o jogador, que teve 40% dos votos, vencendo Wellington Nem, Deco, Rafael Sobis e Wagner.

No Vasco, o eleito pelo público foi Carlos Alberto. Em sua volta ao Vasco, em março deste ano, o meia optou pelo número 84, em referência ao ano de seu nascimento, pelo fato de o 19, seu preferido, estar com o volante Nilton. Vencedor da enquete com 37% dos votos, à frente de Felipe, Juninho, Tenorio e Wendel, ele prefere seguir como está.

- Fico feliz que a torcida do Vasco tenha me escolhido, já que essa camisa tem muita história no Vasco. Mas, na verdade, nunca liguei muito para número. Na maior parte da minha carreira, não usei o 10 - lembrou Carlos Alberto, que vestiu esse número apenas no Flu.

Único grande clube do Rio de Janeiro a ter um 10, o Botafogo viveu o incremento das vendas com a chegada de Seedorf. Mas os outros clubes minimizam o possível impacto comercial da ausência do dono da camisa mais popular do futebol.

- Hoje em dia a cultura mudou um pouco, nas lojas você consegue personalizar as camisas, colocar o nome de jogadores do passado, o próprio nome, fazer a camisa personalizada. Vende muito sem número. A gente não coloca camisas com outros números à venda para deixar a critério do torcedor. A procura está sendo muito maior pela camisa sem número, então não compensa. Ano que vem talvez possa ser uma realidade. Por enquanto, não compensa. Se muitos lojistas pedirem, colocamos. A procura é por camisas sem número e a camisa 10 - explicou Gabriel Skinner, relações esportivas da Olympikus, fornecedora do material do Flamengo.

O Fluminense também não enxerga a situação como um problema de marketing ou técnico. O diretor-executivo de futebol Rodrigo Caetano afirma que, por enquanto, a camisa 10 que já foi do craque Rivellino, na década de 70, segue sem dono.

- A saída do Rafael Moura está muito recente. Até o momento ninguém me fez pedido algum. Por ora segue do jeito que está - minimizou.

Daniel Freitas, diretor de futebol do Vasco, garante que o número sairá do armário até o fim da temporada apenas se algum jogador for contratado e o clube julgar que ele deva herdar a camisa que foi de Roberto Dinamite. Ainda há a possibilidade de trazer um reforço para o setor.

- Não estamos pensando nesse assunto, mas ninguém do atual elenco vai usar essa camisa. O Vasco não vai mexer na numeração que foi definida no início do ano - frisou o dirigente.



Fonte: GloboEsporte.com