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NETVASCO - 18/08/2006 - 09:38 - Há 21 anos, Romário marcava primeiros gols pelo Vasco

Nova Venécia, interior do Espírito Santo, 18 de agosto de 1985. O time local, o Nova Venécia, enfrentaria o Vasco, que se preparava para estrear no Estadual do Rio.

Consagrado por brilhar nos maiores e mais famosos estádios do mundo, foi diante de 2.708 pessoas, no acanhado Estádio Zenor Pedrosa Rocha, a 256 quilômetros de Vitória, que o Baixinho fez os dois primeiros gols como profissional (segundo o site oficial do Vasco, Romário já marcou 978 gols).

Naquele dia, o público compareceu ao estádio para ver o apoiador Geovani e o atacante Roberto Dinamite. Geovani é capixaba de Vitória e, naquela época, já havia conquistado inclusive um Mundial de Juniores. Dinamite já estava mais do que consagrado, mas não atuou por estar machucado. Enquanto Romário, com 19 anos, dava seus primeiros passos na carreira.

Roberto era o grande astro da festa. O ídolo chegou a posar para uma foto com os jogadores do Nova Venécia vestido com a camisa do time capixaba.

A ausência de Roberto deu espaço para Romário, que formou o ataque com Mauricinho e Silvinho.

Embora tenha atuado os 90 minutos, os gols de Romário só saíram aos 40 e 42 minutos do segundo tempo (veja reprodução ao lado). A vítima foi o goleiro Rogério, que entrara no intervalo.

- Primeiro gol é como a primeira vez. Não dá para esquecer - disse o Baixinho, fazendo uma metáfora quando foi perguntado pelo LANCE! se lembrava da partida.

Antônio Lopes, técnico cruzmaltino na época, rendeu-se ao talento de Romário e o manteve como titular na estréia do Vasco no Estadual, exatamente uma semana depois do amistoso. E o Baixinho correspondeu. Fez três gols na vitória vascaína por 5 a 2, sobre a Portuguesa da Ilha, em São Januário.

Os gols em Nova Venécia foram os primeiros capítulos de uma história. Em breve, o milésimo capítulo deverá ser escrito.

MEMÓRIA

O jogo O primeiro tempo do amistoso contra o Nova Venécia terminou 2 a 0 para o Vasco, gols de Silvinho e Geovani.

Na segunda etapa, Newmar e Santos ampliaram para a equipe cruzmaltina, que a cinco minutos do fim do jogo vencia por 4 a 0.

Foi quando começou a saga dos gols de Romário, que 21 anos depois ainda não terminou.

Aos 40 minutos, o Baixinho recebeu passe da direita, finalizou e contou com a ajuda do goleiro Rogério para marcar pela primeira vez: Vasco 5 a 0.

Dois minutos se passaram e, após cobrança de escanteio, lá estava Romário de novo para fazer seu segundo gol no jogo e selar a goleada de 6 a 0.

Também em 1985, o Vasco voltou a jogar em Nova Venécia e venceu por 5 a 1.

Roberto Dinamite e Antônio Lopes lembram o início da carreira de Romário

Os gols marcados por Romário na partida contra o então Nova Venécia foram o resultado da boa fase de um jovem que mostrava potencial desde as categorias de base do Vasco. Antônio Lopes, técnico que chamou pela primeira vez Romário para a equipe profissional, lembra que a opção por ele também aconteceu por causa do momento difícil cruzmaltino.

- Pedi algumas contratações, mas o presidente Antônio Soares Calçada disse que não havia muito dinheiro. Então sugeriu que eu aproveitasse os jovens da base lembrou o treinador.

Capitão e ídolo do Vasco na época, Roberto Dinamite recorda que Romário, hoje tido como marrento, mostrou desde cedo muito talento e humildade.

- Ele era tímido, calado e sempre aberto a ouvir os conselhos dos mais velhos. Ele assimilou tudo muito bem e se destacou - disse.

A imortalizada camisa 11 do Vasco passou a ser exclusiva de Romário naquele mesmo ano de 1985. Antônio Lopes recorda que, embora tenha sido consagrado como um artilheiro, o Baixinho começou atuando como ponta-esquerda, já que Roberto Dinamite era o centroavante vascaíno.

- Ele entrou no time no lugar de Silvinho, que era o camisa 11, foi bem e não saiu mais do time. Assim, acabou adotando esse número mesmo depois de mudar de posição - explicou.

Antônio Lopes e Roberto, personagens importantes nos primeiros gols de Romário, demonstram ansiedade diante da proximidade do milésimo gol do atacante.

- Ele é o melhor centroavante que vi jogar e merece alcançar essa marca que poucos conseguiram destacou Roberto Dinamite.

Antônio Lopes espera estar perto de Romário quando ele chegar aos mil gols na carreira.

- Ficarei orgulhoso, porque acredito ter contribuído para esse feito.

Quero ver de perto o milésimo gol, cumprimentá-lo e lembrar os velhos tempos - disse Lopes.

BATE-BOLA: ROMÁRIO

Cada vez mais perto de marcar seu milésimo gol (faltam 22), Romário lembra com carinho da primeira vez que balançou a rede.

Vinte e um anos depois, que tipo de lembranças você tem da partida contra o Nova Venécia, quando marcou seu primeiro gol como jogador profissional?

Não lembrava exatamente da data, mas sabia que tinha feito o primeiro gol no Espírito Santo, numa equipe de lá. Mas também não lembrava exatamente o nome do time.

Mas o lance do primeiro e segundo gols que você marcou ainda estão gravados na sua memória tanto tempo depois?

Lógico que sim. Primeiro gol é como a primeira vez. Não dá para esquecer.

Perto de atingir a marca histórica de mil gols, acredita que o primeiro deles tem um significado especial para as gerações mais novas de jogadores?

Penso que sim. Tanto que costumo brincar com os jogadores do Miami FC, dizendo que meu primeiro gol tem 21 anos, enquanto muitos deles sequer chegaram a essa idade (risos).

BATE-BOLA: ROGÉRIO (EX-GOLEIRO DO NOVA VENÉCIA)

Quis o destino que um vascaíno fanático fosse o primeiro a levar um gol de Romário como profissional. Hoje com 44 anos, Rogério atualmente é representante de uma empresa de material hospitalar no Espírito Santo.

Que tipo de lembrança você tem da partida contra o Vasco?

Lembro com grande prazer. Afinal, sou vascaíno e fico feliz por fazer parte dessa história. Sou do interior e a emoção foi muito grande naquele momento.

O Nova Venécia era na época um clube amador. Você tinha algum outro emprego?

Trabalhava na plantação de café do meu tio. Na época do jogo, era pós-colheita do café e, muitas vezes, dá febre em quem faz a colheita. Por estar doente, não queria jogar, mas entrei no segundo tempo por insistência do presidente do clube.

Acha que houve falha sua nos dois gols de Romário?

Não. O campo era muito ruim e, no primeiro gol, a bola tocou num buraco e passou por baixo do meu corpo. No segundo, ele estava na cara do gol. O Baixinho até demorou a marcar (risos).

Pensa em reecontrar Romário algum dia?

Lógico. Ele é um ídolo, ainda mais para um vascaíno, como eu. Naquela partida ele já mostrava grande potencial para ser um artilheiro. Seria uma honra reecontrá-lo. Mas, há alguns anos, meu primo Régis, que jogou com ele no Flamengo, mencionou minha história e ele fez pouco caso.

GALERIA

A FORMAÇÃO VASCAÍNA Em pé: Edevaldo, Ivan, Newmar, Mauricinho, Vítor e Paulo César; agachados: Roberto Costa, Geovani, Romário (em substituição a Roberto), Luís Carlos Martins e Silvinho. O Baixinho formou o trio de ataque com Mauricinho e Silvinho

Fonte: Lance

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