Tamanho da letra:
|

Diego Souza comemora boa fase e diz que quer o título brasileiro


Quinta-feira, 22/09/2011 - 13:41

Quando surgiu nas categorias de base do Fluminense, Diego Souza foi apontado como um promissor volante. Logo se transferiu para o Benfica onde não obteve o mesmo sucesso. De lá foi para o rival Flamengo. Mas o brilho só voltou mesmo quando chegou ao Grêmio em 2007. Nos anos seguintes, pelo Palmeiras, ainda mais destaque. Mas veio 2010 e a estrela novamente se apagou. Neste ano, o Vasco chegou para fazer o camisa 10 brilhar novamente a ponto de entrar na briga por uma vaga na Seleção Brasileira.

Os altos e baixos na carreira acabaram rotulando o jogador, que chegou a ser comparado a um vaga-lume. Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, Diego Souza deixou clara a insatisfação sobre o assunto, com direito a pitadas de indignação. O camisa 10 vascaíno considera que não existe um jogador no Brasil que mantenha um alto nível de atuações por várias temporadas seguidas. E, em sua avaliação, nos últimos quatro anos apenas um é para ser esquecido.

- Quem está sempre no auge? É claro que este rótulo me incomoda. Depois de três anos maravilhosos um ruim coloca tudo a perder? Não concordo com isso não - afirmou.

Durante a conversa em São Januário, que durou cerca de 25 minutos, Diego Souza revela o que o atrapalhou em 2010 e reconhece que suas últimas transferências foram precoces. Mas, ao mesmo tempo, admite que reencontrou o prazer e a felicidade no Vasco sob o comando de Ricardo Gomes. A empolgação com o momento é tanta que ele já sonha levantar a taça de campeão brasileiro ao lado do técnico Ricardo Gomes, que se recupera de um AVC (acidente vascular cerebral), que sofreu há 25 dias durante o clássico contra o Flamengo.

- É para ele que vamos correr. Já imagino a cena - resumiu.

Nesta quinta-feira, o Vasco enfrenta o Atlético-GO, em São Januário. O time tenta recuperar a liderança do Brasileirão perdida para o São Paulo, que empatou com o Corinthians nesta quarta-feira. Diego Souza, que brilhou na última vitória por 4 a 0 sobre o Grêmio, vai comandar novamente o trem bala da Colina.




Muito se falou após a partida contra o Grêmio que quando o Diego Souza brilha, o Vasco encanta. Foi assim em outros momentos da temporada. Concorda com isso?

Tenho minha importância para o grupo, mas não sou eu que faço o Vasco vencer. Todos têm os seus papéis. Contra o Grêmio, por exemplo, o Eder Luis também marcou o seu gols e fez belas jogadas... O Elton brilhou, o Jumar marcou tudo pela esquerda, o Eduardo Costa protegeu muito o meio, o Fellipe Bastos também ajudou... O detalhe é que tenho tido bastante liberdade para atacar sem ter de me desgastar demais com a marcação. Com toda essa liberdade tenho obrigação de fazer algo diferente.

Então você está gostando deste novo posicionamento?

Estou adorando, não é (risos)? O Ricardo Gomes já tinha me dado essa liberdade e o Cristóvão só reforçou. Como vou reclamar (risos)?

E como você sente após uma partida em que brilhou tanto?

Saio feliz, satisfeito e com a sensação de dever cumprido. No domingo acompanhei durante a folga os jogos que complementaram a rodada e a sensação de ter dormido e acordado no dia seguinte com a liderança foi muito boa.

De todos os jogos no qual você se destacou na temporada, consegue apontar um favorito?

Pela importância e pelo contexto acho que foi o contra o Avaí, pelas semifinais da Copa do Brasil (veja os gols ao lado). A pressão era grande, a gente precisava de gols para alcançarmos a final do campeonato. Foi uma noite especial.

É difícil você repetir duas grandes atuações de maneira consecutiva. Tem algum motivo especial para isso?

Cada jogo tem a sua história. Tem sempre um que vai ser mais difícil do que o outro por diversos fatores. Mas nestes momentos, quando você sente que a noite não está para você, é necessário ser inteligente abrir espaço para os seus companheiros., marcar mais e sempre tentar ajudar o time da melhor maneira possível. Dar o máximo sempre.

Esta situação acaba remetendo a uma discussão antiga. Há quem considere que sua carreira nunca emplacou o que o levou até a ser rotulado como vaga-lume. Ouvir este tipo de comentário incomoda? É um rótulo do qual você pretende se livrar?

Claro que me incomoda. Se for analisar desta maneira, quem está no auge o tempo todo? Tive três anos maravilhosos recentemente. Em 2007, pelo Grêmio, fiz uma grande campanha na Libertadores e no Brasileiro. No ano seguinte estive entre os melhores da posição no Brasileiro. Em 2009 fui eleito o craque do campeonato. Em 2010 reconheco que tive um ano ruim por diversos motivos. Mas isso é ser vaga-lume ou o que quer que falem?

O que se faz necessário para você conseguir ter uma boa temporada pela frente?

É simples. Quando faço uma boa pré-temporada, tudo fica melhor e mais fácil. Foi assim durante estes anos e também nesta temporada. Ano passado que tive alguns problemas que atrapalharam o desenvolvimento do restante do ano.

Dá para apontar quais foram os problemas?

A reta final do Brasileiro de 2009 foi desgastante. Estávamos brigando pelo título e no fim o time caiu e ficou fora da Libertadores. Tiveram inúmeros problemas (NR: A torcida do Palmeiras o considerou um dos principais culpados pela queda de rendimento). No fim do ano surgiram propostas e eu achava que iria jogar fora do país. Não foi o que aconteceu e acabei indo para a pré-temporada com isso na cabeça. Tudo foi me atrapalhando e o desempenho foi muito abaixo. Acabei não rendendo até me transferir para o Atlético. Mas aí isso tudo refeletiu no restante do ano. Foram saídas precoces.

O Vasco apareceu e o momento do clube não era o ideal. Você imaginava que fosse dar tão certo aqui?

Pessoalmente achava sim que poderia render. Tinha feito uma boa preparação e cheguei para ajudar. Mas o encaixe realmente foi tão bom que impressionou e acabou se tornando uma surpresa. Até porque o início da temporada do Vasco tinha sido muito ruim. Foram muitas derrotas que fizeram o time virar motivo de chacota. O ser humano se torna vencedor quando consegue aprender com os erros. Foi o que aconteceu aqui.

O AVC do Ricardo Gomes foi um baque grande. Chegou a temer que a temporada poderia estar perdida em função do psicológico?

Naquele momento não pensávamos em nada. Só na boa recuperação dele. Sabíamos também que o trabalho não iria mudar. Foram belos meses que serviram para implementar uma filosofia que não iria se perder de uma hora para outra.

Chegou a temer pela vida dele?

Fiquei com medo sim. Na hora ninguém tinha noção da gravidade do caso (veja o vídeo ao lado). Só fomos tomar conhecimento depois da partida. Bateu um receio de nunca mais tê-lo ao nosso lado. Mas graças a Deus cada dia que passava vinha com uma boa notícia. A gente acompanhava em conversas e nas próprias matérias da imprensa a evolução do caso.

Você revelou um pacto feito entre os jogadores para o Vasco seguir firme na briga pelo título homenageando Ricardo Gomes desta maneira. Acredita que o time comprou o barulho?

Nossa responsabilidade é cada vez maior até para premiá-lo. No primeiro jogo após o ocorrido, contra o Ceará, só pensávamos na vitória para homenageá-lo mesmo. E é isso que precisa acontecer. Ele acreditou na gente em um momento difícil e tornou esse time vencedor. É para ele que precisamos vencer.

Já parou para pensar na possibilidade de levantar a taça de campeão Brasileiro com o Ricardo Gomes em campo?

Vejo essa cena na minha cabeça: o título com ele ao nosso lado brigando com a gente. Para isso temos de continuar correndo e dando o nosso melhor. Faltam 14 rodadas para esse dia tão sonhado por todos nós.

Fonte: GloboEsporte.com