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Treinador Paulo César Gusmão comenta o 'caso Bruno'


Segunda-feira, 12/07/2010 - 01:15

Em entrevista à Rádio Tupi, o treinador vascaíno Paulo César Gusmão comenta o 'caso Bruno':

"Olha, vamos esquecer o ídolo que o Bruno é no Flamengo. Vamos tratar do ser humano e falar de nós, brasileiros. Eu sou professor. Hoje eu sou treinador, mas trabalhei durante muito tempo num município como professor e coordenador de educação física. Nós estamos num país onde a educação é zero, gente. É uma educação falida. Eu vejo muito gente falar em educação, principalmente agora que está se aproximando as eleições. Muita gente 'A prioridade é a educação, a segurança e isso'. Depois que passa as eleições, o nosso país fica entregue à situação que está. Se não investir em educação no país, a gente ainda vai ter muitas situações pela frente, que vão nos causar arrepios, independentemente da posição que o ser humano exerça. A gente está vendo crueldades e crueldades, acima de qualquer situação, qualquer momento. O do Bruno fica mais exposto, até pela função que ele exerce e sua profissão. Mas a gente tem situações que nem aparecem através da mídia, não criam tal expectativa da mídia, em função de não serem pessoas conhecidas. A gente só tem a lamentar, até porque, o investimento na educação, no nosso país, é zero. A partir do momento em que os nossos governantes se preocuparem mesmo na formação do indivíduo como um todo, nós vamos começar a diminuir a violência, não vamos ter que ficar investindo em polícia. Nós vamos investir em educação, lá na base. Os atletas profissionais, hoje, do Brasil, se você procurar, eles vêm da mesma origem, de uma origem pobre, de um mesmo lugar, das mesmas situações vividas. Mas se esses jovens tivessem as opções e oportunidades de um país que pensa, como um país de Primeiro Mundo, ele investir realmente como um país de Primeiro Mundo, pode ter certeza que a gente vai diminuir, e muito, essas situações que a gente vive. Eu só lamento, porque foi envolvido em várias situações. Às vezes, pouco orientado. As pessoas que realmente cercam vários atletas profissionais de futebol, vêm com interesse diferente de, ao invés de você ter que apoiar e tirar, às vezes, do caminho errado, só incentivam a fazer coisas que realmente não permitem a um homem fazer. Eu sempre falo para os meus atletas que eles têm que saber que a nossa vida é feita de momentos, bons e ruins. Os momentos ruins vão estar muito mais presentes na nossa vida. Eles vão ter que reconhecer, dentro desses momentos, quem são as pessoas que realmente estão do teu lado e torcem para você. Geralmente, são as pessoas que gostam da gente, são pessoas da nossa família. Nos momentos bons, é fácil você encontrar aqueles que querem aproveitar, do teu lado, desse momento. Você sabe que essas pessoas não são pessoas que podem ter o convívio diário com você. Você tem que também saber usá-los da melhor maneira possível. O maior patrimônio de um homem é a família. Um país que quer ser grande tem que investir em educação. Infelizmente, o nosso país está devendo bastante. Infelizmente, a gente vê, a cada dia, situações que nós, como pais de família - eu tenho duas filhas -, a gente fica sempre se transportando, o que o outro está sentindo, lamentando. Mas é a nossa realidade. A gente tem que fazer com que aqueles que estão à nossa volta, a gente possa orientar para que não venha a acontecer do nosso lado. A gente sempre acha que vai acontecer com o outro, mas está sujeito a acontecer tudo isso com a gente também."

Fonte: NETVASCO (transcrição)