Ex-Vasco, zagueiro João Carlos relembra convivência com astros da Seleção da Bélgica
Quinta-feira, 05/07/2018 - 17:25
A cara de bebê que virou até apelido na Inglaterra esconde a personalidade forte. Seja pelo sucesso no futebol ou na vida pessoal, Kevin De Bruyne briga pelo que quer. Até literalmente, se preciso. A troca de agressões com o ainda amigo Courtois é só uma das passagens do loirinho enfezado que foi eleito o quarto melhor jogador do mundo pelo inglês The Guardian ao passar pelas mãos de Guardiola. Pela frente, tem a missão de furar a bem armada defesa de Tite.

Cabeça pensante da Bélgica que encara o Brasil pelas quartas de final da Copa do Mundo, sexta-feira, às 15h (de Brasília), em Kazan, KDB, como também é conhecido, foi apadrinhado por um brasileiro no início no Genk e foi especulado para defender a modesta seleção do Burundi.

Episódios curiosos que marcam a trajetória de quem foi ignorado pelo Chelsea e hoje é o condutor do Manchester City batedor de recordes no Campeonato Inglês. E um dos perigos para a Seleção Brasileira.

Festas regadas a refrigerante com brasileiro

Assim como Lukaku e Hazard, De Bruyne também tem histórias de proximidade com brasileiros. Atualmente, Gabriel Jesus, Ederson e Fernandinho são companheiros de City, mas o primeiro "parça" brazuca do loirinho foi João Carlos, no Genk.

O zagueiro era o capitão do clube belga quando o jovem de 17 anos subiu aos profissionais, em 2008. A empatia foi imediata, e João virou uma espécie de padrinho de Kevin e de Courtois, um ano mais jovem e cria do mesmo clube.

- São muitas histórias. O Kevin sempre convivia comigo, até porque eu era o capitão. Ele tinha acabado de subir e queria estar colado com quem realmente mandava no time. Ele e o Courtois surgiram com uma qualidade imensa. Eram jovens, mas impressionantes.

Atualmente no Madureira, depois de passar pelo futebol russo, voltar à Bélgica no Lokeren, defender o Vasco e o Al Jazira, João Carlos se diverte ao recordar a empolgação do pequeno Kevin com a música brasileira:

- Faço aniversário dia 1º de janeiro e sempre tinha festa com todos os jogadores. Fazíamos um samba meio morto lá e os belgas ficavam encantados. O Kevin e o Courtois estavam sempre juntos.

- O Kevin sempre saía comigo, mas só bebia refrigerante. Tanto que eu e um amigo o apelidamos com o nome de uma marca (risos).

Amor, ódio e amor com Courtois

A ligação entre De Bruyne e Courtois vai muito além do futebol. Ambos são muito amigos desde jovens, começaram juntos no Genk, foram comprados pelo Chelsea, emprestados e chegaram juntos à seleção belga. Um capítulo curioso desta relação, porém, aconteceu em 2013, com direito a briga feia.

De Bruyne descobriu que o grande amigo estava tendo um caso com sua namorada na ocasião, Caroline Linjen, e foi tirar satisfação em um treino da Bélgica. A dupla ficou um bom tempo sem se falar, mas acabou fazendo as pazes.

Caroline encontrou com o goleiro durante uma visita a Madrid, onde ele defendia o Atlético. O próprio De Bruyne revela o episódio em seu livro "Mantenha-se simples". A ex rebateu dizendo que o meia tinha traído primeiro, mas no fim acabou sem os dois belgas.

Hoje, KDB é casado com Michele Lacroix, que conheceu logo depois da polêmica, e tem um filho.

Quase africano

Uma das principais figuras da badalada geração belga, Kevin de Bruyne teve a possibilidade de seguir outros caminhos no futebol. A inexpressiva seleção do Burundi, que nunca sequer disputou uma Copa Africana de Nações, chegou a sonhar com o loirinho que já encantava no Genk, mas tudo não passou de especulação.

Explica-se: a mãe, Anna, nasceu no país africano, logo se mudou para Costa do Marfin, e terminou de ser criada na Inglaterra. Quando deu a luz a Kevin, já morava na cidade belga de Drongen. A possibilidade do craque defender o Burundi, por sua vez, é curiosa.

Baby face e mau humorado

O rosto de criança rendeu a De Bruyne o apelido de "Baby Face" por alguns jornais da Inglaterra. O perfil garotinho do meia também nunca convenceu Mourinho, responsável por abrir mão de seu talento no Chelsea - assim como aconteceu com Lukaku e Salah. A expressão singela, por outro lado, esconde um cara irritadiço.

KDB, outro apelido que ganhou dos ingleses com a sigla de seu nome, é conhecido pelo pavio curto (Courtois que o diga), por ser seco e objetivo no dia a dia. Daqueles que fala o que pensa na cara. As aparências enganam.

Desprezo no Chelsea

O sucesso precoce no Genk chamou a atenção de grandes clubes europeus, e o Chelsea foi rápido ao investir 7 milhões de libras (R$ 36 milhões na cotação atual) para contar com o loirinho de 21 anos. Comprou, pagou, mas não usou. Em três anos de contrato, foram apenas nove partidas e um empréstimo ao Werder Bremen.

Na Alemanha, apresentou o futebol que dele se esperava e logo no primeiro ano foi eleito o melhor jogador jovem da temporada 2013. Nada que mudasse o desprezo do Chelsea. Em seu retorno a Stamford Bridge, Mourinho abriu mão do belga, que foi comprado pelo Wolfsburg e fez ainda mais sucesso.

Na temporada 2014/2015, foi consagrado o melhor jogador do Campeonato Alemão, com um show de assistências que levaram o Wolfsburg aos títulos da Copa da Alemanha e da Supercopa contra o poderoso Bayern. E agora, Mourinho?

Queridinho de Guardiola

Da Bundesliga, De Bruyne voltou para Premier League já consagrado e com status de estrela. Em 2015, o Manchester City desembolsou 55 milhões de libras (R$ 285 mi na cotação atual) para contar com o belga e não se arrependeu do investimento.

Com boa participação na primeira temporada, com 16 gols em 41 jogos, KDB se transformou em peça-chave dos Citizens a partir do ano seguinte. O responsável? Pep Guardiola, que tinha sido sua vítima nos tempos de Bayern.

Comandado pelo treinador espanhol, De Bruyne atingiu o ápice da carreira na última temporada, quando conduziu o Manchester City ao título inglês em campanha marcada por recordes. Com 16 assistências, foi principal garçom da Premier League, foi escolhido para o "time ideal da Uefa" e apontado como quarto melhor jogador do mundo pelo "The Guardian".

- Não tenho dúvidas de que Kevin é sério candidato a ganhar o prêmio de melhor do mundo. Ele não jogou bem apenas uma partida, e sim em toda a temporada. Na posição dele, é difícil encontrar alguém jogando melhor - disse Pep.





Fonte: GloboEsporte.com