Votação no Conselho Deliberativo mostra ascensão de Brant e seus aliados
Quarta-feira, 16/05/2018 - 07:50
Tido como um homem poderoso no Vasco mesmo fora da presidência, Eurico Miranda sofreu uma dura derrota na última segunda-feira e aos poucos vai perdendo sua força dentro do Conselho Deliberativo do clube. Paralelamente, o cartola presencia a ascensão do ex-candidato Julio Brant e seus aliados, que foram os fiéis da balança para que a abertura de uma comissão de inquérito contra Alexandre Campello não fosse aprovada.

Apesar de em seu discurso dizer que era contra a investigação nos dias que antecederam a reunião, Eurico votou a favor e trouxe consigo alguns de seus asseclas. O número, porém, não foi suficiente para vencer os cerca de 60 aliados de Brant somados aos correligionários de Campello e os dos figurões de "centro", como Fernando Horta, José Luiz Moreira, Antônio Peralta, entre outros.

O ponto curioso é que até mesmo entre os beneméritos, onde Eurico é presidente e sempre teve grande liderança e soberania, o panorama já começa a ficar mais equilibrado. Considerando somente a votação entre eles, a aliança Miranda e Roberto Monteiro venceu por somente um voto.

Ciente da importância que tem atualmente no Conselho Deliberativo do Vasco, o grupo de Brant avaliará seu posicionamento de acordo com os temas apresentados, como aconteceu na última segunda.

"Nós fomos contra principalmente pelo fato de que nenhuma das denúncias foi apresentada. Não íamos votar a favor com base em nada. Foram apenas relatos. Pontuei alguns conflitos de interesses claros que o Campello tem por colocar uma empresa que ele é sócio para prestar serviço médico ao Vasco, mas o que foi apresentado em termos de documentação foi zero. Então, por mais que tenhamos divergências, nós temos coerência", disse Julio.

Um dos que mais tem batido de frente com Eurico Miranda desde o ano passado, o benemérito Otto Carvalho, que é membro do Conselho Fiscal, agora trabalha para que o cartola seja o alvo de investigações, uma vez que no balanço publicado por Campello há cerca de R$ 5 milhões utilizados em 2017 sem a devida discriminação. Ele protocolou um documento na secretaria cobrando inquéritos.

"Eu mesmo protocolei um documento em relação a isso. De processos pendentes no Vasco. Temos que apurar. Em 2017 o Conselho Fiscal não viu nada, estamos vendo agora com o balanço publicado e que tem grandes problemas demonstrados: impostos, Profut, direitos de imagem ... A transparência tem que acontecer para o clube andar. De qualquer maneira essa vitória apertada da oposição tem um grande significado porque demonstra que tem pessoas pensando no Vasco. As pessoas de responsabilidade do Vasco têm que colocar a cabeça no lugar e trabalhar. As dificuldades são grandes. Não tem ilusão", disse Otto.

Para Campello, o apoio do grupo de Brant, considerado seus opositores, foi um sinal de que ele tem conseguido demonstrar um bom trabalho.

"Obviamente aqueles que tiveram seus objetivos impedidos ou frustrados, votaram contra. Enquanto as pessoas de oposição e também algumas da situação entenderam e têm entendido que aquilo que estamos fazendo nessa gestão é o certo e em benefício do Vasco. Isso faz com que essas pessoas se alinhem às nossas condutas", avaliou.

Campello seduz membros do grupo de Brant

Se a intenção é pensar no bem do Vasco ou numa ação estratégica para diluir a oposição, ainda não se sabe, mas o fato é que Alexandre Campello tem conseguido seduzir membros do grupo de Julio Brant para compor a diretoria. Após a saída de 13 ex-vice-presidentes, o mandatário anunciou oficialmente na última segunda três nomes para ocupar as pastas vagas: João Amorim (finanças), Rodrigo Saavedra (patrimônio) e João Ernesto (relações especializadas). O trio votou no ex-candidato na última eleição.

Além deles, foram anunciados na terça Diego Carvalho (comunicação), Adriano Dias Mendes (controladoria), Paulo Gustavo Ganime (gestão estratégica) e Tiago Lezan Santanna (desportos aquáticos).

"Está na hora de acabar a guerra e pacificar o Vasco. Não podemos nos apequenar por conta da política", declarou Campello.



Fonte: UOL