Divergências políticas acirram ânimos e geram violência nas arquibancadas de São Januário
Quinta-feira, 03/05/2018 - 13:52
A eliminação do Vasco na Libertadores, após goleada do Cruzeiro por 4 a 0, ficou marcada por novos episódios de violência nas arquibancadas de São Januário. E, embora o estádio esteja mal acostumado às brigas, ele se tornou mais vulnerável a elas nos últimos meses, como um reflexo do conturbado processo eleitoral do ano passado.

Durante o confronto com os mineiros, palavrões eram gritados para o presidente Alexandre Campello, que assistia à partida em sua sala com vista para o campo. Julio Brant, antigo aliado e derrotado no pleito, também estava no estádio. Já Eurico Miranda, ex-mandatário e um dos catalisadores do racha entre Campello e Brant, deixou São Januário antes do fim da partida. Esse mosaico de personagens ajuda a explicar o enredo que levou um clima bélico às arquibancadas.

No segundo semestre do ano passado, Campello era vice de Brant na chapa mais forte de oposição a Eurico Miranda, que buscava a reeleição. Mas uma articulação na reta final do processo eleitoral terminou com o rompimento da dupla e a vitória de Campello no Conselho Deliberativo, graças à ajuda majoritária de Eurico. Foi o ato derradeiro de um pleito conduzido sob nuvens desde a erupção da urna 7, onde teriam sido depositados votos de sócios irregulares.

O bang bang político, porém, não cessou após a posse de Campello, em janeiro. Sua gestão, agora, parece começar a implodir. Cartolas do grupo Identidade Vasco, que o ajudaram a assumir o poder, consideram-no centralizador e mostram-se especialmente insatisfeitos com o fato de terem sido ignorados nas negociações de Paulinho com o Bayer Leverkusen. As tratativas giraram em torno do empresário Carlos Leite, que já socorreu o clube com empréstimos também questionados.

Em um clube onde o que se discute nos bastidores e o que se passa no campo de jogo está intimamente ligado, é natural que essa vulnerabilidade chegue às arquibancadas. Nesse contexto, há um reflexo legítimo: a insatisfação dos torcedores de bem. Mas há outro, mais barulhento e composto por fantoches de cartolas, que põe em risco a segurança dos de paz e o futuro do Vasco.

Fonte: O Globo Online