Futebol Americano: Presidente do Vasco Patriotas fala da importância do tryout na formação do time
Segunda-feira, 19/02/2018 - 15:38
Enquanto o final da temporada de futebol americano nos EUA chegou ao fim com o Super Bowl LII, no Brasil os times começam a dar o pontapé inicial. Espelhando-se no modelo americano do "Combine", a offseason brasileira também conta com a recruta de novos jogadores. Em um primeiro momento, partindo do tryout, uma série de testes para avaliar a aptidão física dos que desejam entrar no espote.

De acordo com a ESPN, hoje o Brasil é a terceira maior audiência mundial da NFL, com 19,7 milhões de fãs, perdendo apenas para os Estados Unidos e o México. O constante crescimento do esporte no país, somado à diversidade de biotipos que o agrega, chamou atenção de diversas pessoas com idades, pesos e alturas diferentes para disputar vaga nos principais times do Rio como Flamengo Imperadores, Vasco da Gama Patriotas e Botafogo Reptiles.

Os testes são divididos em dois períodos: o da manhã, para atletas que buscavam fazer parte dos times de ataque ou especiais; e o da tarde, para o time de defesa. Cada etapa do teste busca avaliar a resistência, velocidade, impulsão e explosão dos concorrentes, atributos essenciais para praticar o esporte. Os exercícios são básicos: flexões, tiro de 40 jardas, saltos em altura e a distância e o chamado "suicídio" (circuito de movimentos em máxima velocidade). O objetivo é entender, pela performance, disciplina, foco e força de vontade, quem deve ou não passar para as próximas etapas.

Teve até quem venho de longe, como o Jonathan Siqueira, 19 anos, concorrente a vaga de wide receiver no Flamengo Imperadores.

"Eu soube do evento pela página no Facebook do time e vim de Saquarema com minha mãe e meu avô em busca de uma vaga aqui. Esse foi meu primeiro tryout e a sensação de estar participando de coisas que só se vê na televisão é muito boa." – disse Siqueira, recebendo todo apoio da família.

O esporte, ainda emergente no Brasil, tem uma grande fatia de espectadores. E para aqueles que querem praticar o esporte, ainda são encontrados diversos obstáculos, já que não há um grande incentivo dos clubes e da mídia.

"Quando o Facebook do Clube de Regatas do Flamengo nos ajuda com a divulgação, o tryout fica muito mais cheio, porque não só vêm os que já gostam ou estão procurando um time de futebol americano, mas também os torcedores do futebol do Flamengo vem junto para terem uma oportunidade de vestir a camisa pelo time." – Conta Felipe Castro "Cebola", presidente do Flamengo Imperadores.

Assim como Castro, Marcel Dantas, presidente do Vasco Patriotas, aponta a importância do tryout para a de renovação de atletas no esporte.

"O tryout hoje é a nossa principal porta para descobrimentos de novos talentos. Antes, os times eram formados basicamente por quem fez a transição da praia para o campo, mas hoje há muitos jogadores que não tinham experiência e que demonstraram grande potencial."

Apesar do futebol americano ter um grande público no Brasil, principalmente no que se refere a NFL, liga nacional de futebol americano dos Estados Unidos, o esporte ainda não é profissional nas terras tupiniquins. Além disso, há uma dificuldade em se arrumar patrocínios e apoios para ajudar nos custos de cada time e na organização da liga.

Nesse mérito, Pedro Eyer, safety do Botafogo Reptiles, ressalta a relevância do tryout:

"O tryout é uma forma de arrecadação de dinheiro, pois a gente só faz dinheiro com venda de camisa e com uma mensalidade que todo jogador paga para ajudar nos custos das viagens."

E para além do evento de recrutamento de jogadores, também fala sobre a importância de outras pessoas com funções no time:

"Tem muita gente que não se interessa por jogar, mas quer fazer parte do staff. Essas pessoas ajudam arrumando patrocínios, apoios, aluguel de campos, formas de administrar e ajudar a parte financeira dos times" – Completa Eyer.

Contudo, a vida de um atleta de futebol americano no Brasil não é fácil. Os atletas conciliam os treinos para as competições com trabalho, estudo, famílias e todas as responsabilidades de uma vida adulta. No entanto, o coordenador de linha ofensiva do Flamengo, Bruno Martiny, manda o recado para as pessoas que buscam entrar nos times para além do aspecto esportivo:

"Tudo o que eu sei de vida hoje eu trouxe do futebol americano, os ensinamentos, força de vontade, disciplina, respeito, coletividade. Toda a maturidade que eu aprendi no esporte eu levo para a vida pessoal e profissional. Você vai aprender mais do que só jogar futebol americano, você vai ter uma nova família."



Fonte: Site de Quinta (texto), Reprodução Internet (foto)