Em entrevista, Zé Ricardo diz que fará curso nas férias e quer o Vasco protagonista em 2018
Sexta-feira, 08/12/2017 - 09:31
Zé Ricardo começou 2017 com o Flamengo na Libertadores. E vai terminar o ano com o Vasco classificado para a competição continental. Toda a experiência acumulada nesta temporada servirá de guia para o treinador montar o Cruz-Maltino para a campanha que se avizinha. E ele tem bem definida a forma como quer ver seu time: protagonista, intenso, com reforços que possam fazer a diferença.

Após um desempenho frustrante na Libertadores de 2017, Zé se recuperou. Deixou o Flamengo demitido, mas se reergueu no Vasco e terminou o ano em alta. Tanto que a agenda de entrevistas esteve lotada ao longo da semana. É o preço do sucesso de quem não vai ter férias: nos próximos dias irá para Teresópolis concluir mais uma etapa do curso de treinadores da CBF.

Nesta entrevista, Zé explica o que pretende dos reforços – ele avisa que não serão muitos, pois quer aproveitar bem a base do atual elenco -, avalia sua transição entre Flamengo e Vasco e conta um pouco de sua metodologia de trabalho.

Confira:

GloboEsporte.com: Quando você chegou ao Vasco, achava improvável a classificação para a Libertadores?

Zé Ricardo: O quadro era sensível. A situação do momento era difícil. Aquela vitória com o Valdir (1 a 0 sobre o Fluminense, sob comando do interino) foi importante, porque depois tivemos 15 dias e tínhamos aquela primeira preocupação de se afastar ao máximo da zona de baixo. Conseguimos aos poucos, a confiança foi aumentando, depois do jogo contra o Santos começamos a entender que poderíamos chegar muito bem na competição. Foi um momento chave para a gente.

Em algum momento no Vasco você se deparou com uma situação que já havia vivido no Flamengo e procurou fazer diferente?

Cada trabalho vai te dando experiência para você desenvolver. Foi isso. Experiência toda, não só os erros, como acertos vão dando experiência. Clubes diferentes, realidades diferentes, acho que é experiência mesmo de vida. Não tem um fato que vi isso aqui e não vou fazer ali. Em geral a vida é assim. Você atravessa a rua e cai no buraco. Da próxima vez, vai passar pelo outro lado da rua.

Fica algum tipo de resposta a quem criticou seu trabalho no Flamengo?

Não tem resposta para ninguém. É questão pessoal. A gente tem convicção de que pode desenvolver um bom trabalho. Infelizmente não deu. Houve a ruptura do jeito que foi. Mas encontrei no Vasco um ambiente muito favorável para desenvolver o trabalho e colocar em prática meus princípios. Tive ajuda dos atletas, que entenderam o que estava sendo passado. Isso foi fortalecendo nosso grupo. Quando escolho essa profissão, tenho que estar pronto para isso. A vida é feita de ciclos. Às vezes nosso ciclo termina, e a gente vai entender por que termina depois que começa outro.

Algo que os jogadores sempre destacam é sua capacidade de passar informações para eles. Acredita que isso é um diferencial seu?

Sem dúvida. Isso é papel do treinador: municiar os atletas com a maior quantidade possível de informação. Tentamos coloca-los a par de tudo e traçar as estratégias, contando que eles possam dar conta do recado.

Como funciona essa sua metodologia?

Não tem muita novidade. A gente começa a semana com as informações do nosso grupo, do nosso jogo, feedback da nossa última partida, depois traça analogia do que precisa junto com a comissão técnica, traça estratégia do que precisa. A partir daí os treinamentos são direcionados. Jogadores compraram essa forma e por isso a gente entende que o resultado veio.

O que você leva de experiência da Libertadores que disputou com o Flamengo?

Nós já temos essa experiência, coisas boas, como a observação dos adversários. Logicamente a dificuldade que é jogar fora de casa que o Flamengo, vamos ver se conseguimos melhorar nesse ponto, apesar de ter jogado bem fora de casa. Entendemos que foi experiência muito produtiva e importante. Agora é só torcer para que possamos estar na fase de grupos, o que ajudaria muito na planificação.

Libertadores pede um perfil diferente de jogador?

Não. Perfil do jogador atual é um perfil de atleta saudável, de boa técnica, que seja inteligente, esse é o perfil para todas as equipes. Com o Vasco não é diferente. É preciso também ter identificação com o clube.

Como está a montagem do elenco? Você já definiu tudo com a diretoria?

Já temos tudo delineado, os jogadores que vimos que podem ajudar, que entendemos que podem ser úteis. Daqui para frente vão aparecer outras oportunidades, vai depender muito de conseguir uma vaga direta na chave de grupos. Aí, teremos mais tempo para planificar, e as opções podem ser melhor estudadas.

Quantos reforços você espera para o elenco?

Trabalho que tem que ter é manter a nossa base. Já passamos os atletas que entendemos que podem ajudar. Precisamos de alguns reforços para todos os setores da equipe. O número especifico vai depender das renovações. Paulão é do Inter, Wellington é do São Paulo, Gilberto é da Fiorentina... Todos são atletas que interessam. Caso a gente não consiga, aí sim vamos buscar outro atleta.

Não vamos mudar muito o perfil da nossa equipe, mas esses jogadores que vierem têm que fazer a diferença.

Como você espera usar o Nenê em 2018? Ele segue decisivo, com muita qualidade técnica, mas há críticas em relação a sua intensidade.

Isso é natural. Na idade dele, manter intensidade alta é muito difícil. Ele é um jogador fundamental para a gente, porque tem liderança técnica muito grande, bola parada muito forte. Está muito bem no Vasco, mas aí é questão da direção. Tem que estar feliz no Vasco, a questão contratual tem que ser ok. Caso contrário, o Vasco vai estudar com carinho. Espero que possa contar com essa capacidade técnica dele, porque é um ano que se desenha maior e mais difícil. Jogadores com a qualidade dele são os que na hora mais difícil acabam decidindo.

E o Luis Fabiano?

A questão dele não é técnica. Não precisa provar nada para ninguém. Ele estava bastante chateado por não ter ajudado a gente, se tivesse ao nosso lado teria ajudado demais a gente. Pelo tempo que joga, sempre foi protagonista. É natural que tenha desgaste físico. Está fazendo o máximo para poder retornar em bom estilo, porque certamente um jogador com a história dele não gostaria de parar por uma contusão, deixando a última imagem como a do Vasco em 2017.

Espero ter o Luis melhor em 2018. Ele está em tratamento, nas férias vai trabalhar bastante em São Paulo, e a gente o espera em janeiro para que possa fazer a pré-temporada.

Vê algum outro menino da base próximo de se estabelecer no profissional como fizeram Paulinho, Mateus Vital e Evander?

Vai depender muito da reação deles, o que apresentaram. Há jogadores no nosso elenco que não conseguimos utilizar por toda a pressão no fim do ano, necessidade de pontuar, jogadores na posição. São vários aspectos. Temos Andrey, Bruno Cosendey, Ricardo, que é um zagueiro muito talentoso. Jogadores que achamos que se forem apresentando esse crescimento podem logo ter a oportunidade deles.



Fonte: GloboEsporte.com