Às vésperas de encarar o Urubu, Zé Ricardo fala sobre seu ex-clube e diz que está evitando sair de casa
Sexta-feira, 27/10/2017 - 14:48
Depois de 15 anos defendendo o Flamengo, Zé Ricardo viverá no próximo sábado, no Maracanã, a sensação de estar no lado oposto, rival. Treinador do Vasco, ele reencontra o time que ficou à frente por pouco mais de um ano e criou uma relação, mas agora sua missão é levar a equipe cruz-maltina a uma vitória que significaria ultrassar o Rubro-Negro na tabela e na luta por uma vaga na Libertadores.

Técnico do Fla, Reinaldo Rueda reconheceu que apenas dá sequência ao trabalho iniciado por Zé Ricardo. Em entrevista ao Globo Esporte, eles deixaram claro que a admiração é mútua. Personagem central do clássico, Zé nem tem saído muito de casa nestes dias para evitar ser alvo de provocações.

Todos os seus esforços estão em tentar montar alguma surpresa, já que o lado rubro-negro também lhe conhece muito bem.

- Tenho que buscar algo diferente para surpreender. esse jogo não tem facilidade, só dificuldade - afirmou o técnico do Vasco.

Na entrevista, Zé Ricardo comentou sobre as transformações iniciais que tentou fazer no time, das mudanças que vê no atual Flamengo e disse que tem evitado sair de casa para evitar possíveis piadas rivais. Ele recusou o lema "campeonato à parte" instituído por Eurico Miranda no Vasco.

Confira a entrevista completa:

Rueda disse que está aproveitando sua herança no Flamengo. Como encara esta declaração?

Zé Ricardo: Fico grato pelas palavras do professor Reinaldo Rueda, que tem uma história muito bonita. É um vencedor. Se lhe for dado tempo, também vai fazer história no Brasil.

Que mudanças você vê no Flamengo atual para o comandado por você?

É um grupo muito forte, com atletas que se doam muito. Qualquer que seja a ideia do treinador, eles vão fazer de tudo para fazer com que dê certo. No início, percebi uma maior segurança defensiva, que realmente a equipe precisava naquele momento. Agora vejo que as alternativas, como o Paquetá na frente, um jogador que conheço e está fazendo bem essa função no lugar do Guerrero. São mudanças que vemos, mas na essência o Flamengo continua forte, com jogadores bem acima da média. Tem potencial para disputar em cima em qualquer competição que participe.

Você conhece mais o Flamengo do que o Rueda?

Conheço o clube de trabalhar por 15 anos, é natural conhecer bastante. E esse grupo tive a oportunidade de estar à frente. Tenho uma certa vantagem por conhecer os detalhes, mas eles certamente também têm por me conhecer e saberem da forma como trabalho. Acho que vão dar um algo a mais para esta partida de sábado. Todos vão brigar pelo seu espaço, é um confronto que vai decidir a posição na tabela. Quem ganha com isso é o torcedor que vai ao Maracanã.

Essa vai ser a preleção mais fácil que você já fez?

Pelo contrário. Por ter conhecimento dos atletas de lá, e por eles conhecerem minha maneira de pensar, tenho que buscar algo diferente para surpreender. Mas não é fácil. O Rueda, além de um grande treinador, tenho uma identificação com ele, me parece ser um cara de valores muito legais. Valores humanos. Vi o depoimento dele que aprendeu a falar alemão trabalhando em um asilo. Na época do acidente da Chapecoense relembrou todos os atletas... Isso aí certamente passa essa energia, eu penso dessa forma. Então, esse jogo não tem facilidade, só dificuldade (risos).

Como foi a transformação de um time que estava lutando contra a queda e agora se vê forte na briga por uma vaga na Libertadores?

Toda mudança de comando gera uma pré-disposição nos atletas muito grande. Chegamos com simplicidade para mostrar o que queríamos e passar confiança a eles. Sonhamos com objetivos grandes.

A melhora passa pelo trabalho em cima do sistema defensivo?

Dei sorte porque quando cheguei havia a parada por causa dos jogos das Eliminatórias, e tivemos 15 dias para trabalhar. Sem dúvida que foi importante, demos ênfase no sistema defensivo porque o Vasco era um dos times mais vazados. No futebol atual, a doação tem que ser total. A marcação começa na saída de bola para deixar o adversário mais longe possível. A ideia foi bem aceita, eles compraram.

No início, muitos previam que o Vasco passaria sufoco. Agora, o pensamento é em Libertadores. Como chegar nesse objetivo?

Pensando jogo a jogo. Se analisarmos, são oito jogos que faltam e uma tabela complicada, contra concorrentes diretos na parte de cima, e também outros que estão brigando contra o rebaixamento. Nenhum desses jogos dá para cravar nada. Temos que acreditar no que estamos treinando. Os atletas realmente se doaram e temos chance de brigar, sim. Agora temos que pensar no Flamengo e, quando faltarem três ou quatro rodadas, a gente vê onde vamos disputar.

O presidente Eurico Miranda costuma dizer que este é um clássico à parte, e a maioria dos jogadores acaba incorporando esse discurso. E você, o que pensa?

Eu vou discordar do presidente e dos atletas. Vejo como um jogo especial, mas não um campeonato à parte. É um clássico que movimenta boa parte do Brasil, e esse jogo vai decidir uma posição na tabela. Se vencermos, ultrapassamos, se eles vencerem, abrem seis pontos na nossa frente. Já ficaria mais difícil brigar com esse adversário. Esse que é o foco da nossa preparação.

Tem conseguido sair de casa? O que tem ouvido na rua nesses dias?

Eu tenho evitado. Estou sentindo falta, porque gosto de ir na rua, ir na banca de jornal, tomar um café na padaria... A torcida trabalha com paixão, sabemos que a rivalidade é muito grande. Até para evitar algum tipo de piada, prefiro fica em casa (risos).



Fonte: GloboEsporte.com