Wellington 'Kroos' ri do apelido criado por companheiros e ganha status de xodó de Zé Ricardo no Vasco
Quarta-feira, 25/10/2017 - 08:48
Da falta de ritmo e críticas da torcida à sequência de jogos e titularidade com Zé Ricardo. Em pouco menos de cinco meses, Wellington mudou de figura no Vasco e virou uma das caras do novo trabalho, que vem rendendo ao clube bons resultados e novas ambições.

Apresentado no dia 30 de maio, o volante foi utilizado 19 vezes, primeiro por Milton Mendes, mas com ainda mais frequência por Zé, que não esconde a admiração pelo jogador de 26 anos. Neste sábado, às 19h (de Brasília), será novamente titular contra o Flamengo, no Maracanã, em jogo válido pela 31ª rodada do Brasileirão.

Antes da partida – encarada como "campeonato à parte" -, Wellington bateu um papo com com o GloboEsporte.com, em São Januário. Sobrou espaço para abraçar o status de xodó do treinador e brincar com os apelidos que ganhou na Colina.

GloboEsporte.com: Imagino que a cabeça nesta semana está só no Flamengo. Como está a expectativa do grupo para o clássico?

Wellington: Muito boa! Estamos num bom momento, a equipe já não perde há seis jogos. Estamos preparados para dar aquele passo que o clube quer, que o torcedor quer. Colocar o Vasco novamente na elite do futebol. Não só eu, que vim a curto prazo para o Vasco, mas todo o grupo está mobilizado a isso. Esse jogo é um campeonato à parte, é uma final, um dos clássicos mais importantes que tem no Brasil.

Você jogou contra o Flamengo no primeiro turno (1 a 0 para o Rubro-Negro, em São Januário), mas parece que hoje as equipes chegam em momentos muito diferentes...

Mudou muita coisa. Eu cheguei no meio do ano, mudaram jogadores, alguns foram embora, outros vieram, um treinador saiu, chegou o novo. Isso faz com que o grupo comece a se alinhar de uma forma diferente. As mudanças foram positivas, o resultado fala por si só. Acredito que a diretoria tenha acertado na maneira como está conduzindo. Espero que a gente possa sair feliz para as férias. Eu, mesmo tendo contrato com o São Paulo, não sabendo o que vai acontecer ano que vem, tenho o foco de deixar o Vasco na Libertadores.

E pelo que estamos vendo você está doido para fazer o seu gol, né? Parou na trave contra o Botafogo, perdeu contra o Coritiba. E só tem três na carreira, certo (veja no vídeo acima)?

Eu tenho uma carreira sólida, mas eu lesionei muito e perdi muito tempo fora. Isso fica marcado no futebol. Não foram tantos jogos, tenho três gols, mas era primeira volante no São Paulo, não tinha essa liberdade que estou tendo aqui. Estou doido para fazer um gol (risos), porque estou num bom tempo, crescendo, tenho feito sacrifícios para o time, abrindo espaços. O gol está próximo, na hora certa vai sair.

Vários jogadores já falaram do papel do Zé nessa mudança. Qual a magia dele nos bastidores para conseguir resultados tão expressivos?

Não é uma magia, é a simplicidade dele, a humildade e o trabalho. Os trabalhos são diferentes, são bons. Exige cobrança, é sério. O grupo todo abraçou e pôde assimilar bem, por isso está dando certo. Ele e a comissão que veio junto estão preparados para colocar o Vasco na elite. Esse é um todo, quem tem a ganhar é o torcedor, funcionários do clube que já estão há mais tempo e tiveram anos difíceis. Agora não podemos para de pensar numa Libertadores. Estamos no caminho certo. Muitos ainda cobram muito do Vasco, por um time mais sólido, mas hoje é um time que não perde, tem uma solidez defensiva muito grande. É importante passar uma rodada pontuando, está tudo muito embolado, difícil a cada jogo. O Zé tem grande parcela nisso.

No Flamengo, o Zé praticamente adotou o Márcio Araújo como xodó. Aqui, ele mostra a confiança no seu futebol. Já se enxerga no mesmo papel que o Márcio tinha do outro lado?

Eu não vejo tratamento diferente, ele trata todo mundo igual. O Zé tem um respeito por mim, eu tenho por ele, sabe que não sou nenhum menino que está começando, tenho uma história. Acredito que se ele me tirar para xodó vai ser bem-vindo, gosto muito dele. Um dos treinadores que ele respeita e pôde admirar no início da carreira foi o Muricy (Ramalho), justamente o treinador que me subiu no São Paulo, com quem fui tricampeão brasileiro com 17 anos. A gente tem essa identificação até com isso. Podemos fazer um bom trabalho juntos.

Contra o Flamengo seria o melhor cenário?

Sempre o próximo jogo é objetivo. Nunca passo o degrau, subir dois antes de subir o primeiro. O próximo jogo é mais importante, quero fazer o gol, jogar bem, fazer o melhor possível para o time sair com a vitória.

O torcedor do Vasco cobra muito, e você foi muito criticado quando começou a jogar. Mas isso parece que vem mudando aos poucos. Como você encara tudo isso?

Fico até feliz, porque se está sendo cobrado é porque pode dar mais, tem algo diferente. Se eu fosse um qualquer ninguém ia cobrar. É normal do torcedor, ele está ansioso, querendo que o Vasco volte a grandes competições, volte a ser campeão. Desde os 10 anos eu jogo em time grande. Já joguei com estádio cheio me aplaudindo, estádio todo me xingando. Estou acostumado, isso já não me pega mais. Claro, quando a energia é positiva, ajuda.

Fico feliz por isso ter mudado, é fruto do trabalho de todo o time. Mesmo nos momentos difíceis eu nunca me escondi dentro do campo, prefiro pegar a bola, tentar uma jogada e errar, mesmo sendo vaiado, do que me esconder do jogo. Tenho muita personalidade quanto a isso, nunca tive problemas com torcedor e não é agora que vou ter.

O grupo do Vasco parece mais leve atualmente. Como está o astral no vestiário?

Todo atleta profissional quando para sente mais falta é desse ambiente de vestiário, onde tem a descontração, as resenhas, brincadeiras, apelidos. Isso é muito bom, faz você descontrair num momento tenso. Futebol é muita cobrança. Você joga quarta e sábado, se ganha quarta, mas perde sábado, acabou a felicidade. É um pouco injusto até, tem que juntar um todo e colocar na balança, mas ninguém quer saber se você vem jogando há duas semanas e entra com dores.

Você falou em apelido... Já ganhou o seu?

Nossa, eu acho que sou o que mais tem apelido aqui (risos). Tem o "Wellington Kroos", estão me chamando disso (em referência ao volante Toni Kroos, do Real Madrid). Colocaram um monte já.

Como está a vida no Rio? O que faz nos momentos de folga?

É engraçado, porque quando eu tinha folga em São Paulo, aqueles dois dias, eu vinha para o Rio, curtir praia, ficar mais tranquilo com a família. Agora eu não vou para casa, que é lá, eu fico aqui (risos). Eu gosto do Rio, me sinto bem, minha família também. Lugares bons para morar, por mais que tenha violência, temos preocupação com isso. Eu gosto muito de ficar em casa, vejo muito seriado. Meu filho gosta bastante de ir para praia. Qualquer que seja minha decisão no futuro estou bem adaptado.

Falou em seriado, está vendo qual agora?

Cara, eu já assisti muita série, porque já machuquei muito, tinha que passar o tempo de alguma forma (risos). Agora estou assistindo Scorpion, muito bom, estou na última temporada, quase acabando. O duro é que quando acaba parece que você não tem vida, já tem que achar outra (risos).

Você é um cara que fala bem, é descontraído. Essa convivência com os companheiros é o segredo para a evolução do time?

O que melhorou muito foi a cobrança. Nós, jogadores, às vezes ficamos um pouco inibidos na hora de dar uma cobrada no companheiro. A partir do momento que esse gelo é quebrado, que você pode cobrar à vontade e também ser cobrado, o time acaba evoluindo. E isso aconteceu. A descontração é importante, mas fica fora de campo. Lá dentro não tem nem tempo para pensar. O que mais evoluímos foi nessa concentração, de chamar o companheiro, de mostrar a posição certa, recompor.

Estamos evoluindo no momento certo do Brasileiro. Muitos falavam que a gente não ia suportar, que íamos cair antes do fim da competição. Estamos demonstrando que o Vasco é um time grande e as pessoas têm que respeitar muito, porque a camisa é pesada.



Fonte: GloboEsporte.com