Horta, sobre Eurico: 'Ele tinha que fazer uma transição legal e ficar assistindo os jogos'
Sábado, 23/09/2017 - 07:45
Presidente da Unidos da Tijuca, maior campeã do Carnaval carioca na década, Horta vai atrás de um novo desafio: chegar ao mesmo posto no Vasco. Eleito vice-presidente geral do clube em 2014, rompeu com Eurico Miranda e se afastou da gestão. Agora, diz ser o único capaz de vencê-lo nas eleições de novembro.

Existem hoje quatro chapas de oposição. Há interesse em se unir com algum candidato?

Com todos. Estou aberto para se juntarem a mim. Eles podem aprender sobre o Vasco comigo, e eu aprender com eles. Quero unir o Vasco. Minha proposta é fazer harmonia, como numa escola de samba. Podem achar que sou prepotente por conta do meu lema, "o único que pode tirar Eurico". Mas sou o único dentro desse quadro político. Se os candidatos realmente têm interesse na mudança, e não carregam vaidade no coração, eles precisam se juntar a mim.

Há alguma chapa mais próxima de se juntar à sua?

Não sei, não posso falar. Num futuro bem próximo a gente pode até conversar sobre isso.

O número de chapas é alto. É sinal de descontentamento com a gestão?

Também acho que é muito. Lógico que indica descontentamento. Até porque se eu estivesse contente não disputaria a eleição. Estive junto tentando ajudar, mas Eurico não quis minha ajuda.

Eurico te isolou da gestão?

Eu vi que ele não queria compartilhar a administração. Não sou papagaio de pirata. Me perguntam por que não reclamei antes A questão é que eu não podia abrir uma crise. Se eu saio, o negócio ia ficar pior. E também fiquei mais perto da situação para me fortalecer. Hoje me sinto mais capaz de resolver as coisas no Vasco.

Havia um acordo para que Eurico te apoiasse na eleição deste ano?

Eu seria candidato em 2014, mas tinha situações particulares a resolver. Aí ele começou a me procurar. Eu disse: "Eurico, não compartilhamos das mesmas ideias". Mas cedi em apoiá-lo. Evidentemente fiz algumas exigências. Ele me daria todas as vice-presidências. Eu não coloquei ninguém. Ele começou a se fechar, eu não participava de nada. Havia esse compromisso dele me apoiar na eleição deste ano, sim. Mas se eu visse que o Vasco estava bem, iria apoiá-lo. Quero ver o Vasco bem.

Quando ficou claro que esse acordo foi rompido?

No fim do ano passado, quando ele declarou que seria candidato, eu cobrei. Eurico me disse que estava "jogando para a galera", que não era a realidade, mas eu sabia que era. Se eu forçasse uma barra, até poderia acontecer (apoio de Eurico). Mas comecei a pensar que não queria mais compromisso com ele. Quero concorrer uma eleição e vencê-lo. Dizem que sou do segmento do Eurico. Nada disso. Há pessoas que observei lá dentro que têm condições de ajudar o Vasco, mas com Eurico não quero mais nada.

Quais foram os erros da gestão nesses últimos três anos?

Acho que um erro fundamental foi esse clima de guerra. Veja o que aconteceu no clássico contra o Flamengo. Eu aconselhei que aquele jogo não fosse em São Januário. O clima não estava legal.

Os episódios de violência em Vasco x Flamengo te assustaram?

Muito. Fiquei altamente decepcionado. Por acaso estava nesse jogo, fui embora sem nem falar com o Eurico. Garanto que não darei a mínima chance para isso ocorrer. Sei como administrar.

Como? A relação com as torcidas organizadas vai ser diferente?

Sou contra organizada realizar eleição em São Januário. Se elas vierem com exigências, vou querer exigências para o Vasco. Meu tratamento será igual com todas, não darei preferência.

O senhor já foi procurado por membros de organizadas?

Se eu falasse que não os conheço, estaria mentindo. É que nem você dizer que não conhece seus colegas de trabalho. Eles não são inimigos, são vascaínos. As torcidas terão todo apoio meu, desde que não prejudiquem o clube. Eu não vou financiá-las.

A ação movida pelo Ministério Público pede afastamento de toda a diretoria do Vasco pela relação com a Força Jovem, que está banida. E o senhor é parte da diretoria...

Acho que o Ministério Público, depois de conhecer o estatuto do Vasco, vai chegar à conclusão de que o presidente pode fazer o que ele quiser, não precisa consultar ninguém. Até por isso eu quero mudar o estatuto, se for eleito. Dar mais responsabilidade a quem está em volta.

Mesmo assim, te dá preocupação estar implicado nessa ação? O senhor poderia ficar inelegível.

Nenhuma. Não vai ter ninguém de organizada dizendo que fez trato com o Horta, que recebeu ingresso, carteirinha... Se eu for chamado (para depor), vou lá, qual é o problema? Tem que averiguar mesmo para ver quem é o culpado. Também não acredito que aquilo tudo aconteceu por causa do Eurico. Deve haver outras coisas estranhas ali. Não vou entrar nesse mérito de torcida. Meu problema com o Eurico é sobre administração.

O senhor tem algo de positivo a dizer sobre o Eurico?

Não quero entrar nesse lado pessoal. Acho que o Eurico já deu, passou. Ele tinha que fazer uma transição legal e ficar assistindo os jogos.



Fonte: O Globo Online