Odvan relembra carreira, chegada na Seleção e auge no Vasco
Segunda-feira, 19/06/2017 - 20:49
Semblante fechado, chuteira preta e futebol sem firula. Quem conhece Odvan, sabe bem que o estilo "moralizador" com que o morador de Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense, entrava nos gramados, não reflete em nada a personalidade do ex-jogador fora das quatro linhas. Pelo contrário. Conhecido pelo "jeitão brincalhão", o folclórico "Zagueiro-Zagueiro", que marcou época no Vasco e defendeu também a Seleção, o Fluminense, o Botafogo entre outros clubes, cada vez mais tem sido lembrado por ex-companheiros em entrevistas e programas esportivos como pivô de histórias engraçadas nos bastidores do futebol.

A mais conhecida delas, talvez, aconteceu no do dia em que supostamente o "Zagueiro-Zagueiro" foi até uma loja de móveis comprar mobílias, mas que lhe foi pedido um comprovante de residência para que o negócio fosse efetuado no crediário. Conforme "reza a lenda", sem hesitar, Odvan foi para a frente da casa onde vivia e tirou uma foto na porta do local como forma de "comprovar que tinha endereço físico". O caso já foi lembrado diversas vezes aos risos por Edmundo e pelo não menos folclórico ex-jogador Amaral.

O Animal, aliás, é também responsável por trazer à tona a recordação do dia em que Odvan, que também carrega um fato curioso para ter recebido este nome, comprou uma fazenda com uma piscina do "tamanho da Baía de Guanabara". Ou melhor dizendo, usou esta comparação para dar "as devidas proporções" ao tamanho do imóvel.

Por isso, diante dos inúmeros "causos" envolvendo o irreverente "Zagueiro-Zagueiro, ninguém melhor do que o próprio para recordá-los - ou até nega-los. E foi isso que Odvan fez em um bate-papo com o GloboEsporte.com, que vai do "exagero" dos amigos ao narrar os acontecimentos até a análise do ex-zagueiro sobre a derrota do Brasil por 7 a 1 para a Alemanha. A entrevista sobre a carreira dele você confere alguns trechos no vídeo acima e em texto na íntegra abaixo.

Roberto Carlos foi inspiração para o nome diferenciado

- Na verdade foi pelo meu tio. Meu tio era apaixonado pelo Roberto Carlos. Quando eu nasci, ele estava ouvindo uma música do Roberto Carlos. E ele colocou o nome da música no meu nome. A música se chama "O Divã", e ele colocou meu nome como Odvan (risos).

A história do comprovante de residência é... inventada, pelo menos é o que o "Zagueiro-Zagueiro" afirma

- Na verdade, quem surgiu com essa história foi o Edmundo. O Amaral veio na barca. O Edmundo começou com essa história porque nós brincávamos muito. Nosso grupo brincava muito. E eu, como um dos maiores sacaneadores do clube, então, ele botou essa aí. É até legal pela criatividade que ele teve. A criatividade foi demais. Mas é legal (risos). O mais importante disso tudo é o carinho que um tem com o outro, a amizade que ficou no futebol. É difícil você ver uma amizade assim.

O jeito é cair na pilha: risadas pela criatividade

- Eu acabo dando risadas (quando escuto histórias como essa). E falo para eles: "maneiro, a criatividade está aumentando" (risos).

História da piscina do tamanho da Baía de Guanabara, do tamanho de estádio é... verdade, mas brincadeira

- O que acontece, como nós brincávamos muito dentro dos voos, na hora de viajar, isso aí pega. Uma piscina do tamanho de um estádio. Uma banheira do tamanho do estádio. Botando pilha no outro e acaba ficando. As pessoas acabam não esquecendo este tipo de brincadeira. E é legal. Você viaja no tempo: "essa brincadeira foi no jogo contra fulano, contra o time tal". Lembra que ficava no aeroporto brincando.

História do Animal cheio de formigas

- Eu sabia que ele (Edmundo) ia chegar atrasado para o treino. E eu coloquei um pouquinho de formigas na roupa dele, que ele ia treinar, para ele ficar doido. Quando ele chegou, trocou de roupa rápido e não viu que estava cheia de formigas (risos). Era uma brincadeira sadia. E ele sabia que fui eu e foi logo brincando: "foi aquele negão, aquele desgraçado" (risos). Tem outras brincadeiras, mas que a gente não pode falar em público, coisas mais pesadas. É complicado (risos).

Grupo unido ajudou o Vasco a ganhar títulos

- O grupo não era muito de festa, não. A maioria das festas que tinham era quando alguém fazia aniversário, ia geral. Ia a comissão, todo mundo. Essas coisas é que faziam diferença no Vasco. Quando tinha aniversário de um, iam todos os jogadores. Reunia todo mundo. Eu até falava: "p*... já estou saturado de ver a cara de vocês (risos).

Sempre na memória: a primeira convocação e o hino

- Acho que um dos momentos mais marcantes na Seleção para mim foi o momento em que fui convocado (em 1998, pelo técnico Luxemburgo) e quando fui disputar uma competição como a Copa América. Você estar ali, vestindo a camisa da Seleção, e, no momento do hino nacional... ou você estar no vestiário trocando de roupa e olhar para o lado e ver o Ronaldo, o Rivaldo, o Cafu, o Roberto Carlos... jogadores carimbados no futebol. São coisas que você não esquece. São marcantes.

Camisa amarelinha no peito se ainda estivesse jogando

- Eu creio que sim (teria vaga na Seleção), pelo meu estilo de jogar. E ter essa força nas bolas aéreas, então, com certeza, eu acho que estaria hoje na Seleção, sim.

Falta de calma foi determinante para a derrota por 7 a 1

- Eu acho que quando começou e tomou o primeiro gol rápido, depois o segundo, acho que tinham que parar o jogo. Dar uma esfriada, porque a seleção da Alemanha vinha entrosada há muito tempo. Eu achava que não poderia partir para cima de qualquer maneira, porque a Alemanha era uma seleção muito bem postada, que vinha jogando junto há muito tempo. Então, tinham que saber jogar com eles, e não partir com tudo e deixar espaços. Deram espaços e foi o que aconteceu.

Vasco, Flu e Botafogo... para Odvan, não faltaram camisas

- Eu sou satisfeito com meu currículo. É difícil um jogador jogar em três clubes grandes da cidade. E eu tive essa oportunidade de jogar em três do Rio de Janeiro. Então, para mim não faltou nada. Particularmente eu consegui algo que nem todos os jogadores da minha época conseguiram.

A saudade dos bastidores: brincadeiras fazem falta

- Eu sinto muita falta da convivência com os amigos, as viagens, do dia a dia com os amigos, a concentração. Isso faz muita falta. Mas você vai chegando em uma certa idade que vai vendo que já deu o que tinha que dar. Por outro lado, eu posso ficar perto da minha família. Eu não tive muito isso e, hoje, eu tenho essa vantagem de poder ficar próximo deles.

Libertadores, Brasileiros e Mercosul: o auge da carreira

- Foi o auge da minha carreira no Vasco porque eu fiquei muito tempo jogando no clube e ganhando títulos. E títulos importantes. O Vasco foi o primeiro clube grande que eu vesti a camisa e fiquei muito tempo. Esse com certeza foi o auge da minha carreira.

Ser "midiático" pode, mas tem que dar resposta em campo

- As coisas mudaram muito. Hoje, os jogadores usam muito as redes sociais, às vezes até para promoverem propagandas, propagandas das chuteiras. Eu não sou contra isso, não. Se for um benefício para o jogador. Agora, só tem uma coisa. Precisa corresponder dentro do campo. Não adianta ficar nas redes sociais e esquecer de jogar bola.

O retorno para a Colina: Vasco sempre no coração

- Eu sou muito ligado ao Vasco, estou sempre no clube. Estou sempre visitando São Januário. E eu tenho uma ligação muito forte com o clube e, inclusive, estou participando de um projeto de capitalização para o clube em busca de novos jogadores, novos valores para o time. É um projeto bem bacana. Então, meu vínculo com o clube continua muito grande.

Trabalho fora dos gramados e futebol festivo

- Meu último clube foi o São José, em 2013. Depois, eu me aposentei. Hoje eu sou sub-secretário de futebol amador em Campos, cidade onde vivo, e tenho esse trabalho com o Vasco de capitalização. Eu continuo fazendo jogos festivos com o Vasco, com o Zico também. Estou sempre atuando com eles e sempre revendo alguns amigos do futebol.

Por telefone, ex-zagueiro Odvan recorda histórias engraçadas da carreira



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Em 1998, Odvan é convocado para a Seleção Brasileira pela 1ª vez





Fonte: GloboEsporte.com