Franck Assunção relembra passagem pelo Vasco, diz que vai voltar e que trará Guardiola para ser treinador

Sábado, 24/12/2016 - 23:25
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Em 2012, o Vasco, sob a presidência de Roberto Dinamite, resolveu investir em gestão e contratou para a função de diretor executivo de futebol Franck Assunção, anunciado com pompa pelo próprio presidente. Porém, em pouco tempo, algumas polêmicas surgiram em torno de Franck, principalmente por colocar em xeque a sua experiência internacional como gestor - fato que teria sido primordial para sua contratação.

Roberto Dinamite afirmou, na época, que o elo da negociação foi Henrique Kupper, ex-jogador do Cruzmaltino, e que as conversas duraram pouco mais de um mês, até o anúncio oficial. Em um mês, Franck foi afastado da função por não corresponder ao esperado e voltou para a Itália, retornando poucos meses depois com uma proposta de patrocínio de uma empresa multinacional, negada pela diretoria, pois Dinamite declarou que o dirigente não era autorizado a falar em nome do clube.

Passada toda a polêmica, Franck Assunção aceitou conversar, de forma exclusiva, com a reportagem FutRio.net para esclarecer e dar a sua posição a respeito de todos os fatos acontecidos entre 2012 e 2013, quando a polêmica que lhe envolveu estourou. Sobre a chegada ao Cruzmaltino, Franck foi enfático, ao afirmar que, sobre seu período no clube, não existe mentira ou verdade, apenas fatos.

– Boatos? Não existe mentira ou verdade. O que existe é que o ex-presidente, Roberto Dinamite, me contratou como diretor de futebol. Ele sabia muito bem o que estava fazendo, ele não é inepto. Tudo foi feito e assinado – falou.

Em 2014, o Vasco chegou a emitir nota afirmando que Franck Assunção nunca teve contrato de trabalho assinado com o clube, reiterando a não-autorização do gestor em negociar e falar pela instituição. Confira a íntegra do ofício publicado em 14 de agosto daquele ano:

"Por meio da presente, a Diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama vem, a público, esclarecer que o Sr. Franck Assunção não tem e jamais teve contrato de trabalho com o clube, não estando, portanto, autorizado a falar pelo Vasco ou a representar o clube em qualquer situação.

Em complemento, a Diretoria também informa que, ao Sr. Franck Assunção, jamais foi dada procuração, concedendo-lhe poderes, para atuar em nome do Club de Regatas Vasco da Gama."

Além da sua posição firme sobre o ex-presidente Roberto Dinamite, ao longo da entrevista Franck fez críticas à antiga gestão, declarou que apoiou Eurico Miranda nas últimas eleições e afirmou que tem o desejo de retornar ao clube como dirigente, chegando a afirmar que, caso tiver esse poder, trará reforços de peso como o técnico Pep Guardiola e jogadores como Juan Mata e Eden Hazard.

Confira a entrevista na íntegra:

Quem é o Franck Assunção e qual sua ligação com o Vasco hoje em dia?

Sou hortolandense (Estado de São Paulo), vascaíno e ítalo-brasileiro. Trabalho com um fundo de investimentos chamado HRC London, no futebol, e Real State. E, para não ficar longe do clube do meu coração, abri um núcleo oficial do Vasco em Hortolândia (SP). Coloquei minha família para cuidar porque não tenho tempo. O Vasco está literalmente em minha vida. Sou sócio e por isso acompanho tudo do time profissional e até a base.

Sobre a sua passagem como diretor do Vasco: ficaram muitas perguntas sem resposta, que acabaram gerando boatos. O que tem de verdadeiro e falso no seu período no clube?

Boatos? Não existe mentira ou verdade. O que existe é que o ex-presidente, Roberto Dinamite, me contratou como diretor de futebol. Ele sabia muito bem o que estava fazendo, ele não é inepto! Já o Dr. Rouxinol (Jorge Rouxinol, ex-vice jurídico), o Mandarino (José Hamilton Mandarino, ex-vice de futebol) e o Nelson Rocha (ex-vice de finanças) foram inconsequentes, atravancando o sucesso do Club de Regatas Vasco da Gama.

Quem fez seu contato à época com a presidência do Vasco?

Um advogado, o melhor do direito esportivo do Brasil.

Você acha que houve preconceito com seu trabalho, por você ser alguém relativamente novo no mercado e isso acabou culminando na sua saída do clube?

Não. O que ocorreu foi que queriam muito mais dinheiro para fechar a vinda do patrocinador. Já havia uma quantia financeira absurdamente enorme para o Vasco, e não para satisfazer exigências pessoais.

O mais comentado até hoje foi seu projeto apresentado ao clube, que incluía um acordo com a Emirates – com seu vice-presidente, o xeique Ahmed Hashim Khoory, que também era presidente do Al Nasr (EAU) –, que traria o treinador Walter Zenga, à época no Al Jazeera (EAU) e até a reforma de São Januário. Esse acordo realmente existiu?

Sou amigo particular do Mr. Khoory e colega do Zenga. Sim, ele (Mr. Khoory) fez e assinou uma proposta oficial em apoio ao clube que amo e sou sócio, o Vasco da Gama. Acontece que nenhuma empresa séria irá investir uma lira se não for feita uma gestão em duas mãos.

Foi falado à época que você teria sido diretor no Chiasso (SUI) e Ascoli (ITA), e os clubes desmentiram. O que também há de verdade e mentira criada nisto?

"Foi falado à época..." Quem disse isto? Um tal jornalista irracional e ilógico. Uma infâmia! Tanto que, essa calúnia, ninguém levou a sério.

Após um mês, a presidência do Vasco optou por lhe afastar e, após seu retorno da Itália, você retornou com uma proposta de patrocínio de R$ 250 milhões da empresa AFX, que acabou sendo negada pois, em nota oficial, o clube alegou que você não teria o poder de falar em nome do Vasco. O que você teria a dizer sobre este episódio?

Tudo foi feito e assinado! Se o ex-presidente, Roberto Dinamite, não aceitou esta mega e gigante patrocinadora, aí a pergunta tem que ser feita para ele, e não para o Franck Assunção. Importante: três meses depois da negativa do ex-presidente, compramos o FC Chiasso (SUI) e, dois meses depois, o FC Lugano (SUI).

Sobre o Vasco de hoje, como você avalia a situação do clube e a gestão do presidente Eurico Miranda?

Nas últimas eleições, apoiamos o Eurico Miranda. Basicamente, a gestão significa influenciar a ação. Gestão é sobre ajudar as organizações. E o que significa ação é as unidades fazerem o que tem de ser feito.

Se você fosse o presidente do clube, o que faria de diferente da gestão atual?

Quando eu for o presidente do Vasco, vou poder responder esta pergunta. Pessoas ligadas à gestão de Eurico e do ex-presidente Roberto Dinamite têm procurado a mim e ao nosso grupo para darmos apoio nas próximas eleições. Tenha certeza de que estarei com o melhor nas próximas eleições. Com o grupo mais destemido e audacioso, iremos trazer gente como Guardiola, Drogba, Omar Abdulrahman, Eden Hazard e Juan Mata para os vascaínos.

Você teria vontade de retornar ao clube como dirigente?

Não tenho vontade; eu vou voltar!

Qual é a mensagem final que você deixa, além das suas considerações finais?

Quero aqui deixar uma mensagem de Feliz Natal e um próspero Ano Novo para todos os vascaínos do Brasil e do mundo. Obrigado pelo apoio e respeito que cada torcedor vascaíno tem tido pelo meu trabalho.







Fonte: FutRio