Globo envia a clubes proposta pelo Estadual para os próximos 8 anos já prevendo cenário sem Urubu

Quinta-feira, 04/08/2016 - 10:35
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Na proposta enviada pela TV Globo aos clubes, a emissora já prevê um cenário sem o Flamengo. Nele, todos receberiam menos. Mas o que mais deixaria de ganhar seria o próprio rubro-negro: R$ 120 milhões em oito anos. No geral, o contrato seria 25% menor. Saindo dos atuais R$ 120 milhões, para R$ 90 milhões. Juntos, Fluminense, Vasco e Botafogo deixariam de ganhar R$ 36 milhões no período. Já a Federação de Futebol do Rio (Ferj) é quem mais pode perder dentre os que assinarem, pois além de reduzir o valor da sua cota em R$ 24 milhões no período, também teria um produto com menos valor para negociar a publicidade em TV.

Caso o rubro-negro se mantenha firme na posição de não assinar nos termos atuais, o clube continuaria participando da competição, mas com o time B. O principal se dedicaria a outros campeonatos e o clube estuda outras formas de arrecadação no período. Mas ainda não há planos concretos.

A posição do clube em não assinar, como explicado nesta terça-feira, é além de política (entenda os motivos no link ao lado) também financeira. O rubro-negro não acha justo receber menos do que a Federação. Sem o Flamengo, a entidade receberia R$ 9 milhões, no lugar dos R$ 12 milhões da atual proposta. Mas continuaria com o poder exclusivo de comercializar as placas de propaganda nos estádios. Especialistas do setor calculam que com todos os quatro grandes sendo televisionados, a federação poderia conseguir dobrar este valor recebido com a cota, passando a faturar até R$ 24 milhões, por ano, ou R$ 192 milhões (no cenário mais otimista), até 2024.

Há quem diga que mesmo tendo a redução, ainda é muito dinheiro para uma entidade que faz pouco pelo desenvolvimento do futebol. Uma organização que é completamente bancada pelos próprios clubes, com os 10% cobrados em borderôs (no lugar de 5% como a maioria no país). E que mesmo assim vem acumulando prejuízos (milionários) na sua operações, chegando ao ponto de ter de ingressar no programa de refinanciamento de dívidas do Governo Federal, o Profut.

Na nova proposta, além da cota direta à Federação, ainda há um percentual destinado exclusivamente à manutenção de estádios, a ser gerenciado pela entidade.

Rubinho perdoou Peter

A luta da federação para garantir suas polpudas cotas tem até perdão judicial. Foi o que aconteceu nos bastidores da decisão do Fluminense em assinar o "de acordo" com a Ferj, indo contra o que o presidente Peter Siemsen disse ao longo da última temporada sobre a gestão da entidade. As trocas de acusações eram tantas, que algumas ações judiciais por danos morais foram ajuizadas entre as partes.

Mas numa breve consulta aos sistemas do Tribunal de Justiça do Rio, o Blog encontrou pelo menos três perdões de Rubens Lopes a Peter. São ações que foram movidas pelo mandatário da Ferj contra o presidente Tricolor e contra o clube das Laranjeiras, que foram arquivadas nos últimos meses, por desistência de Rubinho.

São elas:

- 0508139-51.2015.8.19.001 (dano moral) Ferj desistiu do processo em 30/05
- 0476201-38.2015.8.19.0001 (dano moral) Ferj desistiu do processo em 06/06
- 0508064-12.2015.8.19.0001 (dano moral) Ferj desistiu do processo em 14/06

Há informações de que a recíproca nas Laranjeiras foi verdadeira e o clube também teria desistido dos processos movidos contra Rubens Lopes nos últimos meses, mas até o fechamento desta edição, o Blog não havia conseguido confirmar a informação.

O Fluminense deixa claro que embora tenha decidido assinar o "de acordo" para manter o campeonato como está, não está pressionando o Flamengo a assinar.




Fonte: Blog Gabriela Moreira - ESPN.com.br (texto), Reprodução Internet (foto)


Fla mantém exigências, trava carioca na TV Globo e é pressionado por rivais

O Fluminense não resistiu à pressão e se juntou a Vasco e Botafogo. Os três assinaram o "de acordo" com a Federação de Futebol do Rio (Ferj) para renovação dos direitos de transmissão do campeonato Carioca com a TV Globo. Só falta o Flamengo. E enquanto o rubro-negro não assinar, ninguém recebe. A cinco meses do fim do ano, as negociações estão estagnadas e o Estadual está perto de ficar sem o rubro-negro na TV pelos próximos oito anos.

Embora com a decisão em suas mãos, o Flamengo está cada vez mais pressionado a ceder. A emissora já avisou que não pagará adiantamentos a Vasco, Bota e Flu (nem Ferj) enquanto não tiver os quatro grandes. Os clubes precisam de dinheiro e tentam colocar o rubro-negro contra a parede. O Flamengo, por sua vez, não abre mão de alguns pontos:

- receber diretamente (sem que o dinheiro passe pela Federação);

- que o contrato esteja vinculado a regras de transparência, como saber quanto a Ferj empresta de dinheiro aos clubes e as condições desses empréstimos;

- que a Ferj diminua de 10% para 5% a taxa nos jogos;

- que a entidade seja impedida de interferir em preço de ingressos;

- que o decidido nos arbitrais não possam mudar contratos assinados;

- que os clubes possam explorar a publicidade nos estádios;

- e que o valor pago aos clubes seja maior que o recebido pela federação;

Segundo apuração do Blog, a TV Globo dobrou o valor para compra dos direitos do campeonato (2017-2024), oferecendo R$ 120 milhões por ano, no total. Dos quais, R$ 12 milhões (10%) serão pagos à Ferj, enquanto os quatro grandes receberiam R$ 15 milhões (15%) cada. Desta forma, a Federação acabaria ganhando mais do que os clubes, uma vez que ela ainda tem o direito exclusivo de comercialização de propaganda nos estádios, o que pode dar, de acordo com cálculos de quem acompanha o setor, um total de R$ 24 milhões de faturamento.

Descontando os R$ 60 milhões dos quatro grandes e os R$ 12 milhões da Ferj, sobram R$ 48 milhões que seriam divididos a maior parte para os clubes considerados médios: Boa Vista, Volta Redonda, Madureira e Bangu, seguidos dos demais considerados pequenos e ainda as premiações e outras despesas da federação.

Fluminense era aliado contra a Ferj

No início das negociações, Flamengo e Fluminense se colocavam do mesmo lado: contra o controle da Ferj. No entanto, nos últimos dias, o Tricolor acabou cedendo e assinou o "de acordo". Procurado, Peter Siemsen disse que não comentaria. O presidente apenas afirmou "não recebemos nada até agora pelo Estadual". Mesmo assim, o clube faz questão de deixar claro que não pressiona o Flamengo a assinar.

A Ferj se limitou a dizer que "o contrato atual dos direitos de televisionamento do Campeonato Estadual tem vigência até o dia 31 de dezembro de 2016 e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, por obediência à cláusula de confidencialidade, não se manifestará a respeito da renovação". O Blog, no entanto, também havia questionado sobre as críticas feitas pelo Flamengo, mas a Federação se negou a responder.

O Flamengo também alegou questões de confidencialidade para tratar dos detalhes, mas informou que "o clube não se opõe a que ninguém assine, mas se recusa a fechar um contrato lesivo à instituição e ao futebol carioca. Receber mais do que a federação é o mínimo que se espera. Queremos receber um valor compatível com a importância e a exposição do clube", disse o presidente Eduardo Bandeira de Mello, completando:

"Estamos tratando com a TV Globo e sabemos que eles também têm boas intenções. Mas se não der para o Flamengo participar com o time principal do Estadual, vamos lamentar. Podemos colocar o time B, mas não teremos nossos jogos transmitidos", disse.

Em tese, o rubro-negro pode aguardar o andamento do Brasileiro, para saber como se posicionar no primeiro semestre do ano que vem. Entre as opções estão jogar o Estadual com o time B, e priorizar a Primeira Liga ou a Libertadores, caso consiga estar no G4 ao fim da temporada.

Neste ano, a moeda de troca da Ferj foi justamente o dinheiro da TV Globo. A federação, quando não atrasou, ameaçou não transferir para a dupla Fla-Flu as cotas do Estadual, como poder de barganha na tentativa de impedir que os dois participassem da Primeira Liga.

Dentro da TV Globo, o assunto é tratado com cautela e provoca divisões de posicionamento. Há um grupo que já vê como necessária a desvinculação dos pagamentos à Ferj para maior independência dos clubes. Já outro, ainda vê a federação como aliada e prefere a manutenção do modelo.

A ver até quando Flamengo segura a pressão. E até que ponto o campeonato perde com a possível retirada do time rubro-negro de campo.

Fonte: Blog Gabriela Moreira - ESPN.com.br