Toques rápidos, tabelas curtas e técnica apurada de Nenê verticalizam ações do Vasco; confira análise

Terça-feira, 22/03/2016 - 07:16
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Um protagonismo que vai muito além da frieza dos números. Dizer que Nenê é a estrela mais reluzente do elenco do Vasco seria chover no molhado. Salta aos olhos a cada partida do excelente início de ano do clube, no entanto, a maneira como o camisa 10 influencia no jogo coletivo vascaíno. Os cinco gols, quatro assistências e outras três jogadas importantes nas 21 vezes que o time balançou as redes no Carioca surgem acompanhados de participações que simples estatísticas não são capazes de mostrar. É Nenê quem faz a engrenagem montada por Jorginho andar.

A impressão que se tem muitas vezes é de que o Vasco é um time, sim, muito bem organizado, mas que depende quase que exclusivamente de seu craque para fugir da burocracia. E isso não deixa de ser um mérito. O próprio treinador admitiu após a vitória por 1 a 0 sobre o Boavista, sábado, no Espírito Santo, pela segunda rodada da Taça Guanabara, que sua equipe é armada para potencializar as virtudes de Nenê:

- Todo sistema montado facilita para que ele contribua dessa forma. É um jogador altamente qualificado tecnicamente que seria burrice se não utilizássemos dessa forma, principalmente nas jogadas ofensivas.

O jogo contra o time de Saquarema evidenciou isso. O gol da vitória foi marcado por Marcelo Mattos, a assistência foi de Julio dos Santos, mas muitos dos sorrisos estampados no rosto de mais de 18 mil capixabas presentes no Kléber de Andrade tiveram origem nos pés de Nenê. E nem estamos falando dos lances de efeito, toques de calcanhar ou lençol no zagueiro. Com muita simplicidade, o meia-atacante é quem verticaliza as ações diante das intermináveis trocas de passes em busca de espaços, que têm sido muito bem executadas pelo Vasco neste início de 2016. Quase sempre sem precisar dar mais de dois toques na bola.

Diante do Boavista, Nenê foi acionado pelos companheiros 52 vezes (30 no primeiro tempo e 22 no segundo) e na maioria das vezes encontrou uma solução prática para levar o time ao ataque. Tabelas curtas e toques de rápidos foram as principais marcas de quem é ainda responsável por quase todas as jogadas de bola parada - a exceção está no escanteio pelo lado esquerdo, quando se posiciona na entrada da área para o rebote. Nenê passou o jogo inteiro sem finalizar e, ainda assim, foi o vascaíno mais perigoso em campo.

Aberto pelo lado direito, quase sempre posicionado na intermediária ofensiva, criou boas jogadas com Madson. Os 34 anos de idade parecem não pesar na condição física e a movimentação constante é evidente. Sem obrigações defensivas, ele ajuda na marcação pressionando a saída de bola adversária - em muitos momentos mais avançado até do que Thalles. Não foram poucas as vezes em que os defensores rivais, quando não desarmados, tiveram que apelar para chutões.

A boa marcação do Boavista, por sua vez, fez com que Nenê se aventurasse em raras vezes pelo lado esquerdo, mais perto de Andrezinho. Mas a troca de lado durou pouco. A solução, então, foi recuar em determinados momentos e buscar a bola lá na defesa, nos pés de Rodrigo e Luan. Com mais espaço, ele conseguia antecipar a ação mais vertical, no lugar dos passes curtos e para o lado que muitas vezes determinam a saída de bola com Julio dos Santos e Marcelo Mattos.

No segundo tempo, com o Boavista com maior posse de bola e mais presente no campo de ataque, Nenê abandonou a banda direita e flutuou mais pelo meio e lado esquerdo - principalmente após a saída de Jorge Henrique. Uma pancada no tornozelo direito diminuiu a intensidade na participação das jogadas. A experiência, no entanto, fez com que voltasse a ser importante nos minutos finais, segurando a posse de bola quando necessário ou tocando de primeira para acelerar em contra-ataques.

Já no finzinho do jogo, um lençol sobre o zagueiro seguido de uma firula foi suficiente para levantar o torcedor - que já tinha sido agraciado com um bonito domínio com a parte externa do pé após rebote de escanteio no primeiro tempo. No Espírito Santo, Nenê não fez gol, não deu assistência, e nem precisava. O Vasco ganhou o oitavo de nove jogos em que o camisa 10 esteve em campo em 2016 - estava suspenso no empate com o Friburguense. Mais uma vez, muito por causa dele. E não é nem preciso olhar as estatísticas para ter certeza disso.

Fonte: GloboEsporte.com