Rômulo lembra voo turbulento na volta de Curitiba após o título da Copa do Brasil de 2011

Quarta-feira, 24/02/2016 - 16:15
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No dia 8 de junho de 2011 o volante Rômulo alcançou a maior glória da carreira. Como titular, foi campeão da Copa do Brasil pelo Vasco numa final contra o Coritiba no Estádio Couto Pereira. Então com 20 anos, ele viu o esforço de tantos anos finalmente ser coroado. O voo de volta ao Rio de Janeiro tinha tudo para ser de festa, mas uma forte turbulência assustou e ameaçou toda a tripulação. Uma calma viagem quase virou tragédia.

"Morro de medo de avião. Estava quieto, junto ao Felipe e ao Éder Luís. Já a galera estava cantando, sorrindo e batendo uma resenha boa. Mas começou uma turbulência forte. Como eu morro de medo, todo mundo começou a brincar, falando que o avião ia cair", disse o jogador, ao ESPN.com.br.

"De repente, o avião começou a sacolejar, a turbulência aumentou e eu todo cagado de medo pensava: 'Cara, acabamos de ser campeões e isso aqui vai cair. Só me faltava essa. Puta que pariu'. E o pessoal ainda tirando onda e me chamando de medroso. O avião balançando para c... e quando eu olho para trás ninguém deu um piu. Todo mundo quietinho até o final da viagem", prosseguiu.

Mesmo com o susto, ele não perdeu o bom humor e após descer no aeroporto na capital fluminense, descontou a 'tiração de sarro' dos colegas. "Eu falei: 'Tá vendo, ficam tirando onda, mas quando o bicho pega vocês ficam quietinhos (risos).", recordou.

Apesar da tensão que passou ao voltar com a taça da Copa do Brasil, Rômulo acredita que aquele título foi um divisor de águas em sua vida. "Pude fazer parte da conquista, isso foi uma felicidade muito grande e coloquei meu nome na históra desse time. Não esqueci também que tivemos fases ruins, não foi só flores. Isso serviu de aprendizado na parte pessoal e prossional", vibrou.

DE PICOS PARA A COLINA

A vida de Rômulo foi de muitos sacrifícios até chegar ao clube da Colina. Nascido na pequena cidade de Picos, no interior do Piauí, ele se dividia entre um time que só jogava aos domingos e os negócios da família.

"Quando era moleque estudava e sempre ajudava em um comércio do meu avô. Ficava lá quando ele precisva sair, ou quando ia comprar alguma coisa. Era uma 'bodeguinha' e quem ficava lá era meu tio, mas da hora de almoço até umas 16h eu ficava lá para eles descansarem", recordou.

Aos 14 anos foi para o Porto de Caruaru,em Pernambuco, onde fez as categorias de base.

"Foi bem difícil no começo porque tinha acabado de sair, com medo das novidades e sozinho. Mas quando chegou lá até que foi tranquilo porque tem uma boa estrutura para a molecada. Um amigo meu ajudou bastante e fui me adaptando. Demorou para acostumar com a falta de casa", relembrou.

"O mais triste era ver os meninos mais novos que chorvam todo dia por causa da saudade. Tem gente que não consegue ficar. Acham que é fácil, mas é duro ficar longe da família e dos amigos. Ainda mais nessa idade", ponderou.

Após atuar em três Copas São Paulo foi comprado pelo Vasco em 2009. No ano seguinte foi integrado aos profissionais e por meio do tecnico Paulo César Gusmão conquistou espaço entre os titulares.

MUDANÇA NA CARREIRA

Aquele título da Copa do Brasil começou a dar visibilidade para Rômulo.

Ele permaneceu como titular do Vasco, sempre com atuações seguras, e bateu na trave três vezes para ser campeão. Foi vice do Brasileiro-2011 e dos dois turnos do Estadual do Rio, em 2012, além de chegar até as quartas da Libertadores, sendo eliminado pelo Corinthians.

Além disso, faturou a medalha de prata com a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Depois disso, foi para o Spartak Moscou, da Rússia, onde disputou a Uefa Champions League.

"Tive dificuldades no começo por causa do idioma. Nem queria sair de casa no começo com medo do pessoal ser grosso (risos). Vi que não era nada assim, fui me soltando e conhecendo a Rússia, agora é tranquilo. Me acostumei, entendo o idioma bem e até consigo ir no restaurante pedir comida. Estou bem tranquilo, minha família está bem ambientada", garantiu.

O volante está na terra do próximo mundial, que será disputado em 2018. Por causa disso, tem uma motivação especial para estar presente.

"Tenho esse sonho de jogar a Copa do Mundo, ainda mais que será aqui na Rússia. O país está bem adiantado, eles fizeram muitos estádios. Nas ruas muitas obras concluídas. Tudo estará pronto até com uma certa antecedência", analisou.

Para realizar essa meta, Rômulo não descarta uma saída do Spartak, que defende há quase quatro temporadas. "Quero jogar em um time de maior visibildaide, mas tenho contrato de um ano e meio. É esperar para ver o que acontece, futebol é rápido demais. Estou muito focado aqui, estamos bem perto do líder. Queremos sair campeões", projetou.

Até mesmo um retorno ao país natal poderia acontecer, desde que o projeto seja sedutor. "Volta ao Brasil não descarto agora, depende de muitas coisas. Precisa ver se é bom pra mim e para o clube. Estou tranquilo e feliz , não tenho o que reclamar", finalizou.



Fonte: ESPN.com.br