Recorde de Juninho de 4 gols de falta em uma edição da Champions é igualado por William, do Chelsea

Segunda-feira, 30/11/2015 - 21:51
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Recordes, já dizia o filósofo, são feitos para serem quebrados. Juninho Pernambucano, notavelmente um dos maiores cobradores de falta das últimas décadas, está perto de perder o posto de goleador da modalidade em uma só edição da Liga dos Campeões. Willian, do Chelsea, é quem pleiteia substituí-lo no livro da Champions – o chute contra o Maccabi Tel Aviv, terça-feira passada, foi a sua quarta bola na rede no torneio desde setembro (veja todos no vídeo acima).

Recordes também são feitos para serem relembrados. Juninho não sabia de cabeça de seu feito em 2005/06 e gostou mais ainda de descobrir que foi um brasileiro o autor da façanha.

- Que bom que é um brasileiro, e desta nova geração de bons jogadores que temos. É muito gratificante para mim, pois quando eu fiz esses quatro gols ninguém falou nada, passou batido. Estou sendo lembrado pelo feito do Willian. E acho que ele tem tudo para passar essa marca, a Champions mal chegou à metade, e o Chelsea ainda tem mais alguns jogos por fazer – disse ao GloboEsporte.com.

Juninho só não lembra detalhadamente dos números. Não sabe se marcou 76 ou 77 gols de falta na carreira – acredita que numa temporada chegou a marcar cinco vezes. Willian, por exemplo, já tem seis em poucos meses, contabilizando os dois marcados no Campeonato Inglês. Tudo isso em 12 tentativas – 50% de aproveitamento no geral. Na Champions, os quatro gols saíram em cinco finalizações – a que não entrou carimbou o travessão do Dínamo de Kiev.

- É uma honra igualar essa marca do Juninho, que, sem dúvida, foi um dos maiores cobradores de faltas que o Brasil já teve, além de ter sido um grande jogador – resumiu Willian.

Em suas cobranças, Willian procura sempre bater na bola do mesmo jeito, variando a distância e posição no campo. No jogo, avalia bastante as reações do goleiro para tomar a decisão se mandará por cima da barreira ou no outro canto, como aconteceu no gol diante do Porto de Casillas.

- Depois dos treinamentos, eu sempre faço algumas cobranças para tentar me aperfeiçoar e continuar com essa boa sequência. Dou pelo menos uns cinco chutes. Eu já fazia isso antes mesmo dessa temporada, quando comecei a ter mais oportunidades de bater. A diferença hoje é que estou mais confiante e isso faz total diferença – afirmou Willian, fã também de Marcelinho Carioca desde os tempos de Corinthians (ele, na base, admirava os treinos do meia na Fazendinha).

"PJANIC É O NÚMERO UM"

Juninho, admirador na atualidade do estilo de Bale, Cristiano Ronaldo e do bósnio Pjanic, do Roma (autor de sete gols desde a temporada 2013/14), diz que não há regra para um batedor se tornar especialista.

- Acho que bater na bola cada um tem seu jeito, de se posicionar melhor. É como o seu corpo fica equilibrado para chutar um pouco mais forte, de peito de pé, chapado. Vejo que o Willian tenta dar velocidade à bola, fazendo um arco, colocando curva. É mais parecido com o Ronaldinho Gaúcho. Os dois do Real Madrid (Bale e Cristiano Ronaldo) têm uma variação de perto/longe. E hoje o Pjanic é o número um (veja gols dele aqui, aqui e aqui). Jogamos juntos no Lyon, dei dicas. Mas é aquela coisa: você não consegue imitar o outro completamente. É preciso juntar a qualidade com a sua concentração.

Na Seleção, porém, Willian não tem tido as mesmas oportunidades para cobrar as faltas. Nos quatro jogos das eliminatórias até aqui, Hulk, Oscar, Daniel Alves, Neymar e Douglas Costa tentaram, todos sem sucesso (o ponta do Bayern foi quem chegou mais perto ao acertar o travessão contra o Peru). Juninho pediu para não haver vaidade no grupo:

- Tendo mais de um batedor no time de alta qualidade, a melhor coisa é respeito entre um e outro. O gol é para todo mundo. Cresci muito no Lyon porque sentia energia dos meus companheiros, a alegria deles em saber que eu poderia bater uma falta. Já joguei com jogador que não batia normalmente, mas tinha moral e batia a hora que quisesse. E o treinador não dizia nada. O Dunga tem que dizer algo e eles têm que se entender. Na hora do jogo você só tem uma oportunidade numa posição ideal. Se tiver um pouco de vaidade o treinador vai ter que decidir. Sou a favor do diálogo, da consciência de quem está batendo melhor. O gol é do time - completou.




Fonte: GloboEsporte.com