Ao lado da família, Rafael Silva fala sobre previsão e corte de cabelo e agradece torcedor 'desconhecido'

Terça-feira, 05/05/2015 - 10:50
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De joelhos, em um gesto de humildade, Rafael Silva mostrou que não perdeu a fé. E foi ela que o fez gravar um vídeo profetizando que seria decisivo na decisão do Carioca. Na ocasião, ele nem sequer havia sido relacionado contra o Flamengo, pela Taça GB. Nesta segunda-feira, depois dos dois gols que marcou contra o Botafogo nas finais, o herói improvável abriu a porta de sua casa e, ao lado da família, agradeceu à intervenção divina, com a certeza de que escreveu seu nome na história do Vasco.

Enquanto seus companheiros entravam em campo para o clássico, no qual o Maracanã ficou alagado por causa de um temporal, Rafael Silva estava em casa e decidiu ir à igreja. Lá, pediu a Deus que o abençoasse com um gol na final. A resposta veio rapidamente e, no dia 23 de março, o atacante, que é evangélico, decidiu registrar o momento.

“Estava em uma fase complicada e pegavam no meu pé. Faltavam poucos jogos para a fase final do Carioca e era muito difícil eu reverter minha situação para voltar a ser titular. Tinha outros jogadores na minha frente. Mas, assim que passamos pelo Flamengo nas semifinais, senti que a profecia seria cumprida”, ressaltou.

Ao lado da mulher Cristiane e dos filhos Rafaella, de 2 anos, e Pedro, de 8 meses, Rafael Silva recebeu a reportagem de O DIA , nesta segunda, em seu condomínio na Barra da Tijuca. Pai coruja, é daqueles que não deixam o sucesso subir à cabeça e prefere manter os pés no chão.

Sem ter a noção exata do seu feito — o Vasco amargava um jejum de 12 anos no Carioca —, Rafael tinha apenas uma certeza. “Não sou melhor do que ninguém. Tenho meus defeitos como todo mundo, sou pecador como todo mundo é, mas talvez tenha pedido de um jeito diferente.

Acho que essa final mostrou que eu devo ser uma pessoa iluminada. Mas não me considero acima de nada”, afirmou o jogador, que espera ser lembrado pela conquista: “Ninguém dava nada por mim, um jogador que nem era titular na primeira final. Gosto de dividir os méritos com os meus companheiros, o Vasco não seria campeão com apenas um jogador, mas acho legal se eu ficasse marcado como um herói improvável dessa conquista.”

MARCA REGISTRADA

De desprestigiado, o atacante, aos 24 anos, renova seus votos de um futuro melhor na Colina. De bem com a torcida, ele começa a cultivar uma marca registrada para fazer sucesso entre os pequenos vascaínos, há tanto tempo carentes de conquistas. O moicano loiro, ideia da mulher, porém, também se tornou alvo de brincadeiras entre os companheiros.

“É um penteado que me dá sorte desde os tempos de Ituano, dá muito trabalho de mantê-lo, mas que devo continuar usando para criar uma identidade. Mas o pessoal lá do Vasco não dá folga. Já me chamaram de tudo: de Caça-Rato (jogador que fez sucesso no Santa Cruz) e até de calopsita. Eu levo na boa”, brinca.

GRATIDÃO ATÉ COM TORCEDOR ‘DESCONHECIDO’

Rafael Silva fez questão de dedicar um dos momentos mais felizes de sua vida a pessoas que o apoiaram nos momentos difíceis. O carinho com os irmãos, a mãe, Flávia, o pai, Deraldo, e os compadres Beto e Vanderlei já era esperado, mas o atacante chamou atenção por também incluir na lista um vascaíno até então anônimo.

“Posso agradecer ao Rhony? Ele é um torcedor do Vasco que mora no Maranhão e sempre me ajudou muito. Mesmo na fase ruim ele sempre me enviou mensagens de apoio, me colocou para cima. Ninguém gosta de tomar porrada o tempo inteiro”, disse Rafael Silva.

Curiosamente, os dois não se conhecem pessoalmente e trocam mensagens pela internet desde a temporada passada.



Fonte: O Dia