Homem Piruca prepara filho para sucedê-lo nas arquibancadas

Domingo, 03/05/2015 - 12:53
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Para Vasco e Botafogo, o título Estadual, que será decidido neste domingo, às 16h, no Maracanã, vale mais do que uma taça. Renderá uma premiação de R$ 3,5 milhões capaz de proporcionar alívio em seus cofres hoje combalidos. Para a torcida, que não verá a cor deste dinheiro, o significado da conquista vai além. Representa o resgate da autoestima e a crença na capacidade de dar a volta por cima.

Para Matheus Ferreira, de 10 anos, significa o fim das gozações dos colegas de escola. Sem nunca ter visto o Vasco ser campeão estadual, ele tem aguentado muitas provocações até hoje. Mas já guarda na ponta da língua o troco a ser dado amanhã em caso de triunfo.

— Vou falar para eles: “Acabou! Agora quem manda aqui sou eu. O respeito voltou” — diz o garoto vascaíno, que pode ser visto nas arquibancadas com sua peruca e seu tablet, ao lado do pai, Carlos Alexandre Vilela, já conhecido da torcida como “homem-piruca”.

O comerciante vascaíno brinca que, por conta do filho, já pensa até na aposentadoria de seu personagem.

— Estou preparando ele para ser meu sucessor. Nos estádios, ele é o Matheus Piruquinha — conta Vilela.

Com a vitória do Vasco no domingo passado, Matheus está a apenas um empate de ir à forra com os amigos. Já o Botafogo precisa vencer por dois gols de vantagem para ser campeão — triunfo simples do Alvinegro leva a final para os pênaltis.

Mas há quem ainda acredite numa reviravolta. Com 24 anos, Tatiana Azzi é o símbolo da superstição alvinegra. Hoje, cada detalhe será pensado, da roupa ao perfume que usará no Maracanã. Os jogadores não sabem, mas um deslize dela pode ser fatal para o Botafogo em campo.

— A preparação começa na hora de sair de casa. Tem que ser duas horas antes do jogo. Vou sempre com as mesmas meia, calça e calcinha. Até o perfume precisa ser o mesmo. Vou de metrô e tenho que usar a mesma entrada do vagão sempre — conta ela, cujo ritual prossegue no estádio: — Temos uma ordem para sentar na arquibancada. Primeiro minha mãe, depois eu e minha irmã. Temos que entrar sempre antes de o time subir para o campo. Se atrasarmos, complica tudo. Durante a partida, não posso mexer no celular. Se alguém me ligar, pode ter certeza que o Botafogo levará um gol.

Quando a bola rolar, Matheus, Tatiana e milhões de vascaínos e botafoguenses estarão com o coração na mão. Honra, fé, expectativa, tudo estará em jogo. Ser torcedor não é fácil.



Fonte: Extra Online