Confira análise tática do Vasco na vitória contra o Fluminense

Terça-feira, 24/02/2015 - 02:36
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O Fluminense era o líder do Carioca antes do Carnaval, com quatro vitórias e 100% de aproveitamento. A derrota para o Volta Redonda por 2 a 1 na quarta-feira de cinzas nitidamente abateu o time que foi para o primeiro clássico do campeonato, no Engenhão - mais uma absurda decisão da FERJ, tirando o jogo do Maracanã por uma não menos injustificável briga pelo lado direito das arquibancadas. Clima quente que acirrou os ânimos dos bandidos de sempre e 87 acabaram presos.

O Flu de Cristóvão Borges que costuma propor o jogo entrou acuado, intimidado. O 4-1-4-1 com Jean e Vinicius alinhados, sem marcação adiantada e por pressão e a última linha mais "conservadora", deixando de avançar para se juntar ao meio-campo, parecia um sistema montado muito mais para anular o Vasco, novamente armado no 4-2-3-1.

Sem Bernardo, expulso no empate com o Barra Mansa, e Montoya, com problemas físicos, Doriva mudou a forma de jogar. Com a estreia de Gilberto no ataque, Rafael Silva foi para o lado esquerdo prender ou jogar às costas de Wellington Silva.

Mas a principal alteração foi a entrada de Julio dos Santos. Meia cerebral, organizador. Lento. Mas aberto pela direita e voltando para ajudar os volantes no combate e receber a bola, fugindo da marcação mais dura - mais um exemplo de uma tendência abordada no blog (leia AQUI). Domínio e passe, controlando a posse e abrindo o corredor para as descidas em velocidade de Madson, que contava com a cobertura de Serginho ou Luan e buscava Gilberto na área tricolor.

O Vasco teve 55% de posse de bola e um pênalti claro de Diego Cavalieri em Gilberto. Mas finalizou pouco: quatro conclusões, uma no alvo, para cada time. O Flu que se propôs a defender fez mais faltas: 12 a nove.

Cenário que não mudou na segunda etapa. Cristóvão tentou recuperar agressividade pelos flancos com Kenedy no lugar de Marlone e depois posse de bola com Gerson na vaga de Lucas Gomes. Garotos que não encontravam em Fred, encaixotado por Luan e Rodrigo, a referência do time para buscar uma tabela. Com a lesão de Wellington Silva, a entrada de Rafinha com Jean deslocado para a lateral direita enfraqueceu o meio de vez.

Doriva trocou Rafael Silva por Yago para manter a velocidade pela esquerda. Jhon Cley e Thalles substituíram os extenuados Marcinho e Gilberto. Julio dos Santos seguia desfilando pela direita. Toques de primeira, pensando o jogo, ditando o ritmo. Acertou 32 passes, errou seis. Teve posse de um minuto e nove segundos, só inferior aos zagueiros Luan e Rodrigo.

O meia paraguaio ajudou o time cruzmaltino a cumprir boa atuação, consistente, que controlou o clássico até outro pênalti: do hesitante Victor Oliveira sobre Luan, que bateu com precisão. Falta bem menos clara que a sobre Gilberto no primeiro tempo, mas desta vez corretamente marcada por Luis Antônio Silva Santos, o "Índio".

A péssima arbitragem irritou as duas equipes e prejudicou o Flu ao não expulsar Guiñazu, que seguiu batendo como se não houvesse amanhã, mesmo com cartão amarelo. No final, mostrou vermelho direto para Rafinha por falta duríssima em Yago.

Saldo final: Vasco com 52% de posse, subiu para 11 finalizações contra quatro do rival - duas no travessão em cobrança de falta de Rodrigo e cabeçada de Julio dos Santos. Mais 15 desarmes a 12. O Flu seguiu fazendo mais faltas: 27 a 20. Último recurso para compensar uma atuação coletiva fraquíssima, sem intensidade. Decepcionante, até.



Fonte: Blog André Rocha - ESPN.com.br