Ex-jogador Preto, revelado no Vasco, diz que Eurico foi o responsável pelo seu apelido no futebol

Segunda-feira, 09/02/2015 - 08:19
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O Santos bicampeão brasileiro de 2004 tinha, entre outros nomes conhecidos, Robinho, Elano, Léo, Ricardinho e Deivid. Mas a camisa 10, eterna herança de Pelé, era de Carlos Eduardo Casagrande, o Preto Casagrande, revelação vascaína que chegava ao time paulista depois de passagens de sucesso por Vitória e Bahia.

Então com 29 anos, Preto ficou com a 10 por causa da saída do outro grande ídolo santista da época: Diego, que jogou apenas no começo do Brasileirão e depois rumou para o Porto. O meio-campista ganhou a confiança de Vanderlei Luxemburgo e foi bicampeão com o elenco que marcou mais de 100 gols e brilhou na campanha com goleadas sobre Paysandu (6 a 0), Fluminense (5 a 0) e Grêmio (5 a 1), entre outras.

A conquista motivou a ideia de um jogo comemorativo, no ano passado, para os 10 anos do título. Para isso, Preto Casagrande organizou um grupo no WhatsApp para reunir o elenco da campanha. Mas apesar da animação de alguns integrantes, a ideia não foi para frente, principalmente por causa de Robinho e de Diego.

"O Robinho escreveu: 'tem que depositar R$ 100 mil na minha conta kkkkkk'. E aí a gente não sabia se ele estava falando sério ou brincando. Depois o Diego postou 'se neguinho depositar R$ 100 mil, eu vou' e disse que [jogo comemorativo] era coisa pra ex-jogador, que quem está jogando ainda tem que ganhar dinheiro. Aí eu parei de me estressar com esse negócio", revela, em tom de frustração.

"Essa boleirada é uma marra, e eu sou um cara meio estressado. Me estressei com o Robinho e o Diego e falei: 'vão pra pqp, também não quero ver vocês mais, aguentei um ano vocês e não aguento mais!' Eles brincam até no WhatsApp, não falam nada sério", desabafa.

Do título de 2004, no entanto, ficaram boas lembranças. Como o trabalho com Luxemburgo, que "concentrava mais que extrato de tomate", segundo o ex-atleta, lembrando os confinamentos antes dos jogos.

"Mas é a metodologia dele. Ele falava: 'vai acabar o ano, vocês vão ser campeões e não vão lembrar que concentraram'. E foi assim. Eu fiquei tão feliz e satisfeito por ser campeão brasileiro jogando com a 10 do Santos que nem me lembro disso", conta Preto Casagrande.

Vida de empresário

Hoje aos 39 anos, cinco após ser praticamente forçado a desistir do futebol por causa de uma lesão no tendão, Preto Casagrande está longe dos gramados. Morando em Salvador, o ex-meio-campista comanda cinco postos de combustível e quase 200 funcionários. A aptidão surgiu quando ele jogava no Bahia e conheceu uma garota, que se tornaria a mãe de seus filhos.

"O pai dela tinha dois postos e me chamou para ser sócio. Depois que rompi o tendão, separamos a sociedade e comecei a cuidar sozinho", diz o ex-jogador. Um dos postos está em Cascavel (PR), sua cidade natal, e é administrado por seus familiares, juntamente com um hotel.

"Fiz três anos de administração quando jogava no Vasco, mas não consegui me formar. Caiu no colo. Tomei muita porrada: tive carregamento roubado, problema de falta de combustível... me zoaram muito no início, em 2006. Agora, dificilmente nego me rouba", brinca o ex-atleta que, no entanto, ainda sofre com eventuais assaltos.

O sucesso nos negócios aliviou a dor pelo abandono precoce, segundo ele, que precisou de ajuda psicológica quando ainda atuava ("via jogo aos domingos e chorava ao ver os gols, não conseguia aceitar"). Ele parou aos 32 anos, tratou a lesão e tentou voltar dois anos depois, pelo Volta Redonda, mas as dores impediram e sua carreira no futebol terminou.

Apesar de ter trabalhado como comentarista em Salvador, as chances de voltar ao esporte são como treinador, carreira para a qual já fez dois cursos. Mas ele disse que os convites de clubes do interior da Bahia e do Paraná não atraíram, e falta coragem para mudar o dia a dia atual.

"Os clubes daqui estão cada ano pior, eu desanimo. E estou tão bem nos meus negócios, não posso arriscar por uma paixão que não me traz muitos benefícios."

E o apelido?

A alcunha "Preto" surgiu pela sua avó, logo após seu nascimento. Mas ela pegou no futebol por causa de Eurico Miranda. "Cheguei ao Vasco e o Eurico me perguntou: 'Qual é o seu nome?' Eu falei 'Carlos Eduardo', e o Eurico respondeu que esse nome era de cantor de sertanejo", diz. Como o mandatário também rejeitou 'Casagrande', ele perguntou por um apelido. Ouviu 'Preto' e disse ao jovem garoto: "deixa isso aí mesmo".

Preto só ganhou o Casagrande no Santos, por causa do zagueiro de mesmo nome que estava na equipe. O técnico Leão sugeriu Preto Cascavel, ou Preto Paraná, ou Preto Bahia. "Eu falei pra esquecer e colocar o sobrenome que eu gosto."

Fonte: UOL