Sandro Barbosa, ex-zagueiro do Vasco, ainda joga aos 43 anos e tem uma oficina mecânica

Sexta-feira, 12/12/2014 - 09:24
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Zagueiro titular do Atlético na conquista da Copa Conmebol’1997, Sandro Barbosa encontrou na várzea uma chance de prolongar a carreira depois que o profissionalismo lhe fechou as portas, aos 37 anos, em 2008. Sem empresário e cansado de perambular por times do interior, ele resolveu se fixar de vez em Belo Horizonte, dividindo as atenções entre sua oficina mecânica, no Bairro São João Batista, na região de Venda Nova, e o futebol amador.

Sandro joga pelo Retiro, de Nova Lima, que disputa a Copa Itatiaia. Seu último clube profissional foi o Formiga. “Que eu me lembre, foi lá”, brinca o jogador, que passou por vários clubes quando retornou ao futebol brasileiro depois de cinco anos na Europa – defendeu o português Santa Clara e o albanês Apolonia. “A idade me venceu. Eu tinha condição física de continuar jogando, mas sem empresário fica difícil. Ninguém quer contratar jogador depois dos 35 anos. Hoje em dia, futebol profissional está muito diferente. Sem boa indicação, ninguém entra”, lamenta.

O zagueiro, revelado pelo Villa Nova e com passagens por Juventude, América e Vasco, jogou três temporadas no Atlético, de 1997 a 1999. Além da Conmebol, conquistou o Mineiro’1999. Em 95 jogos pelo Galo, marcou cinco gols, um deles contra o Cruzeiro, na derrota por 4 a 2 pelo Brasileiro de 2000, no Mineirão. Na conquista continental, foi titular nas duas partidas finais contra o Lanús (4 a 1 na Argentina, 1 a 1 na Pampulha), formando a zaga com Neguete. “Várzea é muito diferente do profissional: aqui eles tentam compensar a falta de técnica com disposição. Por isso, zagueiro tem de ficar atento o tempo todo.”

Para um profissional disputar um campeonato amador, ele precisa fazer uma reversão na filiação à Federação Mineira de Futebol (FMF) e, nesse período, não pode assinar contratos nem receber salários – na prática, muitos clubes pagam uma espécie de “bicho” aos atletas, muitos dos quais vivem apenas de jogar na várzea. Apesar desse “bônus” oferecido a jogadores de renome, Sandro garante que não dá para viver do futebol amador. “É para manter o físico, porque dinheiro não dá. Por isso, tenho minha oficina. É uma diversão, uma forma que encontrei de me manter no futebol.”

MANTER A FORMA Dispensado do Boa no primeiro semestre, o futebol amador foi a solução para o lateral-direito Cleiton, que recorreu aos campos de terra para manter a forma física. “Foi a opção que restou. Melhor estar aqui jogando do que em casa”, explica o jogador, de 19 anos, que foi vice-campeão da Copa Centenário pelo Santa Lúcia, perdendo a decisão para o São Luiz por 3 a 1, na Arena Pitangui.

Brilho em campo, mas dor no bolso

Time que ajudou a lapidar o talento da cinco vezes melhor do mundo Marta, o Santa Cruz continua desempenhando bom papel em revelar novos jogadores, especialmente no feminino, mas esbarra na falta de apoio para arcar com as despesas, que giram em torno de R$ 20 mil mensais. O clube da Zona Noroeste, fundado em 1951, tem um dos melhores campos da capital, apesar do gramado irregular, com arquibancada para 5 mil pessoas.

“Sem receita, sem parceria, é praticamente impossível. O Santa Cruz se mantém com contribuição de diretores. Este ano tivemos um patrocinador que nos ajudou e conquistamos dois títulos no feminino: o Campeonato Mineiro e a Copa Centenário”, diz o presidente Cláudio Henrique Soares, filho de um dos fundadores do clube, Claudionor Henrique Soares.

Recentemente, com apoio de pais e da comunidade, a equipe juvenil fez excursão à Europa por três semanas. Cinco jogadores da categoria foram emprestados ao Mixto-MT para a Copa São Paulo de Juniores. Na sala de troféus do clube, além das lembranças vitoriosas, um quadro de Marta enfeita a parede. Também passaram ou foram revelados pelo Santa Cruz Claudinei, Evanílson, Dedê e, mais recentemente, Adeílson (ex-Ipatinga, América e Fluminense) e Moisés (ex-América). “A gente tenta manter o futebol do jeito que consegue. Às vezes, atrasa uma conta de água, luz, telefone. É dificuldade para tudo. Mas se a gente não fizer isso, acaba o futebol nas comunidades.”



Fonte: Superesportes