Fifa proíbe que empresários e fundos de investimentos sejam donos de direitos de jogadores

Sexta-feira, 26/09/2014 - 12:00
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A Fifa anunciou nesta sexta-feira, após reunião de seu comitê executivo, que não será mais permitido a terceiros ser dono dos direitos econômicos de jogadores. Entende-se por terceiro qualquer um que não seja um clube. Empresários e grupos de investimento, portanto, não poderão ter propriedade sobre passe de atleta de futebol.

O presidente Joseph Blatter informou que será escolhido um grupo de trabalho para cuidar do assunto e definir prazo para a aplicação da proibição. A nova medida só entrará em vigor após o que o dirigente chamou de "período de transição", sem deixar claro quanto tempo será necessário para isso. Especula-se nos bastidores que seriam dados três ou quatro anos para o futebol se adaptar à novidade. O prazo deve ser determinado em dezembro, na próxima reunião do comitê executivo.

- Tomamos uma firme decisão que proíbe que terceiros sejam donos do passe dos jogadores, mas isso não se pode proibir de imediato. Haverá um período de transição - declarou Blatter numa entrevista coletiva.

A decisão da Fifa atende a uma pressão da Uefa, entidade que comanda o futebol na Europa. Clubes europeus, especialmente os ingleses, têm se queixado com frequência à Uefa de ter de fazer negócio com grupos de investidores, a quem são obrigados a fazer pagamentos fatiados pelo passe dos jogadores. O presidente da Uefa, Michel Platini, tinha dito até que a entidade tomaria uma decisão unilateral no sentido de reprimir isso, se a Fifa não determinasse lo mesmo.

Em março, Platini fizera um apelo a Blatter para que tivesse "coragem política" de atacar o problema da "propriedade dos jogadores por terceiros", o que representaria, segundo o dirigente francês, "um grave perigo para o futebol".

PRÁTICA COMUM NO BRASIL

Segundo Blatter, o tempo de transição é necessário especialmente para atender a realidade do futebol na América do Sul. Dois países se destacam quando o assunto é a ação de grupos e empresários no mercado do futebol: Brasil e Argentina. Na Europa, a situação é muito comum em Portugal e na Espanha.

Fundos de investimento são atores frequentes nas transações no futebol brasileiro. Um dos casos mais famosos é o do DIS, fundamental no negócio que tirou Paulo Henrique Ganso do Santos e levou ao São Paulo. O clube paulista é dono de 32% dos direitos econômicos do jogador, e a maior parte, 68%, cabe ao DIS. Outros grupos também são conhecidos e influentes: Traffic, Doyen, Energy Sport e LA Sports, por exemplo.

Na Europa, um dos maiores empresários do futebol, dono do passe de jogadores valorizados, é o português Jorge Mendes. A imprensa inglesa o acusa de usar empresas em paraísos fiscais para comprar jogadores. A transação mais recente envolvendo Mendes foi a transferência do argentino Dí Maria, que deixou o Real Madrid e assinou com o Manchester United. O atacante Diego Costa, que também nesta temporada trocou o Atlético de Madrid pelo Chelsea, é outro cujos direitos econômicos têm o carimbo de Jorge Mendes.

Fonte: O Globo Online