Relembre histórias pouco conhecidas da vida de Dener, falecido há 20 anos

Domingo, 20/04/2014 - 14:47
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Descrito por muitos como tímido e até introvertido, Dener era capaz de histórias hilariantes e curiosas. Quase todos os entrevistados na série especial sobre os 20 anos da morte do eterno craque da Portuguesa, do Grêmio e do Vasco tinham uma lembrança - das mais divertidas até as infantis e irresponsáveis. Abaixo (e no vídeo ao lado) você conhece 20 causos de Dener e ainda confere uma seleção de depoimentos sobre o moleque travesso que deixou muita saudade desde aquele fatídico 19 de abril de 1994, data que completa 20 anos neste sábado.


Presente do Vlad

Dener vai à loja magazine da família do seu treinador Vladimir, de futebol de salão do Vila Maria, clube tradicional da Zona Norte de São Paulo. Chega para o irmão de Vlad, Roni, e fala:

- Ô, Roni, Vlad pediu para você me dar a chuteira que ele acerta com você depois.

O garoto recebe o tênis e vai embora - estava começando na Portuguesa. Mais tarde, Vlad chega e o irmão fala:

- Tem que pagar o tênis que você deu para o Dener.

- Que tênis? Eu? Não falei nada para ele…

“Enche o carrinho”

Passeando pela Vila Ede com sua “nave”, como ele chamava a Mitsubishi 1992 que possuía, Dener foi parado por um pedreiro. Ele contou que passava por dificuldades e que estava indo bater uma laje para conseguir dinheiro. Dener colocou o trabalhador no carro e o levou ao supermercado. “Vambora, escolhe tudo que você quiser, enche o carrinho aí”. O homem ficou tímido e disse que não precisava daquilo. Então Dener andou o mercado inteiro derrubando todos os produtos dentro do carrinho para presentear ao homem que conhecera minutos antes. Era comum o craque ter atitudes deste tipo. Ele costumava também distribuir chuteiras e material esportivo para a garotada da Lusa.

Rei de fato do Canindé

Empossado presidente da Portuguesa, em 1994, Manoel Gonçalves Pacheco precisava sentar e conversar a renovação de contrato de Dener. Astro do time, ele já era quem mais ganhava no clube. Dener sentou e colocou seu preço. Na época, segundo Pacheco, era um valor que correspondia a uns R$ 100 mil reais - um salário de craque consagrado do futebol brasileiro, não de um garoto, craque sim, mas ainda somente promissor e que causava muitos problemas no Canindé.

- Por aquele valor, eu pagava o salário do plantel inteiro. Era um valor muito significante para 1994. E eu então falei para ele. "Olha, Dener, tudo bem. Eu vou fazer o seguinte: "vou lavrar numa escritura de doação o nosso estádio e não tem problema. Você fica conosco e você fica sendo o dono disso tudo aqui"" - recorda o ex-presidente, brincando. - Era impossível segurar o Dener na Portuguesa. Não havia condição financeira.

Rei do camarote

Antes de despontar como jovem promessa do futebol brasileiro e parar no Vasco, Dener já gostava muito de escola de samba e do Salgueiro, a sua preferida. Com a família, ele viajou num fim de semana e foi para a quadra da vermelha e branca da Tijuca.

- A gente estava lá na quadra e ele ficava olhando para cima, para a bateria. E dizia: “Tia, eu quero subir lá”. Tanto ele fez que, quando estava subindo, quase lá em cima, um segurança o tirou. Depois, quando estava no Vasco, um dia ele me liga: “Tia, você não sabe onde estou: estou aqui no camarote do Salgueiro. O pior você não sabe: o presidente da escola me anunciou e a bateria virou para tocar só para mim”. Ele ficou realizado! - lembra a tia Vanda.

Um mimo e tanto

Dener mandava prender, soltar, fazia chover e aparecer o sol no Canindé. Não foram poucas as vezes em que a direção da Lusa se sujeitou aos caprichos do pequeno camisa 10. Um deles quem viu de perto foi Zé Roberto, hoje no Grêmio.

- Lembro que numa negociação para renovar contrato ele pediu um carro de luvas. Só renovava se dessem um Mitsubishi, aquele Eclipse, um carro que poucos tinham no Brasil na época. Enquanto não apareceu o carro dele no estacionamento do clube, ele não jogou, só treinava. Até que compraram e deram para ele - recorda o atual jogador do Grêmio.

O Mitsubishi Eclipse branco, de placa DNR-0010 (com as consoantes e a camisa que o jogador usava), era o carro que Otto Gomes de Miranda dirigia e que matou o craque há 20 anos.

A marra do craque

Com jeito de menino de rua dentro e fora de campo, Dener sempre foi abusado. Sinval recorda que eles andavam pelo Centro de São Paulo e o amigo esbarrava nas pessoas no sinal de propósito. Para quem respondesse, Dener fazia cara de mal e logo espantava um possível agressor (“Ele metia medo até nos policiais, era terrível”). Outra marca de Dener era a autoconfiança exagerada com a bola no pé.

- Estava na arquibancada naquele golaço contra a Inter de Limeira. Nunca esqueço porque soube da gravidez da minha mulher naquele dia. Quando acabou o jogo, falei com ele: “O que você fez, hein!?” E ele com aquela marra: “Deixa de ser bobo, está espantado por quê? Cansa de me ver fazer isso todo dia” - lembra, aos risos, o ex-atacante Sinval.

Queda de moto

Na véspera de enfrentar o Palmeiras, no Paulistão, Dener resolveu dar umas voltas de moto.

- Ele estava indo para o Canindé, caiu, se ralou todo e ficou fora do clássico. A imprensa caiu matando, chamou de irresponsável, aquela coisa toda. Mas era um jeito de moleque, de travessura mesmo, que não dava para tirar dele - recorda Tico, ex-companheiro na Lusa.

Dedo no olho

Taquá, amigo do início no futebol de salão de Dener, com quem jogou no Vila Maria, entre outros times na quadra, lembra de um jogo difícil e de uma solução criativa e nada convencional que Dener encontrou para resolver uma partida no Campeonato Paulista Infantil.

- A gente era muito pequeno, ele tinha 13 anos e enfrentamos um time que era melhor do que o nosso. Eles tinham um cara, nunca esqueço o nome, Rodolfo, jogava demais. Num lance normal, ele enfiou os dois dedos nos olhos do garoto. O médio e o indicador. Tirou o cara do jogo e vencemos a partida. Ele era baixinho daquele jeito e muito malandro.

Choro antes da final

Dener tinha por volta de 15 anos e jogava um dos torneios mais concorridos, um intercolegial que reunia mais de 300 escolas de São Paulo, a Copa Danup. A final entre o Colégio Bilac e o Objetivo era no fim de semana, mas o treinador Angelo “Buzina” também era técnico do Banespa, time que disputava a liga principal.

- A gente se concentrava para o jogo. E avisei a todos os garotos que não poderia estar na final, que meu assistente ia comandar o time. Ele pediu a palavra, me interrompeu e perguntou: “Você não vai estar com a gente na final?”. Respondi que não. Ele levantou, começou a chorar e foi para o quarto arrumar as coisas dele para ir embora. Depois de muito esforço, conseguimos convencê-lo a jogar. No jogo, ele fez o gol do título na prorrogação.

Suspensões e acusação

O garoto Dener não era fácil. Uma vez foi acusado de furtar um relógio no vestiário do Vila Maria. Ele foi afastado e ficou suspenso do time por um tempo.

- Mandamos ele embora, mas precisávamos dele. Ele disse para a gente que não tinha sido ele, que tinham colocado no bolso dele. Perdoamos - lembra Vlad, técnico do Vila Maria.

Tesoura na meia

Nos tempos de Leão no comando da Portuguesa, Dener já era uma estrela em ascensão. Mas o temperamento provocava situações, no mínimo, perigosas.

- Num treino, um cara deu uma porrada nele. No outro dia, ele apareceu com uma tesoura na meia. Queria enfiar no pescoço do cara. Eu o tirei do treino - lembra Leão.

Sonho são-paulino

Torcedor do Tricolor Paulista, Dener sumiu da Portuguesa ainda antes de chegar no profissional. Ele e o amigo do futebol de salão Taquá tinham sido convidados pelo treinador Cilinho para ir para o campo no São Paulo. A Portuguesa não liberou, pediu muito alto pelos garotos, mas, ainda assim, Dener desapareceu e foi encontrado dias depois… no refeitório do São Paulo. Mário Fofoca, conselheiro e ex-dirigente da Lusa já falecido, o encontrou em terreno são-paulino e o levou de volta para a Portuguesa.

Rumo à Bélgica

Eldorado dos brasileiros no início dos anos 1990, a Bélgica seria o destino de Dener e do atacante Sinval logo após a conquista da Copa SP de 1991. Craque da competição de juniores, Dener recebia uma premiação maior e queria o mesmo valor para o atacante, que havia sido artilheiro da Copinha - Dener fez 9 gols, Sinval, 10. Com a negativa, eles fingiram que estavam indo para a Bélgica.

- Até existia interesse, mas não era nada oficial. Na época, a molecada ia muito para a Bélgica, que roubava jogadores. Fomos para o aeroporto em Cumbica, mas sem passagem, sem nada. O presidente da Portuguesa mandou um motorista nos buscar e disse que ia pagar o que a gente queria.

Quem é o veterano?

Na estreia do Dener, com apenas 18 anos, no estádio Olímpico, o garoto entrou no segundo tempo e, com o apito final, foi até o veterano lateral Alfinete e pediu para trocar de camisa.

- O Dener ameaçou tirar a camisa, então o Alfinete tirou a dele e passou para o garoto. Ele disse: “Poxa, estou estreando hoje, sou do juvenil ainda, não tenho dinheiro, se te der a camisa vou ter que pagar 500 paus em outra”. Alfinete olhou para os cornos dele, riu e foi embora - conta Antônio Lopes, que lançou Dener nos profissionais.

O susto no primeiro pique

Recém-chegado ao Vasco, Dener foi para o primeiro dia de treinos na Granja Comary. Na avaliação física, os jogadores deveriam dar voltas no campo, de 1000 metros ao todo. Dener saiu em disparada nos primeiros 100 metros…

- Rapaz, quando a gente viu aquilo, falamos: esse homem vai para as Olimpíadas. Era impressionante a velocidade. Mas aí foi para os outros 100 metros e não sabia que era para dar volta. Ele foi indo e quando passou dos 200 metros caiu no chão, desmaiado, passando mal. Foi aquela gargalhada de todo mundo - lembra Ricardo Rocha, zagueiro do Vasco em 1994.

Ramon, moeda muito cara

Em meio à batalha judicial entre Vasco e Portuguesa, os dirigentes da Lusa, cansados da briga, botaram o olho em Ramon Menezes, meia que seria campeão da Libertadores em 1998 pelo clube carioca. A indenização pela falta do seguro de vida que o Vasco não fez para Dener seria resolvida com a transferência de Ramon. Os dirigentes vascaínos concordaram com o negócio, porém a Lusa se assustou com um obstáculo: o salário do jogador. O meia recebia quase R$ 100 mil - valor que ainda é alto hoje, mas à época representava um dos maiores vencimentos do futebol brasileiro. Resultado: Ramon ficou no Vasco.

Dener, o costureiro

Dener Pamplona era o nome de um famoso costureiro, falecido em 1978, considerado um dos pioneiros da moda no Brasil. Foi em homenagem ao estilista que Vera Lúcia colocou o nome do filho. À época, a família contestou o nome, lembrando que o costureiro era “afeminado”.

- Eu era fã número 1 do Dener, imaginava aquela vida deslumbrante para a gente. Mas todos riram quando falei o nome. Então, peguei e falei: vai ser Dener Augusto, para ganhar um título de honra, de grande, de herói.

Morte de namorada

Dener quando chegou ao Rio deu entrevistas contando que tinha três filhos e lembrando que sustentava a família, inclusive a mulher Luciana Gabino. Mas deixava claro: “Sou solteiro”. Namorador, Dener colecionava histórias nas noitadas. No Rio Grande do Sul, meses antes de morrer, ele conheceu Lizandra, uma bonita loura - seu tipo de mulher preferido - gaúcha. Mas ela seria atropelada por um carro desgovernado no carnaval de 1994 em Porto Alegre. Amigos contam que Dener ficou muito abalado com a morte da namorada.

- Ele não sabia o que fazer. Psicologicamente, sentiu muito, até para jogar foi ruim. Foi triste para caramba - lembra Maurício, que conheceu Dener na Portuguesa em 1991 e depois permaneceu amigo do craque.

“E aí, seu prego?”

Abusado, atrevido e de gênio complicado, Dener era descrito também como uma pessoa de coração enorme. O zagueiro Juarez, recém-promovido da base da Portuguesa, começava a se destacar no time principal. Mas seu contrato estava próximo de acabar. Com intimidade e uma boa dose de ousadia, o craque chamou desta maneira o presidente do clube na época:

- Ô, seu prego! Vai resolver o contrato do garoto, não? Resolve logo, seu prego!

O reizinho e o príncipe

Dener e Edinho, filho de Pelé, se conheceram numa partida de aspirantes entre Portuguesa e Santos. Na época, o torneio de aspirantes era realizado paralelamente ao Campeonato Paulista, e mesmo os principais jogadores dos clubes grandes, quando estavam suspensos, defendiam suas equipes nos aspirantes. A Portuguesa venceu por 2 a 1, mas Dener nunca fez gol em Edinho. Dali, saíram para comer uma pizza e se tornaram grandes amigos. O filho do Rei lembra do último contato com Dener, que se fez praticamente um aviso.

- No domingo à noite, antes de ir embora, ele me ligou. Foi uma coisa assim fora do normal, esse contato, tarde de um domingo. Ele disse: “E aí, negão, tudo certo?”, “Tudo certo, neguinho. E aí?”, “Tô voltando para o Rio, mas só liguei para falar que te amo”. “Pô, neguinho, também te amo… que conversa é essa, tá louco?”, “Não, não, pô, tu sabe disso, te amo”. Na hora a gente não dá muito atenção para o que aconteceu, mas em retrospectiva não tem como não interpretar isso como um presságio, uma premonição. A maneira como ele se dirigiu a mim naquele dia, parecia muito claramente que ele já sabia, que estava se despedindo.


Maurício - ex-ponta-direita, jogou na Portuguesa no início dos anos 1990

- Era fantástico, um craque. Tenho no meu coração dois jogadores: Mané Garrincha e ele, Dener, que vi de perto. Ele driblava todo mundo como se fosse uma folha, impressionante.

Ricardo Rocha - ex-zagueiro, jogou no Vasco em 1994

- Era do nível dos maiores atacantes que vi jogar, de Romário, Bebeto, Careca. Tudo dele era muito extraordinário, quando ele fazia jogadas dele. Coisas de gênio, de fora de série. Quando era dia dele, era sempre o melhor em campo.

Sinval - ex-atacante, era do time campeão da Copa SP de juniores de 1991

- Dener driblava para frente, com velocidade incomum. Aliás, ele não driblava, simplesmente desviava dos caras. Uma época, cismaram de falar que o Robinho era igual. De maneira nenhuma. Nem Neymar, Dener fazia menos firula, era mais objetivo, mais participativo.

Pepe - ex-ponta-esquerda e técnico da Portuguesa em 1993

- Era um dos que mais se aproximavam da bola que Pelé jogava. Seguramente está incluído entre os cinco melhores atacantes que eu vi jogar, junto com Pelé, Eusébio e Puskas. Dener está nesse rol.

Edinho - ex-goleiro e amigo de Dener

Era um acúmulo de tudo que a gente tem de bom no nosso futebol. A velocidade e a habilidade do Neymar, a malandragem e a malícia do Ronaldinho Gaúcho, a eficiência e a objetividade do Ronaldo. Era matador, fazia gol, mas também dava espetáculo, vinha articular no meio, levantava a cabeça, dava passe para gol.

Wladimir Huerta - técnico de Dener no futebol de salão do Vila Maria

No primeiro teste que fizemos, ele fez quatro gols, acabou com o treino. Era magrinho, pequeno, tinha 11 anos, mas já era fora de série, era fatal.

Tico - ex-ponta-direita, jogou no time da Portuguesa campeão da Copa SP de 1991

Era desconcertante, era natural. Gostava de colocar debaixo da perna e tinha um drible que parecia que ia sair do mesmo lado, mais ou menos como Garrincha: fingia que ia para um lado, saía para o outro. O cara podia até saber que ele ia, mas não pegava, não dava tempo.

Zé Roberto - meia, era da base da Portuguesa nos tempos de Dener

Cada toque, cada momento que ele pegava na bola acontecia algo diferente. Ficava vidrado de vê-lo jogando. O diferencial para os demais grandes jogadores que vi eram os dribles com pura ginga. Ele já tirava o marcador do lugar, às vezes sem tocar na bola. E já saía com a bola dominada para frente. Saí da lateral para o meio de campo por causa dele.

Leão - ex-goleiro, técnico da Portuguesa no início dos anos 1990

Foi um dos melhores talentos que tive nas mãos. Era superior ao Robinho, poderia ser melhor ou igual ao Neymar. Mas era o mais fragilizado fora do campo para reunir problemas.

Écio Pasca - ex-meia, técnico da Portuguesa campeã da Copa SP de 1991

Tinha característica do Pelé no arranque, tirava dois já quando pegava a bola, como fazia o Pelé. Neymar é grande jogador, mas não tem o toque refinado do Dener. Ele foi o segundo maior que vi jogar.

Jair Pereira - técnico do Vasco em 1994

Se ele realmente tivesse se preparado, iria para a Seleção. Talvez fosse titular em 1994. Podia ser atacante, meia-atacante. Era agudo, chegava e chegava bem, com técnica, equilibrado, chutando bem, com as duas pernas.

Luisinho - ex-volante, jogou no Vasco nos anos 1990

Num jogo contra o Fluminense, ele faz uma jogada que dá um drible no fim, o cara sai para o lado errado, não aguentei, dei uma risada. Parte em direção ao gol, pega a diagonal, entra na área, dá uma balançada para o meio, sai quase no meio de campo para me abraçar e ele desconcerta o cara.

Edmundo - enfrentou Dener pelo Palmeiras

Nascemos no mesmo dia, no mesmo ano, viemos da mesma geração. Era um cara que tinha uma alegria na hora do futebol, uma alegria de viver, que infelizmente nos deixou precocemente tirando essa alegria de dentro dos gramados. Sinto muita falta dessa pessoa, desse atleta sensacional.

Otacílio Gonçalves - técnico da Portuguesa nos anos 1990, auxiliar de Falcão na Seleção

O principal nele eram a agilidade e a velocidade. Antes de o marcador se preparar para dar o bote, ele já passava.

Angelo de Carvalho, o Buzina - técnico do Bilac e do Banespa dos fim da década de 1980

Trabalhei com Falcão, com Sandrinho, com Taquá. Dener era diferenciado demais, isso que o levou para o campo. Raciocínio rapido, um poder de decisão, chamava para ele, tinha personalidade e adorava dificuldades. Conseguia através da qualidade técnica resolver a maioria das situações que acontecia.

Arnaldo Faria de Sá - presidente da Portuguesa nos anos 1990

Só tinha um defeito: não sabia chutar. O drible ele trouxe do futebol de salão. Ia driblando até a área, mas não sabia chutar.

Cristóvão - técnico, ex-jogador da Portuguesa do início dos anos 1990

Era muito franzino, demais, mas tinha força, técnica, habilidade e era muito rápido. Não vi jogador igual a ele. De assistir ao vivo e jogar junto, eu não vi. Ele era o Neymar da época.

Antônio Lopes - técnico de Dener na Portuguesa em 1989, na estreia do garoto

Ninguém sabia o que ele podia fazer com a bola. Não repetia as jogadas, jogava para cacete. Para mim, foi um gênio do futebol.

Falcão - um dos melhores de todos os tempos do futsal, enfrentou Dener no salão

Joguei uma vez junto e umas cinco vezes contra. Já era um fenômeno. Comparo o Dener com o início do Neymar, a característica do drible sempre na direção do gol. Teria jogado duas Copas do Mundo, tranquilamente.

Neto - jogador do Corinthians nos anos 1990

O melhor que já enfrentei foi Edmundo. Mas Dener tinha um pouco de Edmundo, de mim, do Serginho Chulapa. Jogador louco. Se jogasse hoje, seria melhor do que o Neymar. Jogava mais do que o Neymar.


Série especial

O GloboEsporte.com encerra neste sábado um especial para lembrar Dener e um webdoc sobre vida e morte do craque. Depoimentos de amigos, família, ex-companheiros e técnicos. Casos dentro e fora das quatro linhas. Dribles e polêmicas. A história interrompida ainda nos seus primeiros capítulos.

Fonte: GloboEsporte.com