Valdir Bigode relembra decisões contra o Urubu e fala sobre a decisão de 2014

Terça-feira, 08/04/2014 - 13:47
comentário(s)

Valdir Bigode chegou perto. Foi titular, fez gol, mas viu seu Vasco perder a última final que disputou do Campeonato Carioca para o Flamengo, em 2004. Dez anos depois, o agora aposentado atacante será mais um na torcida pelo Cruz-Maltino, de novo contra o seu maior rival. Confronto em que o oponente tem levado a melhor nos últimos anos, desde a última conquista vascaína, do herói Cocada em 1988. Mas nada que tire a esperança do ex-jogador. Confiante, ele acredita no fim de jejum de 26 anos e, para isso, manda um recado aos atletas: deixar o histórico desfavorável de lado.

- Esqueça o passado. Esses jogadores que estão no Vasco hoje não têm nada a ver com o passado. A maioria está aí há um ano, ou menos. A cabeça desses caras é outra. O passado foi uma parte minha, uma parte do outro jogador, vários. Eles estão no presente. Têm que pensar só nisso. São outras partidas, outros jogadores. Estão concentrados nisso. A gente tem aí agora, eu estou fora, como torcedor, uma grande oportunidade que o Vasco pode ser campeão novamente.

Valdir ainda guarda o trauma daquela final. Na ocasião, abriu o placar para o Cruz-Maltino, mas no segundo tempo Jean marcou três vezes para o rival e deu números finais à partida. Ele conta que o clima de rivalidade é ensinado desde as categorias de base dos clubes e que por isso ninguém gosta de sair derrotado, o que causou por vezes jogadas mais violentas.

- (O sentimento) É o pior possível. O que aprendi em São Januário é que você não deve perder nunca para o Flamengo. Hoje eu convivo até com uns ex-jogadores do Flamengo, principalmente aquela garotada que jogou juvenil e juniores comigo, e era mais ou menos a mesma história: gente, esse é o jogo chave, é meio campeonato. Por isso esse tempero a mais. Todos os jogos que fiz contra o Flamengo foram uma queda de braço muito dura. Empurrões, tapa daqui, dali, queria ganhar. Você vê, nesse jogo eu também fui expulso. Se não me engano já estava 3 a 1 e teve um problema lá. Os nervos ficam à flor da pele, não tem como segurar. Não deu na bola, vai no tapa mesmo - alegou o ex-atacante, que apesar de não ter levado a melhor naquela decisão, garante ter vencido mais vezes o clássico do que perdido.

- Se for contar o número de jogos, eu estaria um pouquinho na frente (no número de vitórias). E também fiz alguns gols importantes contra o Flamengo. Aquele negócio de que o Flamengo ganhou mais, que o Vasco é vice... Uma história que estão inventando, não é uma verdade.

Para o segundo jogo da final, o vascaíno não vê a vantagem do Flamengo de jogar pelo empate como fator relevante. Ele cita como exemplo os confrontos da semifinal contra o Fluminense, que tinha o mesmo benefício, mas acabou eliminado pelo Cruz-Maltino.

- Eu vejo o seguinte. O Flamengo tem uma vantagem, que também não quer dizer muita coisa. Se eles não souberem jogar... Idêntico ao Fluminense. Bobeou e perdeu a vantagem. O Vasco foi lá, jogou, pegou mais, marcou mais. Foi corajoso, foi à frente e liquidou a partida. E vai jogar dessa mesma forma e vai conseguir ser campeão - apostou Valdir, que vê nos artilheiros do Carioca Edmílson e Alecsandro como figuras que podem decidir o título.

Mesmo sem lembrança, Copa Rio de 1993 é exaltada

Último título do Vasco sobre o Flamengo, a Copa Rio de 1993 ficou esquecida do público e também foge à memória dos próprios jogadores. Valdir Bigode esteve naquela decisão, jogou a primeira partida (ficou fora da finalíssima) e marcou um gol na vitória cruz-maltina por 2 a 0. Mas para relembrar o feito foi preciso ver os vídeos. Nada, porém, que diminua a importância da conquista para o então atacante, que tinha 21 anos na época.

- Se você fosse me perguntar e não me mostrasse aqui os vídeos, eu não lembraria, até porque já tem 20 anos, muito tempo. “Ah! não vale nada”. Aí ganhou... Ganhou e vale muito! O Vasco ganhou. Se é o Botafogo, o Flamengo ou o Fluminense ia estar valendo também. Foi uma taça, foi do jeito que foi, mas foi uma taça. No juvenil não vale o título? Profissional também vale? Tinha quantas pessoas no estádio? Tinha mil? Duas mil? Não interessa! Vale o título! Está lá, computado para nós! Acredito que se tivesse sido o Flamengo, eles estariam marcando, entendeu? Está ali a taça, levantamos a taça, mais um título para nós.

Criada pelo ex-presidente da Federação do Rio, Eduardo Viana, a Copa Rio não foi aprovada pelos grandes. O torneio, inchado, reuniu 26 clubes no total e se dividiu entre Grupo da Capital e Grupo do Interior. A final entre Vasco e Flamengo - que utilizou reservas nos dois jogos por disputar simultaneamente a Supercopa e o Brasileiro, tendo que atuar seis vezes em oito dias - foi realizada em Moça Bonita, com menos de três mil torcedores presentes. Valdir admite que o título hoje não teria tanta emoção para ele, mas que na época foi importante para muitos jovens que estavam em início de carreira no Vasco.

- Se fosse hoje, eu mais velho, não teria tanta emoção. Porque eu já teria passado por tantas coisas. Do jeito que foi ali, seria ruim. Mas naquela época, início de carreira, foi fantástico, maravilhoso. Ganhei notoriedade nas ruas, ganhei um melhor contrato. Fiz um gol na final. Está lá, está marcado. Entre outras coisas que somaram para que eu pudesse me tornar um jogador de um nível bom. Um jogador para jogar só em time grande, como joguei - enalteceu.

Fonte: GloboEsporte.com