Vasco tem o 2º ingresso médio mais caro do Estadual: R$ 33

Domingo, 30/03/2014 - 09:24
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Brasil afora, os Campeonatos Estaduais têm uma lógica curiosa: conforme avançam, as competições têm cada vez menos público. Restam as finais para tentar salvar a situação. Mas o diagnóstico é de uma crise de dimensões nacionais. Nos principais estados do país, os clubes grandes jogam para públicos indignos de suas tradições. Fórmulas mirabolantes, excesso de jogos, descrédito das competições, preços altos, o agravamento da violência, enfim, motivos não faltam. Demoradas são as soluções.

Não parece justo dizer que o torcedor abandonou os clubes. Abandonou, isto sim, a forma como são conduzidos os Estaduais de hoje. O Rio Grande do Sul é um exemplo. Pela Libertadores, o Grêmio levou 33 mil pessoas à Arena no jogo contra o Nacional de Medellín e pôs 43 mil pessoas no estádio no duelo com o Newell’s Old Boys. No entanto, no Campeonato Gaúcho, a realidade é outra. Na fase de classificação, o time teve média de 8.650 torcedores por partida. O público voltou a crescer na semifinal, quando 22 mil pessoas viram a vitória sobre o Brasil de Pelotas.

Já o Internacional é um retrato da lógica de que as competições arrastadas têm causado fastio no torcedor. O colorado, que sofreu com a falta de estádio em boa parte do campeonato, tem atraído públicos baixíssimos a Novo Hamburgo, onde mandou a maioria de seus jogos. Teve média pouco superior a 4 mil pessoas por partida na fase de classificação. Na semifinal diante do Caxias, o público foi inferior: apenas 2.809 pessoas.

Em Minas Gerais, Cruzeiro e Atlético-MG têm médias pouco inferiores a 10 mil pessoas por jogo, incluindo-se aí as partidas de ida das semifinais. Nelas, no entanto, o público também ficou abaixo do padrão no restante do campeonato. O Atlético-MG goleou o América por 4 a 1 diante de 7.943 pagantes, cerca de 2 mil pessoas a menos do que a média do clube na competição. O Cruzeiro venceu o Boa Esporte diante de 3.308 pessoas, um terço de sua média no torneio.

No Campeonato Paulista, com média de 5.600 torcedores pagantes por jogo, os quatro clubes grandes ainda conseguem números razoáveis, embora distantes do desejável. O Corinthians, que teve média de público de 22 mil pessoas no último Paulista, viu o número cair a 15 mil em 2014. Claro que a campanha ruim pesou. O time sequer ficou entre os oito classificados para a segunda fase. Só que, mesmo assim, o clube foi líder de público da competição. O Palmeiras, segundo colocado, teve pouco menos de 13 mil pessoas pagantes de média.

Em São Paulo, ao menos, a fase final parece atrair mais público e evidenciar um interesse crescente pelo campeonato. Diante do Bragantino, pelas quartas de final, o Palmeiras levou 24 mil pagantes ao Pacaembu. O Santos, outro grande classificado para a semifinal, levou 10 mil torcedores ao jogo contra a Ponte Preta, já pelo mata-mata. Sua média na competição era de quase 7 mil pessoas. O São Paulo, eliminado pela Penapolense, praticamente dobrou seu público em relação à média no restante da competição: foram 17 mil pagantes na derrota, nos pênaltis, no Morumbi.

A situação no Rio de Janeiro é inversa. Conforme o Estadual se aproxima do fim, os números se tornam ainda mais desoladores. O Flamengo tem média de 4.686 pagantes, contra 1.671 do Botafogo, 3.485 do Vasco e 4.988 do Fluminense. Com ingressos mais baratos do que os rivais, o tricolor é quem leva os melhores públicos quando os jogos são no Maracanã.

Hoje, no segundo jogo da semifinal entre Flamengo e Cabofriense, a expectativa é de um Maracanã novamente vazio. O rubro-negro tem enorme vantagem para avançar à final, e os ingressos passaram de R$ 60 para R$ 80, na direção contrária da lógica estabelecida pela relação oferta e procura. O Flamengo tem o ingresso médio mais caro do Carioca: R$ 40. O Fluminense tem valor médio de R$ 26, contra R$ 31 do Botafogo e R$ 33 do Vasco.

As semifinais foram o retrato de uma fórmula esgotada. O Flamengo jogou para 3.625 pagantes, ou seja, mil pessoas a menos do que sua média num campeonato em que chegou a atuar para 375 pessoas, em partida contra o Bonsucesso.

Quase um Maracanã

Todos os sete clássicos já disputados na competição somaram 83.389, menos de quatro mil pessoas a mais do que a capacidade total do novo Maracanã. A média é de 11.912 pagantes. Levando em conta só a fase de classificação, a média foi de 12.235 pessoas nos clássicos. No entanto, Vasco x Fluminense, na abertura da semifinal, levou apenas 9.976 pagantes ao Maracanã.

A tendência de afastar o público conforme a competição vai “cansando” o espectador não é nova. O grande número de partidas contra pequenos, muitas delas sem grande importância, cobra seu preço. Em 2010, no último Estadual antes do fechamento do Maracanã, a tendência já era observada. O Flamengo, tradicionalmente dono dos maiores públicos, teve médias de 16.587 pessoas no primeiro turno e 8.454 no segundo. Como registro, vale lembrar que a média no primeiro turno de 2010 é mais do que o triplo da atual. A do segundo turno é quase o dobro.

Os 5 menores públicos dos grandes no Carioca 2014:

308 - Botafogo x Nova Iguaçu, em 22/3
375 - Bonsucesso x Flamengo, em 5/3
456 - Botafogo x Bonsucesso, em 13/2
481 - Audax x Botafogo, em 6/3
608 - Flamengo x Bangu, em 16/3

Fonte: Globo Online