Clássico teve tumulto, vaia a jogadores e torcidas relembrando rebaixamentos

Sexta-feira, 28/03/2014 - 11:03
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Empate dentro de campo, igualdade fora dele. Se os jogadores ficaram no 1 a 1, as torcidas de Vasco e Fluminense repetiram o mesmo ritual nas arquibancadas e ruas do entorno do Maracanã no primeiro jogo da semifinal do Carioca. A noite de quinta-feira foi de briga, provocação e um inusitado "duelo de rebaixados" - o apoio e a vibração ficaram em segundo plano. Ingredientes que, certamente, estarão presentes no domingo, dia em que um dos dois clubes se credenciará para disputar a final e o outro amargará uma eliminação seguida de recesso até a retomada da Copa do Brasil.

O pré-jogo era tranquilo, embora a preocupação das forças de segurança do Rio de Janeiro - havia temor de repetição dos incidentes do último dia 16, data do confronto entre Gigante da Colina e Tricolor, pela primeira fase, no qual uma confusão terminou com oito detidos. O policiamento foi reforçado e permitiu que o público chegasse em tranquilidade ao estádio. Até que...

Minutos antes das 21h, horário de a bola rolar, vascaínos de uma organizada invadiram o espaço destinado à torcida tricolor na Rua Eurico Rabello. A tentativa de briga foi impedida pelo Choque da Polícia Militar, que usou gás lacrimogêneo e balas de borracha. Houve correria nas arquibancadas: quem estava dentro queria ver a confusão de fora.

A tensão mudou de endereço. Os gritos de guerra e provocações normais entre rivais no futebol tinham um ar belicoso. E só não foram maiores por causa do baixo público - apenas 9.976 torcedores pagaram ingressos (12.715 presentes), algo a desejar para um clássico decisivo. A comparação com o da primeira fase comprova: 17.248 haviam assistido ao clássico anterior.

Com a bola rolando, Fred foi o jogador mais perseguido pelos vascaínos. Os tricolores pegaram no pé de Guiñazu, o homem que marcava e cometia faltas em Conca. Tanto que vibraram como se fosse um gol quando o volante argentino levou amarelo, por falta em Diguinho. O primeiro tempo não teria grandes registros além do apoio aos times.

Perseguidos levam vaias: Fellipe Bastos e Bruno

Bruno fazia boa partida. Controlava os avanços de Everton Costa, atacava buscando servir a Walter e Fred. Bastou errar um cruzamento para ser vaiado. A perseguição da torcida tricolor repetiu-se na do Vasco, que repudiou um jogador antes mesmo dele entrar em campo: Fellipe Bastos. Foi Adilson Batista chamá-lo para os "buuu" e "burro" virarem o coro.

- Acho que eles (torcedores) ajudaram. Sobre a vaia para mim ou para o Fellipe, estamos acostumados. Quando o André sentiu uma dor no jogo após um choque, tive que improvisar o Pedro Ken na lateral, onde ele já tinha ido bem em outra partida. Preferi o Fellipe ao Aranda pelo chute, pela virada de jogo, por chegar mais ao ataque. As vaias eu relevo – disse Adilson após o jogo.

Vibração de um, troco de outro

O desequilíbrio no embate das torcidas aconteceu com o gol de Fred, que deixou o Fluminense na frente. A torcida do Vasco se calou por alguns minutos. Só se ouvia os tricolores.

- O Fred vai te pegar! – davam o troco às provocações do começo da partida.

Pois o gol de Thalles igualou novamente e fez a torcida cruz-maltina sonhar.

- O Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor...

Ficaria no 1 a 1 mesmo.

Duelo incomum: quem caiu mais?

À medida que a definição do finalista se encaminhava para o jogo de domingo, as torcidas voltaram a se provocar. E o rebaixamento foi o tema escolhido. Os tricolores lembraram da recente queda do Vasco à Série B no ano passado – a segunda na história após a de 2008.

- Ão, ão, ão, segunda divisão!

O troco não tardou a vir. Os vascaínos usaram a seguinte resposta.

- Terceira divisão! Ão, ão, ão! – recordando a queda à Série C do rival em 1999.

E assim foi o final do jogo. Com correria nas arquibancadas de seguranças e policiais militares, afinal, havia o temor de novo confronto nas ruas. O que não se confirmou.

Fonte: GloboEsporte.com