Em 1972, chefe da Fúria Vascaína de Niterói protegia integrantes da torcida

Sábado, 07/09/2013 - 10:41

O Chefe da Torcida é vigia e zelador do Clube Líbano Fluminense.

Seu nome: Ivanildo Santana, mas todo mundo o conhece por Vasco.

São mais de 70 torcedores, inclusive garotos.

Nos dias de jogos, eles se reúnem no próprio Clube. Ali ficam guardadas as bandeiras, faixas e instrumentos.

O nome do grupo é Fúria Vascaína de Niterói.

E veio ao Estádio disposta a qualquer negócio. Ivanildo explica.

“É que nós recebemos um bilhete do chefe da Torcida Jovem Flu do Fluminense. O bilhete dizia que nós íamos começar a apanhar na Barca. Engraçado, Né? Eles pensam que nós somos o que? Estamos ai, decididos e dispostos ao que der e vier."

A Fúria Vascaína de Niterói, chegou ao Maracanã quando faltavam dez minutos para as duas horas. Não trouxe as bandeiras, faixas e instrumentos, porque o grupo veio meio desfalcado. De mais de 70 integrantes, compareceram uns 20, mais ou menos. Outra coisa: apenas Ivanildo veio vestido com a camisa do Vasco.

“Olha, amizade. Parece que o pau vai cantar feio. Como não quero que ninguém do meu grupo apanhe, eles vieram sem camisa do Vasco para não serem identificados.”

Amaro de Icaraí, confirma as palavras de Ivanildo e diz mais:

“Ele assume qualquer responsabilidade que se relacione ao nosso grupo. Não faz muito tempo foi preso aqui no Estádio. A polícia ia levar outro rapaz, mais Ivanildo criou o maior caso e foi preso no lugar do rapaz.”

Do grupo, o mais animado e confiante era Ivanildo.

“Deus é Vascaíno. Já demos de cinco no Santos, por que não poderemos dar no Botafogo?”

Geralmente, eles ficam juntos com a Força Jovem. Para reunir o pessoal, Ivanildo diz que é o maior problema:

“Tem uns que são espírito de porco. São do contra. A gente fala uma coisa e eles nunca concordam. É o caso do Russo. Não sei o nome dele, não. Conheço apenas como Russo. É descendente de italiano e tem um nome muito complicado.”

Solteiro, sem nenhum compromisso, “a não ser com o Vasco”, Ivanildo, antes de começar o jogo, pode ser encontrado no Bar 320, das arquibancadas, tomando a sua cervejinha.

Ele sempre para ali, mas só ontem foi descobrir que Silva, o garçom, não tem nada de Vascaíno. É botafoguense:

“Puxa, que decepção. Então você estava de conversa fiada com a gente, Né? Fazendo média.”

Mas nem por isso, Ivanildo vai deixar de continuar tomando sua cervejinha.

Fonte: Jornal O Globo 24 de Julho de 1972



Fonte: Blog Torcidas do Vasco