Rio de Janeiro é o estado onde lei de gratuidades é mais abrangente

Segunda-feira, 12/08/2013 - 11:28

Em tempos de aumento das receitas por conta das bilheterias nos estádios da Copa do Mundo-2014, os clubes cariocas enfrentam no número excessivo de gratuidades um vilão na hora de contabilizarem os lucros.

Diferentemente dos outros estados que sediam partidas da Série A do Campeonato Brasileiro (veja o infográfico), o Rio de Janeiro tem leis que garantem acesso gratuito a pessoas com idade acima de 60 anos, crianças de até 12 anos e portadores de necessidades especiais.

Após cinco jogos disputados no Maracanã (o borderô do Fla-Flu não foi divulgado até o fechamento desta edição), o estádio recebeu 169,757 mil torcedores. Deste montante, 42,584 mil pessoas passaram nas roletas do Maracanã sem deixar um centavo sequer para os clubes. Levando-se em consideração um ingresso médio de R$ 80, as perdas alcançam R$ 3,4 milhões.

Segundo estimativas feitas pelo Fluminense, o clube já teve uma perda que varia entre R$ 120 mil R$ 300 mil com o cenário de gratuidades no estado. O cálculo levou em consideração o tíquete médio e ocupação média do Tricolor no Maracanã no período pós-reforma.

– O problema é não termos como montar uma projeção de quantos beneficiários estarão no evento – ponderou o gerente de Arenas do Flu, Carlos Eduardo Moura.

A organização separa cerca de 10% da capacidade do estádio para esse fim, mas como não existe limite enquanto há venda, são emitidos ingressos de gratuidades sem que haja nenhuma interrupção.

A situação desagrada aos quatro grandes e ao Maracanã S.A, grupo responsável pela gestão do espaço. No que depender de iniciativas de políticos fluminenses, a sangria poderia aumentar. Na última quarta, a Comissão de Esporte e Lazer da Assembleia do Rio deu parecer desfavorável ao Projeto de Lei (PL) que pretendia ampliar o benefício para ex-jogadores. Dentre os autores do PL estão os deputados Bebeto e Roberto Dinamite.

Maracanã S.A não polemiza

Grupo vencedor do processo de concessão do Maracanã, o Complexo Maracanã Entretenimento S.A usou de diplomacia para responder sobre o impacto das gratuidades nos lucros obtidos com a comercialização de ingressos no estádio.

Por meio da assessoria de imprensa, o Complexo Maracanã S.A ressaltou que “cumpre rigorosamente a lei, e que não existe nenhum movimento específico da empresa no sentido de pedir que um teto de gratuidades seja colocado”.

Além das entradas sem custo algum previstas pela legislação fluminense, estudantes e professores da rede estadual de ensino têm direito à meia-entrada em eventos esportivos no Rio de Janeiro.



O que pensam os clubes

"No transporte, a gratuidade é paga pelo governo. Só no futebol que ninguém paga aos clubes." - Sérgio Landau, diretor executivo do Botafogo

"A lei afeta pois não especifica o piso e o teto de ocupação para os beneficiários" - Carlos Eduardo Moura, gerente de Arenas do Fluminense.

"A gratuidade não afeta tanto na arrecadação como a meia entrada. Ela acaba diluída" - Cristiano Koehler, diretor geral do Vasco.

A diretoria do Flamengo preferiu não responder aos questionamentos feitos pela reportagem.

Academia LANCE!

Luiz Gonzaga Belluzzo
Economista

Não há como ter receita satisfatória

Os clubes são pressionados constantemente para montar bons elencos e trazer bons jogadores. Para isso, o clube tem que ter receita e se mobilizar para ter receitas cada vez maiores. Hoje a bilheteria é uma fração muito pouco importante na receita do clube. A maior parte desta receita vem da televisão e não é interessante para eles concentrar sua renda em uma fonte só. Acho que tudo tinha que ser uma coisa equlibrada. Não que o idoso ou o menino não possam ter descontos para serem estimulados a ir no estádio, mas existem leis federais que garantem a meia entrada, como o Estatuto do Idoso, que acontece em qualquer espetáculo.

É injusto inclusive com o idoso, o poder público com uma lei assim dá a entender que ele não é capaz de arcar com sequer a meia entrada para assistir a uma partida. Não tem cabimento. O futebol é um meio profissional. Não há como ter uma receita satisfatória de bilheteria com uma lei como essa do Rio de Janeiro. É preciso sim favorecer a entrada deste público, mas não às custas da saúde financeira dos clubes.

Fonte: Lancenet