De dispensável em 2012 a titular em 2013, Abuda credita chance a Wendel

Domingo, 11/08/2013 - 10:04

No fim do Brasileirão do ano passado, praticamente sem chances de chegar à Libertadores depois de lutar pelo título até o fim do primeiro turno, o Vasco era um time de ressaca. Depois de sete rodadas sem vitória, sob uma crise financeira a cada dia maior, a equipe que entrava no estádio Couto Pereira era um rabisco daquela que vencera a Copa do Brasil um ano e meio antes. Mas para Abuda aquele dia 17 de novembro de 2012 foi marcante e mudou sua trajetória. O jogador tinha sido contratado ao Cruzeiro de Porto Alegre (RS) no meio do ano, não havia recebido sequer uma chance para ir ao banco de reservas e já sabia que estava na lista de dispensa do clube. Agora, reencontra o rival em situação semelhante à que viveu.

Graças a Wendel, como ele faz questão de lembrar sempre que se recorda da sua estreia com a camisa do Vasco, o paraense, de Monte Dourado, entrou no segundo tempo do jogo interromperia a sequência negativa do clube com gols de Romário e Nilton. Os primeiros 45 minutos, segundo ele mesmo conta, foram fundamentais para a pequena, mas vital sequência que teve no fim da competição - Abuda foi titular no empate com o Flamengo (1 a 1) e na vitória em cima do Fluminense (2 a 1), que recém-conquistara o títul nacional.

- Eu já sabia que eram os jogos da minha vida. Eu só treinava atrás do gol antes - lembra, aos risos, o tímido Jucimar Lima Pacheco, que ganhou o apelido de Abuda porque o achavam parecido com o outro Abuda que também jogou no Vasco, mas era atacante.

“Atrás do gol” é onde treinam, em balizas móveis, grupos de jogadores que não vão para o banco de reservas e normalmente nem participam do coletivo. O agradecimento que faz a Wendel se explica no gesto do jogador vascaíno. No intervalo, o camisa 77 admitiu que falou para o interino Gaúcho que estava cansado e pediu para ele colocar Abuda em campo.

- Ele (Wendel) tinha combinado comigo. Disse para mim que eu merecia aquela oportunidade. Se hoje estou no Vasco agradeço a ele e a Deus - diz Abuda.

Hoje, ele divaga sobre o seu destino caso não tivesse aquela chance no Couto Pereira.

- Acho que eu ia ser emprestado, sei lá, mas eu já sabia que estava numa lista de dispensa do clube. Não digo que tinha medo (de ir embora), porque sempre acreditei. Sabia que uma hora Deus ia me dar uma oportunidade - acredita.

Abuda ficou. E tem contrato com o Vasco até 31 de dezembro de 2014. Desta vez, a chance não veio por causa de Wendel. O titular deve voltar ao time titular neste domingo e ambos estarão lado a lado. A nova oportunidade apareceu após as lesões simultâneas de Guiñazu e Sandro Silva. Mas o cabeça de área, que ainda luta para se adaptar na posição de primeiro volante (“percebi que havia uma carência ali no Vasco desde a saída de Nilton”, diz), já conta com o afago da torcida há um bom tempo. Em redes sociais, torcedores cobravam e ainda cobram mais chances ao aguerrido jogador. Abuda era titular até a derrota na final da Taça Guanabara para o Botafogo, quando o técnico ainda era Gaúcho. Depois, perdeu espaço e voltou a não figurar nem nas relações para alguns jogos, ainda que, contra o Atlético-MG, sob o comando de Paulo Autuori, tenha marcado um gol no finzinho.

- Eu de vez em quando leio essas coisas. Dizem que depois que saí do time (após a derrota para o Botafogo na final do Carioca) começou a desandar a equipe. Mas eu sempre vou respeitar quem entrar. O técnico decide quem escala e eu continuo lutando para voltar - diz o paraense.

Treino solo nas férias e Alex pela frente

E luta mesmo. Sozinho, se for preciso. Nas miniférias que o grupo recebeu após a eliminação precoce no Estadual, Abuda ia por conta própria para São Januário. Dava corridas no campo, fazia musculação e seguia bem condicionado fisicamente para se armar contra uma nova fase de ostracismo. Mas não é só pelo esforço que ele não curtiu a semana de folga.

- Como não dava para ir para minha cidade, porque Monte Dourado você só chega depois de três dias de barco ou então de avião, eu pedi ao Gilvan (Santos, preparador físico do ex-técnico vascaíno Paulo Autuori) que fizesse uma programação de exercícios para eu ficar treinando - lembra ele, que mora com a mulher no Rio, ainda não tem filhos e não vai ver sua família na cidade natal há um ano e meio.

De volta ao Couto Pereira, de volta ao time titular e estabelecido no Rio (“quando cheguei fiquei dois meses em choque”, lembra), o desafio de Abuda agora é “apenas marcar Alex, o melhor jogador do Brasileiro". Agora primeiro volante, homem forte na proteção dos zagueiros, o jogador de 24 anos não quer dar sossego para o craque do Coritiba.

- Temos que tirar o máximo de espaço dele possível. Não podemos deixá-lo pensar. É um jogador de muita qualidade. E também não podemos fazer faltas perto da área - lembra o atento cabeça de área vascaíno.

Fonte: GloboEsporte.com