Consórcio do Maracanã quer fechar também com o Vasco

Quinta-feira, 11/07/2013 - 16:29

Fazer do Mário Filho mais que um estádio, e sim um novo centro esportivo, cultural e de convivência do Rio de Janeiro. De acordo com o presidente do Consórcio Maracanã S. A., João Borba, esta é a proposta do empreendimento, que recebeu do governo do Estado a concessão para administrar o complexo por 35 anos. Polêmicas, porém, não faltam no projeto.

Entrará em vigor uma nova maneira de torcer, sem mastros de bandeiras, com lugares reservados e sem destruir o estádio, quebrando cadeiras por exemplo, até porque todo o complexo é monitorado por câmeras, desde as entradas até todo e qualquer assento. De acordo com Borba a ideia é instalar , já no Brasileiro, grades com cerca de 1,70m de altura, nos “cantos” do estádio, atrás de cada gol, para separar as torcidas e isolar torcedores baderneiros.

— Temos de trabalhar com os clubes nesta mudança de hábitos. Bandeirões gigantes, mastros de bambu, torcedores, sem camisa, não assistir aos jogos em pé... — diz Borba. — Fui no último fim de semana às finais do tênis em Wimbledon, e no convite, estava escrito que não é recomendável ir com uma determinada roupa... Quando um inglês lê “não recomendável”, entende que não deve usar aquele tipo de roupa.

Com tudo isso, Borba ressalta querer entregar à sociedade um novo Complexo Maracanã:

— Terá restaurantes, museus, estacionamento, lojas temáticas, de modo que o torcedor possa vir ao Maracanãzinho de manhã, para assistir a um espetáculo, depois almoce, visite o museu e à tarde vá ao jogo. A ideia é a de fazer do estádio um centro de convivência da família — ressalta Borba, que anteontem, assinou com Peter Siemsen, presidente do Fluminense, a parceria por 35 anos.

Mas o Fluminense, só, não basta ao consórcio, que quer outras parcerias com os gigantes cariocas. Há dez anos pesquisando a administração de estádios, Borba se baseia no Amsterdam Arena, do Ajax, no LA Live, de Los Angeles, e no londrino O2, nesse ideal de trazer a família ao estádio, mas com uma diferença fundamental, em seu entender.

— O principal aqui são os clubes, os jogos. Queremos fortalecer o futebol carioca. Pensamos em dois clubes âncoras, Flamengo e Fluminense, que não têm estádios. Seriam 30 jogos de cada um por ano, no Estadual, Brasileiro e Copa do Brasil, num mínimo de 60 ao ano. Mas imaginem um Flamengo x Madureira, numa quarta à noite. O ideal seria que jogassem em outro lugar. Com o jogo sendo noutro estádio, podemos pagar o aluguel do estádio menor, para que o Maracanã seja utilizado num evento mais rentável — explica, acrescentando, porém, que o maior temor é de que um dos quatro grandes caia para Segunda Divisão. — Os clubes não querem perder dinheiro, nem o consórcio. Acabou o amadorismo na administração.

Segundo Borba, depois de ter acertado com o Fluminense, a ideia é acertar com Vasco, Botafogo e Flamengo nas próximas semanas. Cada clube, porém, vai ter uma maneira específica de utilização do espaço, e quando tiver mando de campo vai receber 43 mil ingressos para negociá-los da maneira que preferir e com os preços que estabelecer.

— Cada negociação será diferente. O Vasco, por exemplo, tem seu estádio, mas pode se interessar em jogar (no Maracanã) os clássicos. O Botafogo está sem o Engenhão, mas pode voltar para lá em dois anos. Flamengo e Fluminense também têm seus interesses específicos — diz o executivo, que já vem mantendo contatos com a Federação do Rio e a CBF, sobre os calendários deste segundo semestre e de 2014. — Nas próximas semanas, creio que teremos fechado contratos com os quatro grandes. Mas o que atrapalha é que todas estas propostas têm de ser aprovadas pelos conselhos de cada clube. De qualquer forma, as negociações serão maleáveis, e quando fecharmos os contratos do futebol faremos o restante do planejamento.

As obras fundamentais e que poderão tornar o local mais rentável só irão ocorrer depois da Copa do Mundo de 2014, até porque em maio do ano que vem as chaves do complexo serão novamente entregues à Fifa, permanecendo com ela até julho. Responsável por investir no complexo R$ 594 milhões e por pagar ao governo do Estado R$ 5,5 milhões anuais, o consórcio fará ainda reformas no Maracanãzinho, para que além de uma arena esportiva, se torne também um anfiteatro para shows. O calendário de eventos do ginásio está fechado até dezembro. Para o futuro, a intenção é reformá-lo, com vistas a shows e espetáculos:

— Antes das Olimpíadas, haverá um projeto no Maracanãzinho, para que se torne uma grande casa de eventos musicais, sem perder sua característica de casa do vôlei e do basquete. Hoje, ele está pronto para o esporte, mas será feita a acústica do local para que se torne uma casa de espetáculos.

A má notícia para o atletismo e a natação é que o consórcio vai demolir o Célio de Barros e o Júlio de Lamare, para construir dois novos edifícios com lojas temáticas, museus, restaurantes, salas e garagens. A promessa do Maracanã S.A. é a de construir centros de treinamento para atletismo e esportes aquáticos, mas a partir de 2014, o que prejudicará a preparação de atletas para os Jogos de 2016. Os novos prédios ficariam prontos em 2017.

— Do outro lado da linha do trem, vão ser construídos dois CTs, cada qual com cerca de mil lugares, homologados pela IIAF e pela Fina. As pessoas dizem: “Perdemos a piscina...” Pensar assim é pequeno. O importante é o atleta ter espaço para treinar. Esperamos que a partir da Copa de 2014 comecem as obras dos novos CTs — afirma.

Fonte: Globo Online