Célio relembra vitória vascaína sobre o Urubu no Distrito Federal em 1966

Terça-feira, 09/07/2013 - 19:05

Só falta a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicar no site os dois duelos entre Flamengo e Vasco, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, em 14 de julho e em 6 de outrubro, para o fim de 47 anos de saudade. Em 31 de março de 1966, o Clássico dos Milhões aterrissou na capital do país pela única vez trazendo a bordo do avião Eletra, da Varig, os dois elencos. “Naquela época, a amizade entre os dois grupos era muito grande. Hoje, isso é impensável. Nós fomos todos juntos sem nenhuma inimizade”, lembra em entrevista ao Correio o centroavante Célio Taveira, autor dos dois gols da vitória cruz-maltina no demolido Estádio Pelezão, coincidentemente chamado à época de Nacional. A arena ficava ao lado do ParkShopping, onde foram construídos condomínios habitacionais.

Há 47 anos, a missão de Flamengo e Vasco era inaugurar os refletores do estádio, mas também serviu para lembrar os dois anos do Golpe Militar de 1964. “Eu nem me lembrava disso”, riu Evaristo de Macedo, por telefone. O atacante do Flamengo substituiu Jarbas durante a partida. “Foi o meu último ano como jogador profissional. Um pouco depois daquele jogo, eu parei”, recorda o ex-técnico do clube e da Seleção Brasileira. A maior recordação de Evaristo do Clássico dos Milhões em Brasília é uma confusão protagonizada por um rubro-negro. “Nós tínhamos o Rodrigues, que era um ponta-esquerda. Esqueci o que aconteceu, mas eu sei que deu uma confusão grande. Eu fiquei de longe só olhando”, diverte-se.

Autor de dois gols de pênalti, o primeiro deles muito contestado, Célio conta em detalhes o desentendimento. “A confusão nasceu em um lance duro. Ele (Rodrigues) era de falar demais. Ficou indignado e reclamou com a arbitragem. No fim das contas, quem estava batendo era o Flamengo, tanto que o árbitro (Idélcio Gomes de Almeida) expulsou o Juarez de campo”, alfineta o goleador.

Enquanto Célio guarda na memória os gols do triunfo por 2 x 1 e o quebra-pau protagonizado por Rodrigues, Evaristo lembra dos últimos momentos como jogador. “Eu tinha voltado da Espanha em 1965 (defendeu Barcelona e Real Madrid) e esse estádio foi um dos últimos onde eu atuei. O espaço era acanhado, com arquibancadas baixinhas, mas muito aconchegante. Isso, eu lembro bem”, disse Evaristo.

Célio realizou o sonho de conhecer a nova capital do país. Brasília tinha apenas seis anos. “Lá no Rio a gente ouvia falar da cidade, mas não tinha condições financeiras de ir aí. Só víamos tudo pela televisão. Naquele dia, foi diferente. Jogamos em um campo desconhecido, diante de um público diferente e conseguimos dar muita alegria principalmente aos vascaínos que foram do Rio a Brasília com uma exibição muito boa”, relata o matador do Vasco.

Questionados sobre qual time era melhor em 1966, Célio e Evaristo ficaram no muro. “O Vasco tinha um time ofensivo comandado pelo Zezé Moreira e facilitava muito a vida dos atacantes. Por isso, eu fiz dois gols no Flamengo”, explica. “O Flamengo tinha uma grande equipe, mas foi um ano difícil. Nós perdemos a final do Campeonato Carioca para o Bangu, por exemplo”, lamenta Evaristo.

Quarenta e sete anos depois do único Clássico dos Milhões em Brasília, Célio, de 72 anos, mora em João Pessoa e mantém o elo com o futebol na função de comentarista esportivo. Na última terça-feira, foi embora tarde da noite da rádio falando da chegada de Hulk, atacante paraibano campeão da Copa das Confederações na vitória sobre a Espanha. Ídolo do Barcelona e do Real Madrid, Evaristo de Macedo, que completou 80 anos em 22 de junho, com direito a homenagem da Seleção Brasileira, vive no Rio. O último clube do ex-treinador antes de pendurar a prancheta foi o Santa Cruz, em 2007.

O DIA EM QUE O CLÁSSICO DOS MILHÕES FOI NO DF...

Data: 31/3/1966
Local: Estádio Nacional (rebatizado depois de Pelezão), em Brasília
Gols: Célio, aos 17 minutos do primeiro tempo; Almir, aos 4, e Célio, aos 8 minutos do segundo tempo
Árbitro: Idélcio Gomes de Almeira
Auxiliares: Nilson de Sá e Rubens Pacheco
Cartão vermelho: Juarez
Renda: CR$ 50.045.000

FLAMENGO 1
Esquema tático: 4-2-4
Waldemiro (Marco Aurélio); Merilo (Leon), Paulo Lumumba, Itamar e Paulo Henrique; Jarbas (Evaristo) e Juarez; Paulo Choco, Almir, Rodrigues e Cesar
Técnico: Armando Renganeschi

VASCO 2
Esquema tático: 4-2-4
Amaury; Joel (Bolinha), Brito (Caxias), Fontana e Ary; Maranhão e Danilo Menezes; Zezinho, Picolé, Tião e Célio (Gama)
Técnico: Zezé Moreira




Fonte: Blog Drible de Corpo - Dzaí.com.br (texto), Revista do Esporte/Site Mauro Prais (foto)

Nota da NETVASCO: Vasco e Flamengo fizeram outro jogo no DF além deste, em 1967, com vitória vascaína por 2 a 1.