Vôlei Base: Confira entrevista com Edson Silva, diretor do Vasco

Terça-feira, 21/05/2013 - 16:11

Em mais uma tarde de forte trabalho no vôlei do Vasco, o diretor do esporte no Clube, Edson Silva, recebeu a equipe da CRVG - Em Todos os Esportes/SuperVasco com muita atenção, disposto a tirar todas as dúvidas da torcida vascaína. Dentre as dúvidas, saída e chegada de jogadores, desempenho das equipes no Carioca, patrocínios, apoios e dificuldades.

Confira a entrevista na íntegra.

Apresentação à torcida:
Sou diretor de vôlei, vascaíno desde que me entendo. Em 2009 surgiu a oportunidade de vir pra cá, meu filho era atleta no masculino, fui convidado para ajudar e fiquei, estou até hoje. Acabou o masculino, meu filho já não joga mais, mas estou aqui tentando ajudar o Vasco a continuar esse projeto.

A melhora da estrutura para o vôlei com o Forninho reformado:
Exato, o que acontece: o vôlei começou em 2009, agora em maio está fazendo cinco anos. Melhorou bastante, apesar da crise que o Clube passa financeiramente. Eu não tenho o que reclamar, nunca faltou dinheiro para arbitragem, nunca faltou o mínimo essencial que o Clube pode oferecer, sempre foi oferecido. Poderia ser melhor? Poderia, mas não tenho do que reclamar.

Explicação sobre os patrocinadores (Óticas Carol e Estacionamentos Cacela):
O Estacionamento Cacela que era um dos patrocinadores nunca depositou nada. O patrocínio que o vôlei teve sempre foi das Óticas Carol, tanto que o Estacionamento Cacela me notificou que iria rescindir o contrato, daí para frente eu passei para o Jurídico e eles já notificaram o Estacionamento e está em vias de ser rescindindo. As Óticas Carol estamos renovando o contrato, estará sendo assinado, eles vão continuar com a gente. Ajuda bastante, mas até hoje o patrocínio mesmo só foi da Óticas Carol, é o grande parceiro do vôlei do Vasco. Está tudo bem encaminhado.

Para aonde o patrocínio é direcionado no esporte:
O patrocínio ajuda no seguinte, apesar de ser amador, o esporte hoje, por exemplo, o feminino aqui tem dificuldades de se locomover. A gente dá a ajuda de custo para uma menina dessas se locomover, um grupo de associados ajudam também com o RioCard, com passagem. É basicamente isso, ajuda para fazer um lanche, para a menina pegar um ônibus para se locomover. Os outros clubes oferecem isso, se você não oferecer pode ser um diferencial para as meninas irem para outro clube ou não virem para cá. Ano passado o patrocínio ajudou bastante a gente. Tínhamos bastantes jogadoras que precisavam disso, é um diferencial.

Adaptação das novas jogadoras para a temporada de 2013:
Houve uma renovação grande porque desde o final de novembro todas as mídias vinham falando, principalmente no final do ano, que os esportes olímpicos do Vasco vão acabar. Eu sempre falei que nunca acabaria, um clube com a tradição do Vasco, do tamanho do Vasco, tinha certeza que alguma coisa seria feita no sentido de manter. Muitas meninas se apavoraram com isso, exatamente naquele período que a menina está procurando um clube pra jogar na próxima temporada, exatamente quando massacraram com essa noticia que iria acabar. Muitas saíram, algumas foram para o Flamengo, Fluminense, outras para o Botafogo. Tivemos que renovar, o que acontece? É outro time, outra competição, vai levar um tempo parar amadurecer, é um time recém-formado, mas tem ido bem dentro da nossa programação, uma categoria melhor que a outra, mas em um todo a evolução está dentro do previsto e é reestruturar o time agora também para o ano que vem. Hoje mesmo temos uma menina que chegou agora para fazer um teste, sempre chegando gente nova pra fazer teste e quando vemos algum potencial na menina a gente investe.

Como a menina que joga vôlei pode fazer um teste no Vasco?
Pode vir aqui, procurar a gente, ela vai passar por um teste e se o treinador achar que ela tem condição de disputar um vôlei competitivo, ela fica. Ás vezes a menina joga na escola, e chega aqui ela não tem... não gosto muito de usar o termo capacidade, capacidade todos tem, ela não está é no nível competitivo, aí ele não aprova. Mas quando ela vem e está nesse nível, e ela pode chegar naquele nível de trabalho, ele aprova a menina, ela é integrada ao grupo e fica, passa a disputar, e ás vezes até acontece de chegar e ganhar a posição. É o caso de uma menina que chegou aqui e ganhou, a Vânia. Nunca jogou pela Federaçao, jogava como amadora, chegou aqui e já é titular do nosso time juvenil, mas é uma menina esforçada. Porque diferente do futebol, que tem a coisa mais ou menos desenhada que todo mundo conhece o feitio, aqui não, aqui é muito específico. Ás vezes a menina joga o vôlei ‘pelada’, e chega aqui tem dificuldade de pegar o fundamento que é muito técnico.

Análise de cada categoria nesse início de Campeonato Carioca:
Mirim: Estamos fazendo uma coisa que desde 2009 não fazíamos. É a formação, trouxemos esse ano o Maurício Barros que era do Grajaú Tênis Clube, no meio do vôlei é conceituado como um dos melhores na formação, e já começou a trabalhar no pré-mirim e mirim. O time já melhorou sensivelmente com a vinda dele, duas, três peças que mexeu e melhoramos muito. E é um cara que eu chamo de operário do vôlei, é um trabalhador incansável, parece um obstinado, e tem que ser assim porque é uma categoria que as crianças aprendem a jogar. Então dali e futuramente, uns dois, três anos poderemos tirar uma coisa boa. Esse ano ganharemos umas partidas, perderemos outra, mas futuramente teremos um time muito bom aqui.

Infantil: É o primeiro ano do infantil, ou seja, 80, 90% do time de infantil acendeu agora de categoria, veio do mirim e está no primeiro ano do infantil. Geralmente quando acontece isso, sentem um pouco isso a adaptação de uma categoria acima, porque pega outros times que já estão no segundo ano, meninas mais rodadas, tem uma qualidade técnica superior e no feminino leva muito em conta é a questão do amadurecimento pessoal da menina e no segundo ano ela está mais madura e isso faz diferença. Nosso infantil vai oscilar muito esse ano, vai ter partidas que jogará bem, outras muito mal como aconteceu contra o Tijuca no início do Campeonato no primeiro jogo foi ruim. Porque sentem muito, ficam mais nervosas, erram mais que o normal, mas é um time que vai amadurecer e vai se estabilizar. Acredito que no meio da temporada para frente, seja mais equilibrado e ano que vem estará no segundo ano e será muito mais competitivo.

Infanto e Juvenil: De todos os nossos times, foi um dos times que mais houve mudanças, tanto no Infanto quanto no juvenil. Eles vão sentir muito na questão de entrosamento. A levantadora é nova e ela que bota o time pra jogar, mas para isso ela precisa ter um entrosamento grande com a central e as ponteira, porque dependendo do jogo ela analisa o time adversário e ve onde o bloqueio esta centrado e ve onde vai jogar a bola, isso é entrosamento.

Sobre as escolinhas de vôlei retornarem ao Vasco:
Está em pendência no Departamento Infanto-Juvenil. O Maurício agora que está sendo contratado, com dois técnicos não teria como cobrir a escolinhas, agora com mais um pode ser possível. E também um projeto de fazer uma escolinha específica de vôlei, é o que a gente faz aqui no treino, o pré-mirim funciona mais ou menos como escolinha, já que não tem campeonato pré-mirim. Então as meninas vem pra cá de forma lúdica jogar o vôlei. Quando ela mostra um potencial, um interesse, aí o Maurício traz para o mirim, para começar a jogar campeonato, ter compromisso. Da faixa etária de 10 a 12 anos, a menina vê o vôlei na televisão e ela não sabe se é aquilo que ela quer.
Tem também duas questões, poder aquisitivo e a questão da localização, mas a gente tem que trabalhar com o que se tem. Nós temos São Januário, está sendo aqui, vai ser sempre aqui. Então eu acho o seguinte, se o Clube puder disponibilizar a escolinha de graça, para mim é ótimo. De 100 meninas eu conseguir tirar 5, para mim é ótimo, mas é uma questão administrativa, eu não sei da condição econômica do Clube de bancar essa escolinha, é o seguinte, pegar o profissional e coloca-lo a disposição de ensinar o vôlei. É uma questão complicada de colocar a escolinha de 70 reais para a nossa localização.

Relacionamento com o VP de Quadra e Salão:
O melhor possível, sempre preocupado em atender no que precisamos e melhorou bastante, nada a reclamar dele. Sempre procura ajudar, problemas que tenho entro em contato com ele, está sempre disposto a ajudar o vôlei.

Mudança na Vice-Presidência, o que pode ter ajudado?
Ajuda no seguinte sentido: hoje você tem um vice-presidente que é responsável por três esportes, é mais fácil dele entender e saber das necessidades dos esportes que está na batuta dele. A pessoa que está com todos os esportes sobre sua responsabilidade, fica mais difícil você saber, por exemplo, de problemas específicos do vôlei. Hoje é mais fácil, com três esportes, basquete, vôlei e futsal ficam mais ágil, ganha em agilidade. Não que o Monteiro não fizesse, não é isso, que não tivesse interessado, é que tamanho da quantidade de esportes que estava sob o domínio dele, mas a agilidade por tantos esportes atrapalhava. Hoje eu encontrei com o Ricardo León Haddad, sempre estou em contato com ele, é mais direto, as soluções vem mais rápido.

Como é fazer esporte olímpico no Vasco hoje?
Fácil não é pela condição que o clube está passando, como não é fácil fazer futebol também. Mas isso aí acredito eu que vai passar, o Vasco já passou por outras situações parecidas, com momentos de crise, e ficou para trás e como eu sei que esse momento vai passar. Eu vou dizer o seguinte, fizemos o vôlei na época difícil. Fácil não é, mas também ninguém nunca disse que seria, trabalhamos com vontade, gosto do Clube, gosto de ver as meninas aqui gritando, falando, buscando o aperfeiçoamento. Estamos aqui e vamos trabalhar. As meninas sabem da situação do Clube, conversamos sobre isso, elas sabem que tem que fazer um pouco mais porque outros clubes estão mais estruturados, mas também já passaram por suas crises, como a gente vai passar por essa, então depois que passar nós vamos ter orgulho de ter feito em um período difícil. No período fácil qualquer um faz, no difícil só quem tem muita vontade.

Possibilidade futura de time adulto:
Pelo tamanho do Vasco dá para pensar. O Vasco já teve em outro formato, com time pronto e esse formato de formar e chegar até o adulto nunca se fez. Hoje não é a nossa pretensão, seria uma pretensão absurda hoje, mas é um sonho. Porque o tamanho do Vasco faz com que tenhamos toda condição de chegar. Precisamos de ajustes, questão de tempo, por isso trabalhamos na base, vai em um pré-mirim e mirim, elas terão 9 anos para jogar na base do vôlei, dos 11 até os 20. Daqui há 9 anos espero eu que o Vasco esteja numa situação muito melhor que esteja hoje e aí o tempo vai dizer.

Você teme que os esportes olímpicos do Vasco tenham chance de acabar?
Eu não acredito, se tivesse que acabar teria acabado lá no final de dezembro. Lá tinha essa discussão, ali seria o momento de tomar um rumo de continuar ou terminar, escolheram continuar mesmo com toda dificuldade. Então como lá atrás não acreditava que fosse acabar, continuo não acreditando.

Quais fatores mais pesaram para a queda de rendimento de 2012 para esse ano?
Nós tínhamos um time altamente competitivo em 2012. Algumas meninas saíram por conta de outras, vou fazer uma analogia ao futebol. Hoje você tem no Botafogo o Seedorf, você tinha aqui no Vasco o Juninho, são jogadores que servem de âncora, então outros vem jogar porque eles estão. Na medida em que acontece o oposto, se um sai, outros saem com medo do time não ficar tão competitivo, com medo de acabar, no momento que as atletas buscavam definição de onde jogaria nessa temporada, aconteceu no juvenil, por que no juvenil? Porque lá elas têm certa mobilidade na Federação para transferir de Clube. Nas categorias abaixo, uma transferência tem que ser paga na Federação uma quantia, por exemplo, uma atleta federada do Vasco for para o Fluminense, eles terão que pagar 3 mil reais para a Federação, no juvenil isso não existe. A questão de ajuda de custo pesou, muita garota prefere jogar em outro time porque lá ela vai ganhar um X a mais, coisa que devido o patrocinador não ter depositado, ficamos atrás nesse aspecto, então algumas jogadoras resolveram jogar em outros times em função disso. Costumo dizer o seguinte: ninguém é imprescindível. Sai uma vem outra, mas a outra era melhor , mas a que veio, vai chegar bem e quem sabe até melhorar no time.

Sobre o vôlei masculino:
No momento não temos perspectivas, porque o fato do ginásio estar interditado tira um pouco da condição de treinamento. O Forninho está exprimido com vôlei, basquete, por questão de horário. Aí você põe mais quatro categorias de masculino, vai complicar a questão de horário.

Com o ginásio voltando teria chance de o masculino voltar e o feminino jogar lá?
Com certeza jogaríamos lá como já jogamos. Já tivemos jogos ali, inclusive dia das mães, Vasco e Flamengo, jogo quente, bastante gente. É legal jogar lá, eu sinto saudades de jogar lá, e quando ficar pronto com certeza vamos jogar. Sobre o masculino abre a oportunidade de tê-lo e era muito legal quando tinha, o clube vivia cheio, o clube tinha uma rotatividade muito maior do que tinha hoje. É uma proposta nossa manter o clube cheio de crianças, adolescentes, isso que dá vida, isso que torna o clube social também.

Mensagem final para os Vascaínos:
Sempre que a gente entra em quadra procuramos honrar a Cruz de Malta. Eu falo muito para as jogadoras o seguinte, outros clubes são grandes, são bons, mas nenhuma das meninas deles tem a Cruz de Malta no peito, só vocês têm e isso as torna diferente das outras. Realmente tem menina aqui que entra na quadra e dá o suor, vai buscar a vitória e procura jogar honrando a camisa do Vasco. Trabalha-se duro aqui diariamente para que sempre que entrar na quadra, seja aqui, no Paraná, no Rio Grande do Sul, aonde o Vasco for, honrar a camisa do Clube, porque é um Clube tradicional, respeitado no país, no mundo inteiro. Aonde elas chegam todo mundo quer tirar foto, todo mundo pede autógrafo, mesmo sem saber quem são, mas é bacana isso, todo mundo conhece a Cruz de Malta, sabe que aquela camisa é do Vasco da Gama. Trabalhamos aqui para isso, para levarmos o nome do Vasco aonde for, seja na quadra do Flamengo, Botafogo, Fluminense, Tijuca, Paraná, Rio Grande do Sul, aonde formos iremos honrar a camisa do Vasco.

Edson Silva, diretor de Vôlei do Vasco


Fonte: Blog CRVG Em Todos os Esportes - Supervasco