José Henrique Coelho comenta negociação envolvendo Dedé

Sábado, 20/04/2013 - 07:19

José Henrique Coelho publica nota sobre venda de Dedé

Até o dia 30 de agosto de 2011, o Vasco tinha 90% dos direitos de Dedé. Naquele momento, Dedé era jogador da Seleção Brasileira, já tinha sido eleito melhor zagueiro do Brasileirão 2010. Dedé, de 1,93m, liderava o ranking de desarmes do Brasileirão 2011 com média de 22,1 desarmes por jogo, fazia um campeonato impecável que o levaria a ser eleito novamente o melhor zagueiro no Prêmio Craque do Brasileirão da CBF e a ganhar a Bola de Prata da revista Placar.

Foi neste cenário que Roberto Dinamite vendeu os primeiros 45% dos direitos de Dedé por irrisórios 1,8 milhões de euros. Ao todo, o Vasco recebeu 7,3 milhões de euros por 90% dos direitos de Dedé. Isto significa que 100% do zagueiro valiam, nas contas de Roberto Dinamite, 8,1 milhões de euros. A título de comparação, Thiago Silva, de 1,83m, deixou o Fluminense aos 24 anos, após uma boa temporada, em dezembro de 2008, em plena crise mundial, por 10 milhões de euros. Breno, de 1,87m, deixou o São Paulo aos 18 anos por 12 milhões de euros. Pelo zagueiro Miranda, o São Paulo recusou uma proposta de 12 milhões de euros e depois de aceitou uma de 15 milhões de euros, mas como estava em fim de contrato, o zagueiro se desligou do clube. (dados extraídos de notícias publicadas pela imprensa)

A venda de nosso patrimônio-mito, Dedé, era mais uma vez a única solução para os problemas do Vasco?

A resposta é positiva apenas para aqueles que, por incompetência, só conhecem um caminho para gerar receita: a destruição do patrimônio do clube. Já se foram Alex Teixeira, Alan Kardec, Diego Souza, Fagner, Romulo, Alan....e até Juninho Pernambucano desistiu de ajudar esta administração.

Dedé seguramente poderia ter ficado se a torcida tivesse sido novamente mobilizada como sempre fez em sua história, mas o presidente preferiu o caminho mais fácil, a venda!

A auto-suficiência e o analfabetismo administrativo de Roberto Dinamite o fazem manter hoje uma diretoria tão medíocre quanto ele. O clube é hoje um retrato das escolhas e decisões de Roberto Dinamite, o político.

No período em que a caótica administração de Eurico Miranda foi expulsa do Vasco, Dinamite não escolheu nenhum daqueles que ganharam a eleição para ele. Ao contrário, Dinamite foi escolhido pela oposição e pela torcida para representar os desejos de mudança. Dinamite foi um símbolo, mas não trabalhou para isto, não montou aquele grupo, sequer frequentava regularmente as consultas à fonoaudióloga para aprender a falar.
Dinamite foi escolhido, não escolheu ninguém.
Assinou as propostas de campanha, mas não as cumpriu!

Dinamite possuía uma imagem de ídolo, supostamente de correção e de uma pessoa apaixonada pelo Vasco graças aos gols que fez. Assim acreditávamos que ele poderia passar de ídolo do futebol ao presidente das decisões que fortaleceriam o Vasco e o levaria de novo a ser o campeão que queremos.

Após quase cinco anos, podemos fazer uma análise do que aconteceu naquele momento. De maneira oportunista, o político Roberto Dinamite “adotou” um discurso com as diretrizes da oposição e da imensa torcida do Vasco. Conhecíamos o Dinamite jogador, artilheiro e hoje conhecemos o Dinamite presidente, dominado pelo político, desprovido de princípios.

Dinamite mentia ao criticar a contratação de parentes por Eurico, pois fez pior; contratou mais parentes e por valores absurdos. Eurico nunca prometeu uma administração competente, transparente e com credibilidade! Dinamite mentia ao prometer profissionalismo, pois ao contrário do ajuste prometido na administração do clube inchou o quadro de pessoal que recebeu, de 520 empregados para 630, explodindo a folha de pagamento em mais R$400 mil por mês, perto de R$24 milhões no período.
Dava ou não dava para manter Dedé?

O hábito de mentir foi repetido quando “dizia” encampar o pleito da torcida que pedia clássicos em São Januário, enquanto assinava o TAC com o Ministério Público em sentido contrário. Mentiu ao dizer que estava trabalhando para São Januário ser reformado como sede do rúgbi olímpico, quando sequer apresentou o projeto no prazo marcado. Mentiu novamente dias depois de mais este fracasso ao dizer que em breve anunciaria um projeto de arena, muito melhor que estamos aguardando até hoje. Mentiu quando atendendo a outros interesses ajudou a “explodir” o Clube dos Treze, permitindo o rebaixamento do Vasco no ranking de cotas de TV, em troca de nada e por isso possivelmente seguiu blindado na mídia. Mentiu agora, três dias antes de concretizar a venda do Dedé ao dizer que ainda tentaria manter o ídolo, quando, na verdade, já caminhava a passos largos para finalizar a negociação. É um político medíocre.

Com sua incompetência, foi incapaz de conseguir as certidões negativas, um patrocínio à altura do Vasco, um programa de sócios atraente, a reforma do nosso estádio. O licenciamento de produtos que gerariam receitas para manter Dedé. Dinamite não dá prazo preciso para nenhuma promessa que faz. Tudo acontecerá mais pra frente. Promessa de político.

Hoje posa de coitado, de vítima, quando na verdade é o novo algoz do Vasco na sua própria administração. Foi escolha exclusiva dele trair os vascaínos que o levaram ao poder. Pelos seus motivos, contrários a competência, transparência e credibilidade, ele traiu os líderes daquele grupo. Ele não mais representa a batalhadora e perseverante torcida vascaína. É verdadeiramente um político que após anos de má gestão agora tenta se fazer de vítima, como na entrevista que deu recentemente ao Globo.com. e ao jornal O Globo. Faltou repetir a frase "não me deixem só!", de Fernando Collor durante o processo de "impeachment" em 1992. Faltou dizer: "eu não sabia de nada". Resta-nos esperar ainda o político Roberto Dinamite dizer: "esqueçam tudo que eu falei" e encerrar sua gestão dizendo que "assinou sem ler". É sempre esta a estratégia do político quando descobrem as atrocidades que faz.

Diversos clubes possuem dívidas, mas mesmo assim conseguem se organizar, parcelar e seguem contratando ou mantendo seus ídolos. Seedorf atua em um clube que recebe muito menos cota de televisionamento que o Vasco. Dedé foi para um clube que também recebe muito menos. Dinamite conseguiu provar que um clube “mais pobre” pode tomar o craque e o ídolo de um clube gigante como o Vasco. Basta que o presidente deste clube Gigante seja um Roberto Dinamite.

Sua fala vazia, buscando no dia-a-dia, num primeiro momento, precisa ser editada para tentarem produzir uma entrevista ou matéria. Quando recebeu a visita do ex-goleiro holandês Van Der Sar, Dinamite levou o visitante à sua sala e poderia ter falado sobre a belíssima história do Vasco. Em vez disso, Dinamite exaltou tanto a si mesmo, de maneira tão arrogante, que foi ironizado pelo holandês: "Talvez os goleiros daqui não fossem bons". Dinamite não entendeu a ironia e riu.

Dinamite se diz alinhado com o governador e com o prefeito do Rio e todos são alinhados com a presidente Dilma. Nem assim Dinamite consegue avançar com o projeto apresentado pela torcida para revitalização do entorno de nosso estádio, fator importantíssimo na viabilidade do projeto de uma arena. Dinamite só sabe posar rindo e fazer promessas.

Assim é Roberto Dinamite, egocêntrico, só cuida de seus familiares, seus negócios, sua patota, seus cabos eleitorais, para o Vasco não sabe negociar. Sua preocupação numa mesa de negociação é outra, menos o Vasco.

O presidente e sua diretoria, igualmente mal preparada, anunciavam diariamente na imprensa que o clube estava quebrado e que a venda do Dedé era a única solução. Não é expondo para a outra parte que você está agonizando financeiramente que conseguirá ganhar mais dinheiro em uma negociação. Ao contrário, ao anunciar e repetir isto, os interessados sabiam que o tempo corria contra o Vasco. Sabiam que Dedé teria que sair, bastava decidir quem levaria.

É o momento de todos os vascaínos se reunirem para tirar este político parasita de lá e não deixarmos nenhum outro voltar e nem tampouco qualquer outro político candidato a qualquer coisa ocupar a presidência do clube.

É hora de reagirmos novamente, antes que percamos a sede do Calabouço e o que ainda resta do nosso clube.

É necessário o diálogo entre os diversos pensamentos de oposição a este caos mantido por Dinamite.

Acredito que o único caminho seja formar uma Frente Ampla de Oposição, com pessoas que possam liderar com responsabilidade e credibilidade a tão esperada reestruturação do nosso clube e prepara-lo para um novo ciclo de vitórias.

Ao Vasco Tudo!

José Henrique Coelho


Fonte: Supervasco