Presidente da Cruzada reclama de prazo de 120 dias pedido por Dinamite para refazer balanço

Sábado, 13/10/2012 - 16:43

Contas de 2011 reprovadas por unanimidade pelo Conselho Fiscal e pedido de 120 dias de prazo para correção dos erros no balanço financeiro. A situação é mais um problema que o presidente Roberto Dinamite precisa resolver no Vasco. Na visão da oposição e até de alguns conselheiros da situação, o mandatário feriu o estatuto ao divulgar o balanço sem votação apenas em abril e retardar a análise orçamentária. Agora, o Conselho Deliberativo se reúne no próximo dia 23 para votação do pedido solicitado para devidos ajustes. Caso seja deferido, as contas de 2011 só serão apreciadas a partir de fevereiro de 2013, objetivo que é costurado pelo dirigente nos bastidores.

O encontro dos 300 conselheiros também terá outros temas em pauta. No entanto, o principal deles fere diretamente o estatuto do Gigante da Colina, já que é recomendado que o balanço financeiro de um ano seja divulgado e votado em janeiro do calendário seguinte. Existe uma tolerância para que o procedimento seja feito até abril. Porém, o documento foi apenas apresentado e não passou pelo crivo do Deliberativo.

Para piorar, o balanço contém erros admitidos pela própria diretoria e pontos que precisam ser esclarecidos, como o programa de sócios “O Vasco é meu” e o contrato com a Penalty, fornecedora de material esportivo. Em nota oficial, divulgada no último dia 4, Roberto Dinamite afirma que os 120 dias de prazo são necessários para resolver as dúvidas existentes. Com problemas após a saída de Nelson Rocha, ex-vice de finanças, o mandatário precisa de tempo para arrumar a casa e costura com os seus aliados uma votação positiva entre os conselheiros.

Até por isso, Nelson de Almeida, novo dirigente da pasta de finanças, assumiu o cargo. O cartola está auxiliando Dinamite a equacionar o incômodo impasse. Após a reprovação por unanimidade pelo Conselho Fiscal, um novo revés na votação do Deliberativo pode causar até uma punição administrativa ao presidente cruzmaltino. Na visão da oposição do clube, o aspecto explica as falhas nas contas do ano passado.

“Esses 120 dias não fazem sentido. Ele [Roberto Dinamite] está reprovando as suas próprias contas. Entendemos desta forma. Não se pode refazer algo que está certo. Só se refaz o que está errado. Isso foi o que ele solicitou ao Conselho Deliberativo. Os problemas não são apenas de erros no balanço. Existem os problemas dos contratos. O dinheiro que o Vasco deixou de ganhar com o programa de sócios e a fornecedora de material esportivo será ressarcido?”, indagou Leonardo Gonçalves, presidente da Cruzada Vascaína e conselheiro do clube.

Curiosamente, a prática de adiamento na votação das contas se tornou comum em São Januário. Como o estatuto é omisso e muitas vezes confuso em alguns aspectos, as contas de 2009 e 2010 só foram aprovadas em outubro de 2011. Caso Roberto Dinamite tenha êxito em seu objetivo, o balanço de 2011 só será votado a partir de fevereiro de 2013.

Entenda o caso:

No mês de abril, o UOL Esporte publicou as investigações do Conselho Fiscal que deram origem ao processo de reprovação das contas do ano passado. Os conselheiros detectaram falhas no programa de sócios “O Vasco é meu” e evidências de prejuízos financeiros. As principais queixas estavam ligadas ao fato de o clube não ter acesso à conta corrente do programa e extratos mensais. Além disso, a empresa responsável pelo funcionamento retém porcentagem excedente pela prestação do serviço.

Embora os valores sejam mantidos em sigilo, a reportagem apurou na época que o Vasco repassava algo em torno de 23% do captado mensalmente, mais do que os 15% acordados em contrato. A diretoria se defendeu e alegou que a arrecadação mensal com o programa de sócios era de R$ 330 mil. No entanto, as contas apontaram que o montante não superava R$ 220 mil. O prejuízo passa de R$ 1,3 milhão por ano. Além disso, a Penalty, fornecedora de material esportivo, repassa apenas R$ 75 mil por mês em royalties de acordo com o último levantamento realizado pelo Conselho Fiscal.

Fonte: UOL