Quissamã vê no Vasco exemplo de clube com problemas para receber verba pública

Sexta-feira, 03/08/2012 - 11:53

Na próxima edição do Campeonato Carioca, os torcedores terão a oportunidade de ver duas equipes que pela primeira vez participam da elite: Audax, de São João de Meriti, e Quissamã, da cidade homônima. Amparado pelos royalties do petróleo, o clube norte-fluminense espera seguir os passos do Macaé, mas sem ficar inteiramente preso ao patrocínio público. Atualmente, a principal fonte de renda é a verba que recebe da prefeitura local.

Quissamã fica a 212km do Rio de Janeiro, em uma área estratégica na rota de petróleo e gás, na Bacia de Campos, entre os municípios de Macaé e Campos dos Goytacazes. A principal fonte de arrecadação local é a extração de petróleo. O dinheiro levou desenvolvimento para a região e para a equipe, que no último sábado venceu por 2 a 0 o Barra Mansa, no estádio Carneirão, e ficou com o título da Segundona.

Animado com a nova perspectiva, o presidente Diones Silva espera melhorar o potencial financeiro para tornar o time mais competitivo e conseguir se manter na elite. O Quissamã foi fundado em 1919, mas só se profissionalizou de verdade a partir de 2006. Agora, terá a chance de medir força com Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco & Cia.

- O horizonte é o melhor possível. Era o sonho da cidade. Desde que nos profissionalizamos e fomos para Série B, nossa pior colocação foi quarto lugar. Estamos buscando mais parceiros para sustentar nosso futebol. Temos apoio da prefeitura e mais dois patrocinadores. Já temos três empresas apalavradas que só estavam esperando a subida para Primeira Divisão. Queremos captar o máximo possível para não depender tanto da prefeitura - disse o presidente.

O medo do mandatário é que, caso o clube venha a ter algum débito, fique impossibilitado de receber dinheiro público.

- Seria muito importante para nós. O Vasco é um exemplo disso (Eletrobras). Atualmente temos nossas certidões em dia, mas, caso tenhamos algum problema para frente, corremos risco de ficar sem receber a verba.

O futebol do Quissamã tem um orçamento mensal muito menor do que o dos principais clubes cariocas: cerca de 55 mil de folha salarial. O valor é bem longe, por exemplo, do que recebem mensalmente apenas duas das estrelas tricolores, Deco e Fred, que custam cerca de R$ 1,5 milhão. Em comparação com o orçamento mensal do Bangu - R$ 150 mil - no último Carioca, a disparidade é menor.

Diones Silva espera ampliar o caixa do clube e reforçar o time quando montar o elenco para a Série A.

- Nosso grupo, apesar de ter 34 jogadores, tem uma folha modesta. Como não temos uma condição financeira grande, foi fundamental que todos entendessem e dessem valor ao projeto de chegar na Primeira Divisão. Por enquanto vamos tentar a manutenção do time para disputa da Copa Rio (segundo semestre) e depois pensar em montar o plantel para o Carioca do ano que vem.

Atualmente o clube manda seus jogos no estádio Carneirão, que precisaria ser ampliado para receber os jogos contra os quatro grandes. A ideia do presidente é deixar o local com capacidade para seis mil torcedores. Caso não seja possível, a ideia é procurar uma casa mais próxima possível.

- Temos um projeto e vamos apresentá-lo na Ferj. A ideia é mandar nossos jogos em casa também contra os grandes. Caso não seja possível, vamos procurar os locais mais próximos, como o estádio do Macaé ou do Americano.

Bruno Reis vibra com conquista e comenta sobre estrutura

Capitão do time, o meia Bruno Reis, que começou no próprio Quissamã e tem passagens por Macaé, América e Sendas (atual Audax), contou que a festa na cidade foi muito grande depois do título. O jogador acompanhou de perto a caminhada do clube até chegar na elite.

- Foi um feito inédito. Os jogadores estão muito felizes, e a população também. Fizeram uma festa que não teve hora para acabar. Graças a Deus nosso trabalho foi recompensado. Eu estava na equipe quando foi para Segundona, também era o capitão. Para mim tem um sabor especial.

Bruno Reis comentou que a estrutura do Quissamã é simples, o que ainda causa algumas dificuldades para os jogadores no dia a dia.

- A estrutura não é a melhor possível, mas é superior a algumas de muitos clubes pequenos que estão na Série A. Temos algumas precariedades. O pagamento normalmente é feito em dia, quando atrasa são só alguns dias. Aí já pagam dois meses. Temos um pouco de dificuldades com a qualidade do campo, mas tudo isso só nos dá mais força para trabalharmos em busca dos nossos objetivos.

A história do Quissamã Futebol Clube

O Quissamã Futebol Clube foi fundado no dia 5 de janeiro de 1919, mas até 2004 era apenas amador. A equipe disputava competições locais e regionais, como a Liga Macaense, que conquistou nos anos de 1949 e 1952. O início do profissionalismo foi apenas com atletas do próprio município, e só em 2006 o time começou a se estruturar melhor e ficou em quarto lugar na Série C do Carioca. No ano seguinte, terminou em terceiro.

A evolução gradual ficou evidenciada em 2008, quando o Quissamã foi campeão da Terceirona e garantiu sua ida para a Série B estadual. Em sua primeira participação na Segundona, terminou em quarto lugar. Na temporada 2010, o clube brigou até o fim para subir para a elite mas, por causa de um ponto, não conseguiu o acesso.

Fonte: GloboEsporte.com