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Vasco foi o 1º clube brasileiro a investir no MMA
Terça-feira, 10/01/2012 - 06:24
Recorde de 55 mil espectadores. Bilheteria de R$ 18 milhões. Impacto econômico de até R$ 74 milhões. Transmissão pela TV em 1 bilhão de lares. Salários por luta de cerca de R$ 1 milhão de reais aos lutadores. Os números do UFC, que acontece novamente no Brasil dia 14, são um soco na boca do estômago. De olho nesse potencial, clubes de futebol, prefeitos e governadores ensaiam uma aproximação com o esporte que está se tornando o mais novo queridinho dos brasileiros.
No país do futebol, é recente a paixão pelas artes marciais mistas (ou MMA, a sigla em inglês). A modalidade foi criada pelos lutadores brasileiros da família Gracie, com o nome de Vale Tudo. Inicialmente existiam poucas regras: os lutadores só não podiam morder e enfiar o dedo no olho do adversário, o que gerou uma aura de violência em torno do esporte.
A popularização começou depois de um longo trabalho de imagem feito pelo megaempresário americano Dana White – presidente do UFC que, junto com Frank e Lorenzo Fertitta, comprou a marca por US$ 2 milhões, em 2001. Com um esforço sistemático junto à imprensa, White conseguiu diminuir a aura de violência que o MMA tinha junto ao público em geral. Propaganda, grandes patrocínios e o pay-per-view foram a receita seguida pelo grupo.
Mas, no Brasil, o golpe de sorte mesmo veio com a luta entre o lutador celebridade Vitor Belfort e Anderson Silva. Anunciada como a luta do século por Belfort, milhares de lares brasileiros assistiram a disputa entre os dois brasileiros. Mais conhecido por aqui, Belfort, que já namorou celebridades e participou de um reality show no país, era o lutador com maior simpatia dos espectadores.
Para surpresa de quem acompanhou o evento, o grande vencedor foi Anderson Silva, em uma luta que durou 3 minutos e 25 segundos. Depois disso, até quem não acompanhava o esporte queria saber como e por que aquilo tinha acontecido e, mais importante, quem afinal era Anderson Silva. Assim, o Brasil ganhava o seu Pelé do MMA. “Ninguém se interessa em ver um esporte em que seu país não tem um campeão”, avalia Eduardo Ferreira, editor das revistas especializadas Tatame e UFC Brasil. “Foi nessa luta em que o esporte realmente explodiu e viram que este era um evento sério.”
O esporte foi angariando novos admiradores, mais gente começou a acompanhar as lutas e, claro, os números no Brasil foram ficando cada vez mais atrativos. Segundo o UFC, apenas no Rio de Janeiro, o evento movimentou R$ 66,8 milhões e gerou 435 empregos em 2011. Consequentemente, o UFC começou a ser procurado por prefeitos e governadores que também queriam esse pequeno milagre econômico em suas cidades e estados. Rapidamente, White anunciou que o UFC teria eventos em outros lugares como São Paulo, onde gira boa parte da riqueza no país; Manaus, cidade natal de muitos dos lutadores; Curitiba; Distrito Federal e Recife. Com tantas empresas apostando no mercado emergente brasileiro, não seria White a torcer o nariz para isso.
Outro a querer seguir o embalo do UFC foi o futebol. O pioneiro a incluir o MMA em seus planos de investimento foi o Vasco, em 2000, que montou um projeto e patrocinou atletas não só desta modalidade, mas também do judô e do jiu jitsu. Mais recentemente, os lutadores Paulo Thiago assinou com o Cruzeiro, José Aldo com o Flamengo e Rodrigo Minotauro com o Internacional. No UFC Rio, dia 14, o Avaí vai patrocinar Thiago Tavares. O Corinthians resolveu ir além. Fechou parceria com o campeão dos pesos-médios Anderson Silva e ainda inaugurou uma academia de MMA patrocinada por ele em seu clube. Nos bastidores, há boatos de que outros times já estariam estudando a possibilidade de copiar o exemplo. Para o UFC, não parece um mau negócio ter sua marca associada ao esporte que detém o maior número de fãs no país e em terras estrangeiras.
Twitter e novela
A fama do UFC tira proveito de dois fenômenos no Brasil: o Twitter e as novelas. Anderson Silva lidera o número de seguidores entre os lutadores e deve chegar a um milhão nos próximos dias. Os outros lutadores têm em média 500 mil seguidores. Para incentivar o uso da rede social, o UFC andou até premiando os lutadores mais ativos no microblog. Silva, Minotauro, Demian Maia e Cris Cyborg embolsaram US$ 5 mil por serem os mais seguidos. Maia, Minotauro e Silva ainda levaram mais US$ 5 mil por terem o maior crescimento percentual em número de seguidores.
Na novela das nove da Globo, atração conhecida pelo seu poder de aglomerar recordes de audiência, um dos personagens (Wallace) é lutador de MMA. Com problemas de saúde, ele passou a treinar outro personagem da trama. E assim, o UFC ganhou um pouco mais de publicidade por aqui. Até onde os especialistas no esporte sabem, a inclusão do personagem é apenas uma (feliz) coincidência, uma perspicácia do autor Aguinaldo Silva. Talvez uma forma de atrair também o público masculino para o folhetim. O fato é que, coincidência ou não, este é mais um ponto a favor do UFC e Dana White no Brasil.
O UFC em números
Espectadores – uma média de 12 mil. O UFC Rio reuniu um público de 15,1 mil pessoas
Bilheteria – a maior registrada até hoje foi de 55 mil ingressos vendidos, em evento no Canadá, que gerou um montante de R$ 18 milhões (cerca de US$ 9,7 milhões)
Impacto econômico – em cada cidade pela qual passa, o UFC movimenta um volume entre R$ 27,7 e R$ 73,9 milhões. No Rio de Janeiro, a organização informou que gerou um impacto econômico de R$ 66,8 milhões
Empregos – o UFC Rio, em 2011, gerou 435 empregos
Marca – segundo a Forbes, a marca UFC vale hoje R$ 1,84 bilhão (ou US$ 1 bilhão). Quando foi vendida pelos irmão Gracie ao empresário Dana White, a negociação foi de R$ 1,8 milhão (US$ 1 milhão)
Salários – um lutador em início de carreira ganha de R$ 11 mil a R$ 22 mil por luta. Se conseguir não se machucar, um lutador consegue lutar no máximo quatro vezes por ano. Já um lutador como Anderson Silva pode ganhar só em salário cerca de R$ 1 milhão a cada evento. Ao menos esse é o número divulgado oficialmente pela organização, mas especialistas no esporte estimam que os ganhadores façam bem mais dinheiro, uma vez que cada lutador tem uma negociação diferente com o UFC, o que inclui, por exemplo, participação nas vendas de pacotes pay-per-view
Patrocínio de atletas – o patrocínio de um atleta por um time de futebol gira em torno de R$ 5 mil a 15 mil mensais
Lutadores – são 36 só do Brasil, de um total de 266
Televisão – a programação do UFC é transmitida em mais de 150 países, alcançando mais de 1 bilhão de lares no mundo, com 21 idiomas diferentes. Recentemente, a Globo adquiriu com exclusividade os direitos de transmissão das lutas no Brasil
Fonte: Época Negócios
No país do futebol, é recente a paixão pelas artes marciais mistas (ou MMA, a sigla em inglês). A modalidade foi criada pelos lutadores brasileiros da família Gracie, com o nome de Vale Tudo. Inicialmente existiam poucas regras: os lutadores só não podiam morder e enfiar o dedo no olho do adversário, o que gerou uma aura de violência em torno do esporte.
A popularização começou depois de um longo trabalho de imagem feito pelo megaempresário americano Dana White – presidente do UFC que, junto com Frank e Lorenzo Fertitta, comprou a marca por US$ 2 milhões, em 2001. Com um esforço sistemático junto à imprensa, White conseguiu diminuir a aura de violência que o MMA tinha junto ao público em geral. Propaganda, grandes patrocínios e o pay-per-view foram a receita seguida pelo grupo.
Mas, no Brasil, o golpe de sorte mesmo veio com a luta entre o lutador celebridade Vitor Belfort e Anderson Silva. Anunciada como a luta do século por Belfort, milhares de lares brasileiros assistiram a disputa entre os dois brasileiros. Mais conhecido por aqui, Belfort, que já namorou celebridades e participou de um reality show no país, era o lutador com maior simpatia dos espectadores.
Para surpresa de quem acompanhou o evento, o grande vencedor foi Anderson Silva, em uma luta que durou 3 minutos e 25 segundos. Depois disso, até quem não acompanhava o esporte queria saber como e por que aquilo tinha acontecido e, mais importante, quem afinal era Anderson Silva. Assim, o Brasil ganhava o seu Pelé do MMA. “Ninguém se interessa em ver um esporte em que seu país não tem um campeão”, avalia Eduardo Ferreira, editor das revistas especializadas Tatame e UFC Brasil. “Foi nessa luta em que o esporte realmente explodiu e viram que este era um evento sério.”
O esporte foi angariando novos admiradores, mais gente começou a acompanhar as lutas e, claro, os números no Brasil foram ficando cada vez mais atrativos. Segundo o UFC, apenas no Rio de Janeiro, o evento movimentou R$ 66,8 milhões e gerou 435 empregos em 2011. Consequentemente, o UFC começou a ser procurado por prefeitos e governadores que também queriam esse pequeno milagre econômico em suas cidades e estados. Rapidamente, White anunciou que o UFC teria eventos em outros lugares como São Paulo, onde gira boa parte da riqueza no país; Manaus, cidade natal de muitos dos lutadores; Curitiba; Distrito Federal e Recife. Com tantas empresas apostando no mercado emergente brasileiro, não seria White a torcer o nariz para isso.
Outro a querer seguir o embalo do UFC foi o futebol. O pioneiro a incluir o MMA em seus planos de investimento foi o Vasco, em 2000, que montou um projeto e patrocinou atletas não só desta modalidade, mas também do judô e do jiu jitsu. Mais recentemente, os lutadores Paulo Thiago assinou com o Cruzeiro, José Aldo com o Flamengo e Rodrigo Minotauro com o Internacional. No UFC Rio, dia 14, o Avaí vai patrocinar Thiago Tavares. O Corinthians resolveu ir além. Fechou parceria com o campeão dos pesos-médios Anderson Silva e ainda inaugurou uma academia de MMA patrocinada por ele em seu clube. Nos bastidores, há boatos de que outros times já estariam estudando a possibilidade de copiar o exemplo. Para o UFC, não parece um mau negócio ter sua marca associada ao esporte que detém o maior número de fãs no país e em terras estrangeiras.
Twitter e novela
A fama do UFC tira proveito de dois fenômenos no Brasil: o Twitter e as novelas. Anderson Silva lidera o número de seguidores entre os lutadores e deve chegar a um milhão nos próximos dias. Os outros lutadores têm em média 500 mil seguidores. Para incentivar o uso da rede social, o UFC andou até premiando os lutadores mais ativos no microblog. Silva, Minotauro, Demian Maia e Cris Cyborg embolsaram US$ 5 mil por serem os mais seguidos. Maia, Minotauro e Silva ainda levaram mais US$ 5 mil por terem o maior crescimento percentual em número de seguidores.
Na novela das nove da Globo, atração conhecida pelo seu poder de aglomerar recordes de audiência, um dos personagens (Wallace) é lutador de MMA. Com problemas de saúde, ele passou a treinar outro personagem da trama. E assim, o UFC ganhou um pouco mais de publicidade por aqui. Até onde os especialistas no esporte sabem, a inclusão do personagem é apenas uma (feliz) coincidência, uma perspicácia do autor Aguinaldo Silva. Talvez uma forma de atrair também o público masculino para o folhetim. O fato é que, coincidência ou não, este é mais um ponto a favor do UFC e Dana White no Brasil.
O UFC em números
Espectadores – uma média de 12 mil. O UFC Rio reuniu um público de 15,1 mil pessoas
Bilheteria – a maior registrada até hoje foi de 55 mil ingressos vendidos, em evento no Canadá, que gerou um montante de R$ 18 milhões (cerca de US$ 9,7 milhões)
Impacto econômico – em cada cidade pela qual passa, o UFC movimenta um volume entre R$ 27,7 e R$ 73,9 milhões. No Rio de Janeiro, a organização informou que gerou um impacto econômico de R$ 66,8 milhões
Empregos – o UFC Rio, em 2011, gerou 435 empregos
Marca – segundo a Forbes, a marca UFC vale hoje R$ 1,84 bilhão (ou US$ 1 bilhão). Quando foi vendida pelos irmão Gracie ao empresário Dana White, a negociação foi de R$ 1,8 milhão (US$ 1 milhão)
Salários – um lutador em início de carreira ganha de R$ 11 mil a R$ 22 mil por luta. Se conseguir não se machucar, um lutador consegue lutar no máximo quatro vezes por ano. Já um lutador como Anderson Silva pode ganhar só em salário cerca de R$ 1 milhão a cada evento. Ao menos esse é o número divulgado oficialmente pela organização, mas especialistas no esporte estimam que os ganhadores façam bem mais dinheiro, uma vez que cada lutador tem uma negociação diferente com o UFC, o que inclui, por exemplo, participação nas vendas de pacotes pay-per-view
Patrocínio de atletas – o patrocínio de um atleta por um time de futebol gira em torno de R$ 5 mil a 15 mil mensais
Lutadores – são 36 só do Brasil, de um total de 266
Televisão – a programação do UFC é transmitida em mais de 150 países, alcançando mais de 1 bilhão de lares no mundo, com 21 idiomas diferentes. Recentemente, a Globo adquiriu com exclusividade os direitos de transmissão das lutas no Brasil
Fonte: Época Negócios
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