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Goleiro que agrediu Elivelton com voadora quer pedir desculpas ao jogador


Sábado, 24/12/2011 - 17:35

A pacata cidade de Barão de Cocais, localizada a 93 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais, era o cenário da Taça pelo Horizonte de Juniores. O dia, 25 de julho, uma tarde comum, tranquila, à mineira. Em campo, Vasco e Sport se enfrentavam pela competição e os cariocas venciam de virada, por 3 a 1. Tudo corria na mais perfeita ordem até, o jogo caminhava para o seu final, quando, nos acréscimos, um lance mudou a vida do jovem goleiro rubro-negro, Gustavo, de 18 anos.

Na ocasião, após uma falta dura de um jogador do Sport, no meio-campo, alguns atletas das duas equipes trocaram empurrões. Nada demais, até o arqueiro rubro-negro decidir sair da sua meta para desferir uma voadora que atingiu o volante vascaíno Elivélton, que estava de costas para o lance. O jogador da equipe carioca caiu imediatamente e teve que ser levado ao hospital com suspeita de fratura na coluna.

O lance causou revolta entre os jogadores, torcida e critica esportiva. Em todos os noticiários o atleta foi alvo das mais duras criticas. Para não ser abordado por jornalistas, o goleiro foi isolado no quarto do hotel onde o elenco estava concentrado. Neste período, o arqueiro não conseguia entender os motivos que lhe levaram a agredir o companheiro de profissão. Atônito, ele via que, aos 18 anos, sua carreira poderia ter chegado ao fim antes mesmo de começar.

Conhecido por sua calma, o camisa 1 da equipe de júniores do Sport chegou até mesmo a ser dispensado pelo presidente do clube, Gustavo Dubeux, que logo em seguida decidiu dar uma nova chance ao atleta. Para isso, o goleiro foi submetido a um acompanhamento psicológico, com duas consultas semanais.

Passados cinco meses da agressão, Gustavo ganhou a chance de mostrar ao país que a aposta em sua recuperação deu certo e que ele pode ser um atleta profissional. Dedicado aos treinamentos, o goleiro recuperou a condição de titular da equipe que irá disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior, no mês que vem.

Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM/PE, o arqueiro revela tudo o que viveu desde a agressão a Elivelton. Gustavo fala do seu desejo de reencontrar o volante cruzmaltino para o pedir desculpas pessoalmente e ainda não encontrou em si mesmo a resposta para o ocorrido.

GLOBOESPORTE.COM/PE: Seus companheiros de clube e a comissão técnica relatam que você é um atleta muito calmo. Ao mesmo tempo, você teve uma atitude bastante reprovável ao agredir o jogador do Vasco. O que fez você agir dessa forma?

- Sinceramente, não sei. Não foi algo que eu pensei antes de fazer. Quando eu vi a confusão parti correndo e não imaginei agredir ninguém. Pensei muito no que tinha me levado a agredir o Elivélton, mas não foi algo pensado. Quando eu me dei conta já estava feito.

Mas você deu um golpe na nuca do atleta do Vasco, não esperava que isso poderia machucar seriamente o jogador?

- Não esperava nem acertar a nuca dele. Quando eu vi, ele já estava no chão e as pessoas vindo para cima de mim. Levei uns 30 segundos para fazer essa besteira e até hoje sofro as consequências. Estou muito arrependido de ter tomado essa atitude, mas infelizmente foi feito.

O que se passou na sua cabeça quando você viu o jogador sair de campo em uma maca?

- Não cheguei a ver quando ele saiu. Mas nem precisei disso para saber que fiz uma grande besteira. Não se faz isso com um companheiro de profissão. Quando cheguei no hotel e soube que ele poderia ter quebrado a coluna fiquei desesperado, mas graças a Deus isso não ocorreu.

Como foi lhe dar com a situação de ir depor em uma delegacia e sofrer varias crÍticas da imprensa?

- Foi muito complicado. Fiquei isolado no hotel, mas sabia de tudo que acontecia. Muita gente me chamou de marginal e quando eu tive que depor foi muito difícil a pressão foi muito grande, mas graça a Deus e ao apoio dos meus companheiros e familiares eu superei. Não sou violento e não gosto de agressão. Fiz uma burrada, só isso.

Você chegou a ser demitido pelo presidente do Sport. Pensou que poderia ter sua carreira encerrada após o acontecimento?

- Fiquei muito triste quando soube que eu poderia sair do Sport. Cheguei a pensar que seria difícil continuar jogando. Mas o presidente Gustavo Dubeux foi muito legal e me deu essa nova oportunidade. Tenho que agradecer aos meus companheiros e meus treinadores que me acompanham e me apoiam todos os dias.

Você está sendo submetido a um tratamento psicológico. Isso te incomoda de alguma forma?

- Sei que isso é para meu melhor. Esta me fazendo bem e me ajudando muito. Foi mais um incentivo que eu recebi do clube.

Agora você receberá uma nova oportunidade de vestir a camisa do Sport em uma competição nacional, o que espera da Copa São Paulo de Futebol Junior?

- Quero mostrar que eu sou um bom goleiro. Meu objetivo é fazer uma boa campanha com o Sport e mostrar para as pessoas que eu não sou o bandido que muitos falaram. Espero que as pessoas me perdoem pela burrada que fiz. Agora, vou construir uma carreira positiva.

Você começará 2012 disputando a maior competição da categoria, o que esperar do próximo ano?

- Quero voltar a ser reconhecido pelo meu futebol. Que as coisas ruins que eu vivi este ano não passem para o próximo ano.

Ao termino da entrevista, o goleiro Gustavo fez questão de revelar um desejo que lhe persegue desde o dia que agrediu o jogador vascaíno.

- Gostaria muito de poder encontrar o Elivélton. Seria muito importante para mim ter a oportunidade de olhar nos olhos dele e pedir desculpa. Já fiz isso através da imprensa, mas eu ficaria muito feliz se tivesse a chance de apertar a mão dele, lhe dar um abraço e me desculpar.


Gustavo, goleiro dos juniores do Sport-PE





Fonte: GloboEsporte.com