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Titular 'no susto', Cristóvão descarta voo solo e espera volta de Gomes


Sábado, 03/12/2011 - 13:47

Já era madrugada de 29 de agosto quando Cristóvão Borges fazia plantão no hospital Pasteur, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ela mal havia se recuperado do choque por ver Ricardo Gomes sofrer um AVC poucas horas antes, à beira do gramado do Engenhão durante o clássico Flamengo x Vasco. O amigo passara por uma cirurgia e seu estado era considerado crítico. Então, numa conversa com o presidente Roberto Dinamite e com o diretor executivo Rodrigo Caetano, ele recebeu a notícia de que assumiria o time até que o titular se recuperasse.

Ali, na sala de espera do hospital, começou a trajetória de Cristóvão Borges à frente do Vasco. E o que naquele momento era uma incerteza até para o próprio personagem pode se transformar no sucesso completo em caso de vitória sobre o Flamengo, derrota do Corinthians e, portanto, título do Campeonato Brasileiro. Mas apesar da confiança de um trabalho feito com extrema competência, o interino garante não pensar em aproveitar o momento e arriscar um voo solo.

- Não penso nisso. Quero cumprir essa missão e espero que seja com a conquista do título. Sei que, no futebol, quando se ganha só vem coisa boa. Mas meu maior desejo agora é ser campeão. Vou continuar ao lado do Ricardo. Sou grato a ele muito antes disso tudo acontecer. É uma pessoa com quem aprendi convivendo e trabalhando. Estamos aqui esperando o Ricardo. Fico feliz por ter podido dar continuidade ao seu trabalho de forma positiva e ter mantido o bom nível durante a temporada. Vou procurar fazer isso até que ele volte - disse.

Mas se mostra tranquilidade à beira do campo e no dia a dia de trabalho, Cristóvão Borges admite que viveu momentos de muita tensão ao assumir o comando do Vasco. Ele lembrou que, além do novo desafio, precisou conviver com a apreensão pela condição de saúde de Ricardo Gomes.

- Foi um começo muito difícil, pelas circunstâncias. Foi assustador, porque estavam todos em choque e meu amigo corria risco de morte. Assumir o time daquela maneira foi sofrido. Antes de tudo, pelo Ricardo, mas também pelo trabalho que vinha sendo feito. Precisei assumir o Vasco sob pressão e responsabilidade. Tudo isso no susto, de repente. As primeira semanas foram duríssimas. Perdi o sono e comi mal. Mas o grande trunfo era minha relação com os jogadores. Meu único alento era essa relação. E deu certo, porque são eles quem decidem - destacou.

Portanto, por tudo o que viveu em pouco mais de três meses, Cristóvão Borges sabe que ganhou a experiência de quase toda uma vida profissional. E lembrando suas conversas com Ricardo Gomes durante o período de recuperação, admite que o amigo foi determinante na conquista da independência e da confiança necessárias para ele pudesse conduzir o time do Vasco.

- Algumas vezes eu até tentei, mas o Ricardo não deixou que eu discutisse tática com ele. Uma vez nós iríamos enfrentar um adversário que apresentava um comportamento diferente daquele que nós havíamos enfrentado até então. Fui à casa dele com minha prancheta, mas ele se recusou a abordar o assunto. Falou algo como: “Se vira aí.”

Fonte: GloboEsporte.com