Ídolos do Vasco
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FAUSTO

Recebeu da crônica esportiva uruguaia o apelido de "Maravilha Negra", por causa da sua exuberante atuação na Copa de 1930, da qual sairia consagrado, apesar da penosa campanha da Seleção Brasileira, como o mais brilhante center-half daquela geração pioneira. Com o seu elegante estilo de matadas no peito, exímio controle de bola e passes longos, esse mulato alto e forte foi o primeiro de uma escola brasileira de jogadores clássicos de meio-campo. Também tinha uma coragem de leão e jamais brincava em serviço, sendo vigoroso na liderança dos companheiros.

Fausto impressionou tanto os espanhóis durante a excursão do Vasco em 1931, que foi imediatamente contratado pelo Barcelona. Logo depois, foi transferido ao Young Boys, de Berna, onde também ficou pouco tempo, voltando ao Vasco a tempo de se sagrar campeão em 1934. Fausto ganhou muito dinheiro na Europa, mas gastou tudo na vida boêmia, talvez compensando a discriminação que sofria e a sua origem humilde. Já declinando fisicamente, encerrou sua carreira no Flamengo, como zagueiro central. Tuberculoso, faleceu num sanatório, esquecido e na miséria, em 1939.

 

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FEITIÇO

Chegou ao Vasco como um jogador consagrado, que marcou época no futebol paulista e uruguaio. Feitiço era um jogador de alta técnica, especialista no sem-pulo e ótimo cabeceador. Era também dono de um temperamento forte, de quem não levava desaforo para casa - chegou a desacatar o presidente Washington Luís, que estava assistindo a uma partida entre as seleções carioca e paulista. Feitiço foi artilheiro do campeonato paulista inúmeras vezes, inicialmente pelo São Bento em 1923/24/25 e depois pelo Santos em 1929/30/31. No Santos, figura como segundo artilheiro de todos os tempos, superado somente por Pelé. Na década de 1920, foi titular absoluto da Seleção Paulista e jogou também pela Seleção Brasileira. No Peñarol, de Montevidéu, foi também campeão nacional e artilheiro.

Foi com esta bagagem que Feitiço, com quase 35 anos, desembarcou no Rio para defender o Vasco, depois de três temporadas no Uruguai, e logo na estreia marcou dois gols, num amistoso em que o Vasco venceu o Botafogo por 3x0, em maio de 1936. No Vasco, Feitiço continuou a mostrar a sua vocação para o gol, sendo destaque no título carioca de 1936, quando foi o artilheiro da equipe com nove gols, e inclusive marcando ambos os gols da vitória por 2 a 1 sobre o Madureira na decisão do campeonato. No campeonato de 1937 foi o vice-artilheiro do time com 14 gols, atrás de Niginho, o artilheiro do campeonato.

 

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FONTANA

Companheiro constante de Brito formando a dupla de zagueiros de área do Vasco na década de 1960, Fontana era o xerife da defesa, marcador duro que não se intimidava nem quando tinha que marcar a Pelé. Aliás, ele e Pelé saíram expulsos juntos em pelo menos duas oportunidades. Numa época em que a técnica era artigo em falta em São Januário, Fontana colocava o coração nas partidas e contagiava o time, que em várias ocasiões acabava se superando para alcançar viradas antológicas na base do entusiasmo. A ilustrar essa característica de Fontana está uma vitória na Taça Guanabara de 1967 sobre o Botafogo, que se tornaria o campeão da competição. Depois de estar perdendo por 2 a 0 até os 29 minutos do segundo tempo, o Vasco virou o jogo na raça, chegando à vitória com um gol de cabeça de Fontana. A exemplo de Brito, Fontana deixou o Vasco alguns meses antes da Copa de 1970, da qual participou como reserva de Piazza, seu novo companheiro de equipe no Cruzeiro.

Depois de abandonar o futebol, Fontana foi traído pelo mesmo coração que era uma de suas grandes virtudes como jogador. Durante uma pelada na sua terra, no Espírito Santo, teve um ataque cardíaco e morreu aos 39 anos.

 

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FRIAÇA

Centroavante dotado da versatilidade de atuar em todas as posições do ataque, Friaça se caracterizava pela rapidez, pontaria e potência do chute. Graças a essas qualidades, tornou-se um dos maiores artilheiros do Vasco, onde atuou a maior parte de sua carreira em três períodos distintos durante onze anos, tendo marcado mais de cem gols em quase duzentos jogos vestindo a camisa cruzmaltina.

Na Seleção, atuou entre 1947 e 1952, escalado geralmente como ponta. Foi vice-campeão mundial em 1950 e campeão pan-americano de 1952. Seu único gol foi justamente na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã. Foi o primeiro gol brasileiro em uma final de Copa do Mundo. O gol de Friaça no início do segundo tempo colocou a Copa nas mãos do Brasil, mas depois aconteceu a tragédia da virada do Uruguai.

Friaça veio para o Vasco com 19 anos após se destacar pelo Ipiranga, de Carangola(MG), num amistoso contra o Vasco. Nos seus primeiros anos em São Januário, Friaça atuava mais pelo Expressinho, como era conhecido o time misto do Vasco, que fazia muitos amistosos pelo Brasil, além de disputar e vencer competições como o Torneio Relâmpago e Torneio Municipal. Afinal, em 1947, Friaça foi guindado a titular do Expresso da Vitória, em revezamento com Dimas, outro jovem promissor que despontava em São Januário. Assim, participou com destaque das conquistas do Torneio Municipal de 1946 e 1947, do Torneio Relâmpago de 1946, do Campeonato Carioca de 1947, invicto, e do Campeonato Sul-Americano de Clubes de 1948, também invicto. Em 1949, Friaça foi para o São Paulo e naquele mesmo ano se sagrou campeão paulista e artilheiro do campeonato. Depois de passar pela Ponte Preta, de Campinas, voltou ao Vasco em 1951 e foi campeão carioca no ano seguinte. Após um breve empréstimo ao Guarani, de Campinas, em 1953, voltou novamente para o Vasco, onde permaneceu até o encerramento de sua carreira em 1954.

 

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GEOVANI

Foi um jogador de grandes virtudes e também de grandes defeitos. Geovani veio de Vitória para os juniores do Vasco com 16 anos, tido como uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Foi considerado o melhor jogador do Campeonato Mundial de Juniores de 1983, quando o Brasil conquistou o seu primeiro título mundial da categoria. Geovani poderia ter se consagrado na sua carreira, a exemplo de outros seus companheiros da seleção de juniores como Bebeto, Dunga e Jorginho, principalmente levando-se em conta que o seu talento para a armação de jogadas e lançamentos longos encontrava-se em escassez no futebol brasileiro. Mas foi prejudicado pela lentidão e excesso de individualismo em algumas oportunidades, defeitos incompatíveis com o futebol moderno, que davam ao seu estilo a aparência de ultrapassado.

Varios técnicos tentaram mudar estas suas características, com sucesso apenas temporário. Mesmo assim, Geovani passou uma grande fase no Vasco, onde durante anos foi o cérebro do meio-campo, principalmente durante o bicampeonato de 1987/88. Nesta altura, foi para a Itália, no rastro do êxodo de jogadores brasileiros, porém não se adaptou e acabou voltando ao Vasco. Depois de passar algum tempo lutando contra a tendencia a engordar, teve um importante reaparecimento na equipe titular a partir do segundo turno do campeonato carioca de 1993, quando deu outra qualidade ao meio-campo e o Vasco arrancou para o bicampeonato.

 

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IPOJUCAN

Apesar de ter sido um dos jogadores mais altos do seu tempo, com 1,90m, Ipojucan era um meia habilidoso e criativo, comparado por muitos a um malabarista com a bola. Seus dribles de efeito, passes de calcanhar e lançamentos inteligentes eram sensacionais e, graças as suas jogadas surpreendentes, Ademir marcou dezenas de gols. Além disso, Ipojucan também sabia fazer gols. Arredio, detestava treinar e era psicologicamente frágil. Durante o intervalo da final do campeonato estadual de 1950, não queria voltar a campo alegando sentir-se mal, mas foi forçado debaixo de safanões do técnico Flavio Costa. Mesmo alheio a partida, caído pela ponta direita, deu um magnífico passe para Ademir marcar o gol do título. Depois de participar da conquista de vários títulos pelo Vasco, e de integrar a Seleção Brasileira, foi para a Portuguesa de Desportos.

 

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ITÁLIA

Capitão de muitas batalhas no Vasco e na seleção, Itália era um louro de porte atlético, cara de menino, pouco aberto mas educado, companheiro de Espanhol ou Brilhante numa zaga que marcou época. Não era o tipo de líder falador, de gestos arrogantes, preferindo impor-se pela presença enérgica diante do adversário. Foi titular da Seleção Brasileira na Copa de 1930. Pela Seleção, conquistou também a Copa Rio Branco no Uruguai em 1932. No Vasco, foi campeão carioca em 1929, 1934 e 1936 e tetra-campeao do Torneio Início, em 1929, 1930, 1931 e 1932. Foi o primeiro atleta profissional a se aposentar no Brasil.


Imagem do acervo da família de Itália.

 

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JAGUARÉ

Antes de se tornar jogador profissional, Jaguaré era estivador no cais do porto. Dizem que cada vez que estufava o peito para segurar numa só mão sacos de cinquenta quilos de farinha de trigo, havia sempre uma enorme assistência para bater palmas. Jaguaré jogava peladas no bairro da Saúde, onde era conhecido por "Dengoso", quando foi "descoberto" pelo zagueiro Espanhol, que o levou para um teste em São Januário. Jaguaré entrou no clube de tamanco e camisa fora da calça e num tempo só acabou com o treino. O ataque titular não o venceu nem uma vez. Foi imediatamente inscrito na Liga, não sem antes o Vasco empregar um professor particular para lhe ensinar a assinar o próprio nome nas súmulas. A partir daí, teve uma carreira fulminante. No mesmo ano em que estreou no Vasco, 1928, tornou-se titular da Seleção Brasileira. No ano seguinte foi campeão carioca pelo Vasco. Jaguaré gostava de realizar jogadas inusitadas, como rodar a "bichinha" na ponta do indicador após cada defesa, que muitas vezes fazia com uma só mão, inclusive nos pênaltis, segundo a lenda. Também arrancava aplausos em São Januário cada vez que, depois de uma defesa, atirava de surpresa a bola contra a cabeça do atacante adversário e a pegava novamente.

Em 1931, depois de uma vitoriosa excursão do Vasco a Portugal e Espanha, foi contratado pelo Barcelona, juntamente com Fausto, e de lá para o Olympique de Marselha, onde foi campeão nacional e deixou um rastro luminoso de fama, com o apelido de "Le Jaguar". Consagrou-se ao tomar apenas um gol durante a temporada, e supreendeu todo o estádio no último jogo, saindo da sua área para converter um gol de pênalti, para se vingar. Numa de suas vindas da Europa ao Brasil, Jaguaré voltou a São Januário e treinou usando luvas, o que foi uma novidade muito comentada. Por isso alguns dizem que ele introduziu o uso de luvas para goleiros no Brasil.

Jaguaré gastou todo o dinheiro que ganhou na Europa. Acossado pelo perigo da Segunda Guerra, retornou ao Brasil em definitivo e, em decadência, encerrou tristemente a carreira no São Cristóvão. Morreu praticamente na miséria no interior de São Paulo.

 

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JAIR

Muitas vezes chamado de Jair da Rosa Pinto, o Jajá de Barra Mansa, seu nome era Jair Rosa Pinto e era na verdade de Quatis, cidade próxima a Barra Mansa. Jair usava a canhota para dribles curtos, passes precisos e tirambaços mortais. Quem via suas canelas finas não acreditava na potência do seu chute, que ficou célebre. Ninguém cobrava uma falta com tamanha habilidade, sendo atribuída a ele a invenção do chute de curva.

Jair iníciou sua longa carreira no Madureira, integrando um trio de ataque infernal com Lelé e Isaías, conhecido como Os Três Patetas. Os três foram de uma só vez para o Vasco, cujo técnico Ondino Viera começava a armar o Expresso da Vitória. Foi titular durante o campeonato invicto de 1945 ganho pelo Vasco. Insatisfeito por ser às vezes deixado na reserva, deixou o clube para ir jogar no Flamengo, mas enquanto esteve lá este nunca derrotou o Vasco. Participou de várias seleções cariocas e brasileiras, inclusive sendo titular durante a Copa de 1950. Depois de uma passagem marcante pelo Palmeiras, foi campeão pelo Santos já com quase 40 anos, fazendo lançamentos para um adolescente chamado Pelé.

 

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JORGE

Integrante da famosa linha média do Expresso da Vitória, Eli, Danilo e Jorge, conquistou a torcida como um marcador implacável e eficiente. Considerado um dos melhores do Vasco na sua posição em todos os tempos. Foi titular da Seleção Carioca que se sagrou campeã brasileira em 1946. Pelo Vasco, foi campeão carioca nos anos de 1947, 1949, 1950 e 1952, e campeão sul-americano de clubes em 1948.

 

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JUNINHO

Juninho era titular da seleção de juniores quando foi contratado pelo Vasco. Ele veio do Sport Clube Recife em meados de 1995, juntamente com o atacante Leonardo, antes do início do Campeonato Brasileiro. Os dois estrearam em amistosos de meio de ano e arrebentaram no primeiro jogo de campeonato, contra o Santos, quando o Vasco virou para 5x3 um jogo que perdia por 2x0 na primeira meia hora. Leonardo fez dois gols e Juninho, um. Leonardo acabou não dando certo e deixou o Vasco no fim de 1995, mas Juninho mostrou um grande futebol e veio a se constituir não somente no dono da sua posição nos diversos elencos formados pelo Vasco durante a segunda metade da década - a maioria fortíssimos e vencedores - como também num jogador fundamental em todos os títulos conquistados pelo Vasco naquele período.

Juninho costumava ocupar principalmente o setor direito do meio-campo, com todas as virtudes que um jogador nesta função precisa para ser considerado completo: Passava, driblava e chutava como ninguém, sendo inclusive um exímio cobrador de faltas, era bom marcador e estava sempre bem colocado para armar ataques e contra-ataques e pegar rebotes. Além disso era disciplinado, tinha espírito de liderança e muita determinação. Foi um jogador totalmente identificado com o clube e com a torcida, que o saudava a cada jogo com o coro hei hei hei, Juninho é nosso rei, daí o seu apelido de Reizinho de São Januário. Não se pode encontrar uma explicação lógica para o fato de ter sido preterido em muitas convocações para a Seleção Brasileira, especialmente nas Copas de 1998 e 2002, levando-se em conta a escassez de craques brasileiros com a característica de apoiar pelo lado direito.

A primeira era de Juninho no meio-campo do Vasco foi bastante vitoriosa, com títulos em dois campeonatos brasileiros, uma Copa Libertadores, uma Copa Mercosul, um Torneio Rio-São Paulo e um campeonato estadual. Em todos eles, Juninho foi decisivo, com jogadas e gols inesquecíveis, como por exemplo, o gol de falta que marcou contra o River Plate em pleno Monumental de Nuñez, na semifinal da Copa Libertadores de 1998, empatando a partida a oito minutos do apito final; o gol do título do Rio-São Paulo na vitória de 2x1 sobre o Santos; os gols que abriram caminho respectivamente para a demolição do Cruzeiro no Mineirão na semifinal do campeonato brasileiro de 2000 e para a conquista do título na partida final contra o São Caetano no Maracanã; e muitos outros.

Na partida final da Copa Mercosul de 2000, em que o Vasco conseguiu uma vitória histórica por 4x3, de virada, contra o Palmeiras, em pleno Parque Antártica, uma das cenas mais marcantes foi a comemoração de Juninho num dos gols do Vasco, sacudindo a camisa, beijando a cruz de malta, contagiando os companheiros de equipe e a torcida aos gritos.

O ídolo foi eternizado num trecho do canto que a torcida criou em 2007:

Contra o River Plate, sensacional!
Gol do Juninho, no Monumental!

Em junho de 2011, Juninho voltou ao Vasco, recepcionado com uma grande festa em São Januário, e permaneceu até o final de 2012. Ele pretendia encerrar a carreira no clube, porém esse projeto teve que ser adiado por causa de uma oferta irrecusável que o atraiu para o New York Red Bulls, dos EUA.