Em 1970, Vasco encerrou jejum de 12 anos também com vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo

Segunda-feira, 04/05/2015 - 04:24
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“E viva, viva o Vasco: o sofrimento/há de fugir, se o ataque lavra um tento./Time, torcida, em coro, neste instante,/Vamos gritar: Casaca! ao Almirante,/E deixemos de briga, minha gente./O pé tome a palavra: bola em frente”.

Os versos acima, do poema “A Semana foi Assim”, publicado em “Quando é Dia de Futebol”, são de autoria de um dos maiores gênios da história brasileira: o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que radicado no Rio, se apaixonou pela equipe de São Januário. Fosse ainda vivo, o escritor poderia republicar tais frases para exaltar a conquista do 23º título estadual na noite deste domingo, no 2 a 1 sobre o Botafogo, no Maracanã. Com isso, os vascaínos não apenas vão festejar a taça erguida desta vez, mas puderam pôr fim ao incômodo jejum de 12 anos sem ganhar o Campeonato Carioca. Foi também a primeira vez em que a equipe superou os alvinegros em uma final do campeonato local, depois dos insucessos em 1948, 1968, 1990 e 1997.

Por coincidência, foi contra o mesmo rival alvinegro que o Vasco celebrou o título de 1970, a 17 de setembro daquele ano, pondo fim a outro jejum de 12 anos, que já durava desde 1958, quando o time de São Januário ganhara um de seus títulos mais admiráveis: o do Super-Super-Campeonato, em dois turnos extras contra Botafogo e Flamengo, depois que os três times haviam terminado empatados em pontos corridos durante o campeonato.

Em 1970, ano do tricampeonato mundial pela seleção no México, em junho, a equipe vascaína entrara desacreditada no Carioca. Mas, graças ao trabalho do experiente técnico Elba de Pádua Lima, o Tim, e a um conjunto de que faziam parte o goleiro argentino Andrada, que tinha passagens pela seleção de seu país; Fidélis, também com passagem pela equipe nacional; o jovem Alcir e o experiente Bougleux no meio-campo; o atacante Valfrido, o ponta Gilson Nunes e o camisa 10 Silva, que já tinha passagens pela seleção brasileira, o clube chegou ao título — na época por pontos corridos — superando o Botafogo, que já não tinha mais chances de conquista, por 2 a 1. A partida se deu a 17 de setembro de 1970, no Maracanã, com gols de Gilson Nunes, de falta, e Valfrido, com Ferretti descontando.

A taça erguida neste domingo vai servir também como um presente para os cem anos da criação do Departamento de Futebol vascaíno, em novembro de 1915, já que o clube havia sido fundado a 21 de agosto de 1898 para a prática do remo. O começo foi lento, e embora já fosse um grande campeão nas regatas, o Vasco era ainda iniciante no futebol. Foi crescendo pouco a pouco até chegar à Primeira Divisão em 1923, ganhando o título carioca logo no ano de sua estreia, com um time com atletas negros, de classes e profissões consideradas inferiores e que não eram aceitos pelas outras equipes. Anos mais tarde, em 1945, o Expresso da Vitória, a melhor equipe da história do clube, levantava o primeiro de seus três campeonatos cariocas invictos (os outros foram em 1947 e 1949), além de ganhar também, invicto, no Chile, o Sul-Americano (precursor da Copa Libertadores da América) e os cariocas de 1950 e 1952 (estes não invictos). Também noutro ano de final 5, em 1965, a equipe vascaína pôde comemorar a primeira Taça Guanabara (2 a 0 sobre o Botafogo), que na época era uma competição à parte do Campeonato Carioca e classificava para a Taça Brasil, o Brasileira da época.

Ao todo, o Vasco tem 23 títulos cariocas, e a lista das principais conquistas que embelezam a Sala de Troféus em São Januário inclui:

Estaduais: 1923, 1924, 1929, 1934, 1936, 1945, 1947, 1949, 1950, 1952, 1956, 1958, 1970, 1977, 1982, 1987, 1988, 1992, 1993, 1994, 1998, 2003 e 2015

Campeonatos Brasileiros: 1974, 1989, 1997 e 2000

Copa do Brasil: 2011

Brasileiro da Série B: 2009

Torneio Rio-São Paulo: 1958, 1966 e 1999

Sul-Americano de Clubes: 1948

Copa Libertadores da América: 1998

Mercosul: 2000

Octogonal Internacional Rivadávia Corrêa Meyer, no Rio: 1953

Torneio de Paris (França) e Taça Tereza Herrera (Espanha): 1957

Quadrangular Internacional do Quarto Centenário do Rio de Janeiro: 1965

Copa de Ouro (EUA): 1987

Torneio Ramon Carranza (Espanha): 1987/88/89




Fonte: O Globo Online