Roberto Dinamite quase jogou no Urubu, mas acabou retornando para o Vasco após passagem pelo Barcelona
Terça-feira, 10/01/2023 - 03:24
Maior ídolo da história do Vasco, Roberto Dinamite, que faleceu neste domingo, por muito pouco não teve sua trajetória em São Januário "manchada" por uma transferência para o maior rival. Em 1980, quando defendia o Barcelona, ele esteve a um passo do Flamengo e chegou a falar como jogador rubro-negro.

Uma reviravolta no último momento, no entanto, o trouxe de volta a seu clube de coração. O retorno foi apoteótico, com uma das maiores atuações individuais que o Maracanã presenciou. Dinamite marcou cinco gols na vitória por 5 a 2 sobre o Corinthians.



Em 2020, em entrevista ao ge, Roberto recordou a quase transferência para o Flamengo, o "chapéu" de Eurico Miranda no rival e a atuação de gala contra o Corinthians. E são essas histórias, com depoimentos de Dinamite, que recordamos abaixo.

Após quase dez anos como profissional do Vasco, Roberto Dinamite foi negociado com o Barcelona no fim de 1979. Chegou com status de craque, marcou dois gols na estreia, mas perdeu espaço por conta da troca de treinador no clube catalão. Sem jogar, foi procurado pelo Flamengo para retornar ao Brasil. O então presidente rubro-negro Márcio Braga foi à Espanha, assinou um pré-contrato com o clube catalão e praticamente concretizou a negociação.

- O Roberto deve chegar ao Brasil na próxima segunda, acompanhado de um dirigente do Barcelona – disse Márcio Braga, na ocasião.



Por telefone, à TV Globo, Roberto confirmou a negociação avançada e praticamente falou como jogador rubro-negro.

- Posso até antecipar a viagem, dependendo da conversa que terei com o presidente do Barcelona. Faltam poucas coisas para acertar, e assim posso regressar ao Brasil o mais rápido possível. Quanto mais craques, melhor para a equipe. Que eu possa brilhar, dar alegrias e marcar os gols que a torcida do Flamengo tanto espera. Claro que com a colaboração de Zico, Carpegiani, Adílio e todos jogadores – disse Dinamite, na ocasião.

O quase acerto caiu como uma bomba em São Januário. Procurado antes, o Vasco não havia demonstrado interesse. A prioridade era receber o que o Barcelona ainda devia pela compra de Roberto há alguns meses. No entanto, pressionado pela proximidade do acordo entre Roberto e o rival, o cartola vascaíno Olavo Monteiro de Carvalho enviou Eurico Miranda a Barcelona para atravessar a negociação. O coração vascaíno pesou, e Dinamite acabou retornado a São Januário.



- Minha volta ao Vasco começou a partir do interesse do Flamengo. O Marcio Braga foi a Barcelona para me contratar. Em um primeiro momento, o Vasco não demonstrou interesse na volta, mas no Brasil começou uma pressão grande. Foi um fim de semana inteiro, todo mundo falando disso. E eu no meio da confusão. Com a pressão do torcedor, o Vasco mudou de ideia, me ligou, entrou em contato com o Barcelona e mandou o Eurico Miranda para Espanha. Eles conversaram e a decisão de voltar para o Vasco foi minha – recordou Roberto.



- Naquela época, o jogador tinha outro tipo de relação com o clube. O cara pensava em ficar a carreira no clube. Quando sai para o Barcelona já tinha 10 anos de Vasco. Era diferente, mexia comigo. O mercado era outro. Foi difícil sair do Vasco. As decisões eram mais baseadas no coração. Eu comecei no Vasco com 14 anos. Isso teve um peso grande na decisão. Poderia ter jogado naquele time da década de 80 do Flamengo? Poderia. Daria certo no Flamengo? Talvez. Mas tinha algo maior na minha decisão. Sinceramente, priorizei voltar para o Vasco.

Poucos meses após ser negociado com Barcelona, Dinamite estava de volta ao Vasco nos braços da torcida. Foi recebido com festa no aeroporto. A reestreia aconteceu em duelo contra o Náutico, em Pernambuco. Mas o reencontro com a torcida, e jogo que entrou para a história, foi o seguinte, em 4 de maio de 1980, contra o Corinthians, no Maracanã.

Naquela noite, Dinamite acabou com qualquer dúvida que o torcedor poderia ter, após passagem apagada pelo Barcelona. Marcou todos os cinco gols do Vasco e mostrou que voltou para fincar de vez seu nome na história do clube.

- Fazer cinco gols contra o Corinthians, que tinha um time do c..., foi muito bacana. Foi a única vez que fiz cinco gols, que eu me recorde. É a magia do futebol. Voltei para o Brasil como uma interrogação, pois não fui bem no Barcelona. Aí volto contra o Corinthians, no Maracanã, com um público enorme (cerca de 107 mil pessoas) e marco cinco gols. Guardo esse jogo com muito carinho. Foi uma das minhas grandes atuações. Até porque foram gols bonitos - recorda Roberto.



O curioso é que, justamente o Flamengo, que havia tentando sua contratação, fez a preliminar contra o Bangu, naquela noite. Parte da torcida permaneceu para o jogo do Vasco, e alguns rubro-negros levaram faixas "Fla-Fiel". Não deram sorte, mas presenciaram uma das maiores atuações individuais que o Maracanã já viu. Um verdadeiro show de Dinamite, fiel à Cruz de Malta e ao doce hábito de fazer gols.

Fonte: ge