Sérgio Frias: 'Caso como o de Escudero é um dos motivos pelos quais o Vasco fez crescer a dívida como se viu'
Quinta-feira, 24/03/2022 - 07:42
Sérgio Frias @SergioEduFrias
Caso como o de Escudero é um dos motivos pelos quais o Vasco fez crescer a dívida como se viu. Em todas as gestões, como nessa, atletas saem e nem sempre o clube cumpre aquilo que deve. Acontece não só no Vasco, mas nos outros grandes do país.

Pelo princípio da continuidade administrativa, quem entra resolve tais problemas em acordos e os cumpre, ou de prima. Foi assim que foram sendo pagos em 2015, 2016 e 2017 parceladamente atletas campeões da Copa do Brasil de 2011, Rodrigo Caetano, entre outros profissionais.

Vale lembrar que o Vasco à época (em 2015) fez os acordos para pagar o passado, mas não tinha uma joia da base para vender, o que ocorreu no início das duas gestões subsequentes.

Ocorre que quando a gestão sucessora a dele teve em mãos quase R$50M limpos, sua turma entendeu que o pagamento imediato de salários atrasados da outra gestão (dezembro, 13º) e acordos já firmados (atrasados) atrapalharia o fluxo de caixa para pagamento de salários vindouros.

Com isso, deixaram o dinheiro parado para pagar salários subsequentes. Como não tinham poder de captação deixaram o para trás sem prioridade de pagamento (atitude diametralmente oposta a da gestão anterior, que buscou resolver e acordar o que a de Dinamite não havia pago).

Com isso (não continuidade de cumprimento de acordos, pendências com atletas e salários de dezembro e décimo terceiro largados, a princípio), a dívida vai aumentando com o tempo. Além disso, fazer acordos e não cumpri-los também onera mais ainda o clube em execuções.

Na atual gestão, houve canos, exclusão do Ato Trabalhista, calote no condomínio criado pela antecessora e entrada no Concurso de Credores, admitindo-se não ter como pagá-lo no futuro. Para deixar salários em dia pegou 70M emprestados, dando como garantia 4 atletas da base.

Jorge Salgado, afirmou recentemente que a dívida do Vasco aumentou porque inicialmente se devia 10 mil, 100 mil, um milhão... É assim em todos os clubes grandes, afinal o Vasco, entre eles possui a 6ª dívida, equacionável, afinal a de 688M de 2014 o foi no triênio seguinte.

Mas vamos entender porque ela não é muito mais baixa? O fato é que desde a chegada do MUV, em 2008, viu-se como uma boa ideia deixar de pagar acordos e dizer que tais não eram de sua conta.

Por exemplo:

Se o atleta Giovane Gávio estava recebendo seu acordo, descumpra-o, deixe que incidam multas, juros e aí faz-se um novo. Se não for pago, tudo bem. O valor vai aumentando e o carimbo fica com a gestão do Calçada em 2000.

Se Romário estava sendo pago desde 2004, até jun/2008, deixe de pagar e apresente a dívida a maior como não sendo sua. Sim, é mera politicagem endividando o clube cada vez mais. Aí, após dois mandatos (como no caso de Dinamite), a dívida (real) aparece quase triplicada

O período de exceção disso, pós 2008, se deu no de Eurico Miranda no poder, quando, de fato, o clube mostrou item a item do que pagava e a quem pagava, sem contestações em dez 2016. Mais dívidas foram pagas no ano seguinte e outros acordos celebrados. https://www.netvasco.com.br/n/187144/eurico-miranda-mostrou-ao-cd-a-situacao-patrimonial-e-financeira-do-vasco-veja-o-material-apresentado

Houve problemas no 2º semestre do último ano da gestão de Eurico (2017), mas tais ocorreram porque o Vasco optou por não vender o atleta Paulinho barato, em julho, e ficar com o ônus de poder faltar fôlego no período eleitoral. Até ali 90% do que se tinha de pagar era pago.

Fica a pergunta. Deveria Eurico Miranda ter vendido Paulinho barato para garantir sua reeleição com pagamentos de praticamente tudo em dia até o fim daquele ano, sem contestações, ou agiu certo em correr o risco de vir a ter problemas nos últimos meses e ser bombardeado por isso?

Respondo: se houvesse o reconhecimento por parte da torcida pelo que fora feito por ele no triênio, poderia sim não vender, mas sabendo o que ocorreria caso o MUV voltasse, o prejuízo seria dele próprio e do Vasco, como foi, por politicagem. O caso de Escudero é uma prova disso.

Ah, sim. E o Mateus Vital, o suposto xeque da Bobolândia? O Vasco vendeu por 2 milhões de euros e hoje, 4 anos depois, vale quanto? A venda à época serviu para pagar uma pendência do clube com o empresário Carlos Leite, que havia adiantado R$12 milhões em 2016. Por qual motivo?

Pagamento pela compra do atleta Éder Luís que o MUV não fez, nem mesmo quando depois emprestou o atleta em 2013. A questão foi parar na FIFA, onde até 2008 o Vasco não tinha ação contra si, mas que em 2015, quando do retorno de Eurico, colecionava várias, pelos calotes do MUV.

A venda de Mateus Vital serviu também para que a dívida do Vasco com o empresário zerasse, ele adiantasse R$11 milhões à gestão seguinte, que seriam descontados da venda de Paulinho, ocorrida menos de 90 dias após, pelo dobro da que poderia ter sido feita em jul/ago/2017.

Diante disso, entende-se porque a dívida, que em jan/2001 beirava 150M, em jun/2008 (com direito a torniquete financeiro global por 18 meses) estava entre 220 e 250M (dívida real), foi para 688M em 2014, caiu para 590M em 2017 (645 segundo o MUV) e depois cresceu cerca de 200M.

Fonte: Twitter Sérgio Frias