Salgado: 'Vamos iniciar período de reestruturação com muito trabalho e luta'; veja tópicos da coletiva
Sexta-feira, 26/02/2021 - 16:45
Jorge Salgado, acompanhado de seus vice-presidentes e do executivo de futebol, Alexandre Pássaro, concedeu coletiva nesta sexta-feira para discutir o planejamento do Vasco para a próxima temporada. Ao lado de Carlos Roberto Osório (VP Geral), Duque Estrada (VP Geral) e de Alexandre Mendes (VP de Finanças), o presidente e o responsável pelo futebol explicaram os próximos passos após a queda para Série B, inclusive a busca por um novo treinador.

- Parece que a gente já está há um ano depois de tanta coisa que já aconteceu. Poderíamos falar do passado recente e das dificuldades que encontramos, mas isso é passado e não vai resolver. A dívida é enorme, tivemos um baque indo para a Segunda Divisão e vamos ter uma perda de receita considerável. Vamos iniciar período de reestruturação com muito trabalho e luta. Vamos combater o desperdício. Vamos ter que fazer ajuste muito grande em todas as áreas. Estou falando de funcionários, atletas e fornecedores para nos ajustarmos - disse Jorge Salgado, em pronunciamento de abertura.

Apesar de citar o rebaixamento para Série B, concretizado nesta quinta, na última rodada, Jorge Salgado lembrou que o clube ainda busca a anulação da partida contra o Inter, no STJD, e afirmou que o time não merecia cair.

- No futebol, infelizmente por um ponto a gente não permaneceu na Primeira Divisão. Vocês têm acompanhado o trabalho da nossa área jurídica para tentar rever isso. Sabemos que é difícil, mas desde o primeiro momento em que nos sentimos prejudicados, nós tomamos providências. Não é ficar chorando o leite derramado, mas o Vasco não merecia em hipótese alguma esse rebaixamento. Nosso time não é inferior a outros que estão melhores colocados. Fazendo uma conta, tínhamos de fazer 48 ou 50 pontos. Tivemos 18 intervenções de VAR contra o nosso clube, em três ou quatro fomos prejudicados, inclusive contra o Internacional. Vamos aguardar o que a Justiça vai fazer no sentido de reestruturar o futebol, mas as providências estão sendo tomadas.

Busca por um novo treinador

Obviamente, a busca pelo substituto de Vanderlei Luxemburgo também pautou a coletiva de imprensa. O clube já fez consultas por Marcelo Cabo, Pintado, Lisca e Fernando Diniz, embora os dois últimos ainda sejam considerados muito difíceis. Pássaro confirmou que Marcelo Cabo, atualmente no Atlético-GO, é um dos nomes analisados, ressaltou que vem conversando com alguns treinadores e acredita que o novo comandante comece a trabalhar na próxima semana.

- O planejamento está traçado porque temos jogo na quarta independentemente do treinador. É um processo de escolha, não é escolha ao léu e que chega de forma aleatória. Estão sendo analisados alguns nomes, estou falando com presidentes de clubes e com jogadores que trabalharam com esses treinadores - disse o diretor Alexandre Pássaro.

- Tanto o Marcelo Cabo, que é um treinador que está sendo analisados e os outros, não estão sendo seguidos como treinador com experiência de Série B. Qualquer nome encaminhado é competente para dirigir o Vasco em qualquer divisão. Pode ser um ativo conhecer a Segunda Divisão, mas não é isso que determina. Vai pesar método de trabalho, como é o time dele - disse Pássaro.

OUTROS TRECHOS

Cano e Benítez ficam?

É muito difícil individualizar os planos para cada um porque teríamos 33 planos. Ambos têm contrato e ambos cumprem o contrato. Muita gente fala em planejamento no futebol, e o nosso está sendo traçado, mas o grande trunfo do planejamento é saber adequá-lo o que acontece no dia a dia. As coisas mudam quando um jogador se lesiona ou se um da base sobe e sustenta posição. Esses dois jogadores, a princípio, seguem conosco. Conversei com eles ontem após o jogo, mas lembrando da dinâmica do futebol e olhando o desejo dos jogadores. Todo mundo tem que querer ficar no Vasco. Isso vamos aplicar aos dois jogadores - disse o diretor de futebol, Alexandre Pássaro.

Reformulação do elenco

- Lógico que existe, é um processo natural. Desde que cheguei, tenho conversado com atletas e entendido o desejo de permanência para começarmos a direcionar o plano de cada um e o nosso plano. É importante ouvir cada jogador. O plano que deve prevalecer é o plano do Vasco. Vamos traçar um plano de montagem de elenco, de quem que a gente gostaria que ficasse e de quem a gente entende que não é produtivo que fique. A gente não pode queimar etapa, expor profissional. Vamos trabalhar o plano de cada um na velocidade que a gente pode. Nosso entendimento é que precisamos mudar. Do jeito que está não está bom - disse Pássaro.

Perda de receita e cortes

- Esperávamos o campeonato terminar para poder ter mais certeza em relação ao futuro do ponto de vista de orçamento e de reestruturação do que temos de fazer. Já estamos adequando nosso novo orçamento, com perda de R$ 100 milhões em receita e crescimento da dívida de R$ 200 milhões. Tudo vai ser encaminhado no sentido de encontrar a reestruturação. Os primeiros serão os mais difíceis até chegar no orçamento para 2021. Em linhas gerais, vamos passar por um processo intenso de derrubar as nossas despesas.

Salários atrasados

- Esses 30 dias de gestão foram muito intensos, focamos muito no futebol. Criamos as melhores condições para o futebol. Demos as melhores práticas para o departamento de futebol no sentido de ter todas as condições. Nesse primeiro mês de gestão, conseguimos pagar duas folhas. É como se tivesse entrado em janeiro e paguei fevereiro e março, mas estou pagando o passado. Vamos passar algumas meses da nossa gestão pagando o passado.

- Nossa meta é perseguir o pagamento de salário em dia, combater o desperdício, melhorar todas as área e reconstruir o nosso clube no sentido de que ele volte para a Série A. O Vasco vai ser diferente daqui pra frente. Vamos tentar de todas as maneiras essa falta de compromisso com salários e etc. Vamos lutar muito por isso. Tenho certeza que vamos voltar muito mais fortes para a Série A.

Mudanças no futebol

- Sobre futuro/presente, é que nós precisamos trabalhar diferente. Não adianta continuar trabalhando como o Vasco vem trabalhando nesses 20 anos. Vamos fazer é mudar a forma de trabalhar o futebol, não adianta continuar com as mesmas pessoas e métodos.

- As mudanças são para melhorar o nosso trabalho. Mas muito mais duro e mais sofrido é passar o que passou nos outros quatro anos. É muito mais duro. Essas mudanças serão para melhorar ainda que haja cortes financeiros. Vamos melhorar o departamento de futebol. Vamos melhorar o carro-chefe e a razão pela qual o torcedor está vendo essa coletiva. Vamos mudar a metodologia, a forma de trabalhar e de acreditar - afirmou o diretor de futebol, Alexandre Pássaro.

- Além de tudo, nós temos que digerir esse ano em dois meses porque 2020 só acabou ontem. Temos que digerir numa semana porque na quarta-feira começamos a temporada de 2021. Quero dizer ao torcedor que tudo que estiver ao alcance do comitê será feito. O Vasco será um clube de processos. Podemos acertar ou errar, mas seja no futebol ou na base, que tem o Brazil na frente e com quem tenho a melhor relação. Não vamos seguir ondas, não vamos seguir pedidos e apelos porque isso não deu certo, é o que não vem dando certo no Vasco - concluiu Pássaro.

Venda de Talles

- Sobre o exemplo da venda do Talles ou de acelerar vendas de atletas da base, eu até vi essa notícia que saiu na semana passada. Não se acelera venda de ativos, vende-se quando entendemos que há um preço justo. Nossa realidade é a reestruturação do departamento de futebol. Sobre questão de utilização da base, lógico que ela é o futuro, mas a base do Vasco é muito bem trabalhada. É um ativo que não podemos deixar de usar. Cada jogador tem um processo. Quando fazem a transição, cada um responde de um jeito. É uma complexidade de informações e uma quantidade de nós que precisamos ir desatando. Nos meus outros trabalhos, fiz muito isso. Cito o exemplo do Brenner, que subiu com 17 anos, não jogou muito no São Paulo, foi emprestado ao Flu, não fez nenhum gol, e agora foi vendido por US$ 15 milhões. Aquele Brenner que era tachado como jogador que não servia mostra que serve e serve muito.

Novo rebaixamento

Não estou pessimista, o momento é muito difícil, mas no futuro temos saída. O Vasco é um clube enorme e tem uma torcida enorme. A torcida acompanha, sabe das nossas dificuldades, e tenho certeza de que ela estará nos apoiando.

STJD

Quem falou sobre a ação do Vasco no STJD foi o vice-presidente Duque Estrada.

- O objetivo da minha intervenção é trazer uma atualização sobre a impugnação da partida com o Inter. Como todos sabem, houve um lance um ajustado segundo a terminologia do VAR. E esse lance açodadamente foi marcado a validade do gol. Depois se viu um flagrante impedimento. Não está se discutindo erro de fato, mas um erro de direito. Quando vamos para uma competição esportiva, devemos saber que regras serão aplicadas. Portanto num jogo que tem um senhor operando instrumentos tecnológicos para rever lances, então torna de importância grande para jogadores e árbitros. Se começo a partida dizendo que tem VAR e ao longo dela ela não funciona, o regulamento está claramente equivocada.

- São três erros gravíssimos que apresentamos ao STJD. Verificou-se que não há teste de funcionamento que garanta o funcionamento das linhas de impedimento. O campeonato foi decidido no VAR. Imagine se ontem, se no jogo do Inter, a linha não funciona. Está descalibrada. Não ia valer? É gravíssimo. Não foram alertados se não estivesse funcionado. Existe um princípio do VAR que fala que a precisão é mais importante que a pressa. Se afirmou várias vezes que o erro foi corrigido em nove minutos. Existem casos que houve demora de mais de sete minutos de reinício de jogo. No nosso caso, em quatro minutos, o árbitro da cabine falou "Valeu o gol". Quem viu o vídeo viu que havia uma gravíssima dúvida que recomendava mais parcimônia e tranquilidade. Que se chamasse o árbitro para ver a jogada.

Reforma financeira

- Todos nós sabíamos que tínhamos de mudar. Essas mudanças viriam com qualquer cenário. Elas podem e devem ser aprofundadas com o cenário adversário. O nome das mudanças é reformas. Vai ser reformado politicamente e no futebol. Vou falar da reforma financeira também. Chegou a hora que a gente tem de enfrentar. Chegou a hora de mudanças. Chegou a hora de o Vasco reagir - disse o VP de Finanças, Adriano Mendes.

Dívida

- Situação herdada: o ano de 2020 foi marcado por uma piora muito grande. Em 2018 e 2019, houve uma melhora, a torcida fez a parte dela, as provas são CT e o sócio. A torcida é a mais engajada e apaixonada. O Vasco retroagiu muito no ano que passou. Vamos largar de uma dívida, entendam como estimativa, de R$ 750 milhões. Dívida muito grande e muito maior que a anterior com pandemia e tudo que passou.

- É uma dívida que já nos castigava, mas agora você tem uma potencial e drástica redução das receitas. Receita do ano passado foi de R$ 180 milhões. Teríamos duas premiações. Nossa primeira meta era de R$ 260 milhões. Confirmada a perda de receita pela mudança de série trabalhamos com perda de R$ 100 milhões imediatamente - revelou Adriano Mendes.

Futebol e base serão a prioridades

- Vamos renegociar os contratos. Tem que entender que todo mundo ganha quando tá melhor e pior quando perde. A questão do fluxo de caixa tem sido feito dessa forma, o momento do planejamento é só para ações concretas. Foco total da receita para o futebol. Futebol e base. Vasco vai priorizar o dinheiro para futebol e base.

Hoje o Vasco é um clube que discute em colegiado, o Vasco não tem mais dono. A gente decide em grupo, não é para ter um salvador. Nessa linha, estamos trazendo um conselho consultivo de diversas áreas do mercado. Para fechar essa parte de ajustes estruturais, temos duas obsessões: a base, que é o futuro do Vasco. A gente vai ter que dar um jeito. E o centro de treinamento. Se tem algo que lamento muito de a gente não ter hoje é um CT de primeira na base e no profissional. Andamos, mas precisamos dar saltos - ressaltou Adriano Mendes.

Ano difícil

- A gente entrou no clube para mudar, teremos um 2021 bem difícil. Muito difícil. A gente tem que olhar o passado para aprender com erros e melhorar o futuro. Temos que preparar o Vasco juntos. Cobrem. Vamos ter muito mais eventos e coletivas como essas. O próprio evento do balanço será feito - disse o VP de Finanças, Adriano Mendes.

- É importante que os vascaínos saibam: entramos numa emergência, não imaginávamos que fôssemos cair, e todo esforço foi feito para isso. A gestão já começou a andar. Talvez a medida mais importante nesses três anos foi criar a nossa diretoria de integridade, que está olhando tudo no Vasco da Gama. Todos os contratos serão revistos. Nós não temos direito de falhar, o Vasco da Gama tem essa oportunidade para se refundar, se reorganizar e andar para frente - analisou o VP Geral, Carlos Roberto Osório.

Garotada no início do Carioca

- Nosso planejamento é que 11 jogadores da equipe que estava jogando até ontem permanecem no elenco. Outros entram em recesso até quarta-feira. E na outra quarta, dia 10, já temos Copa do Brasil. Ou no dia 17. A ideia do recesso é muito mais para a cabeça do que para o corpo. O treinador com certeza chegará até a semana que vem

- Esses 11 jogadores se juntaram a 20 atletas do sub-20, que é campeão da Supercopa e da Copa do Brasil. Eles serão comandados pelo Siston e por toda a equipe da base. Esses 11 atletas que permaneceram são todos da base.

Aproveitamento da base

- Hoje temos 51% do nosso elenco formado na base, mais da metade. Quanto a cinco ou seis jogadores que vão para os jogos, isso a gente não pode interferir. O que entendo é que todo time equilibrado em todas as suas facetas também tem de ser aplicado na idade. Lógico que não vamos montar times. Se a gente pegar o Grêmio campeão da Libertadores, ele tinha exatamente 33%, 33% e 33% de tipos de idade.

- Hoje um time que tem 51% de atletas formados na base é um número alto frente ao cenário que vamos enfrentar. Estamos traçando juntos algumas determinações de como deve ser formado.

Saída de José Luis Moreira e novo VP de futebol

- Zé Luis já vinha na gestão Campello, e a gente ficou com ele para esse final de campeonato para o futebol não sofrer uma alteração. Zé Luís já deixa de ser o vice-presidente de futebol, nós ainda não temos o VP de futebol. Estamos trabalhando em alguma pessoa e vamos anunciar em algum momento. Não vamos mais ter VP de futebol que faz tudo, vai na federação, aquela figura que estamos mais acostumados vai deixar de existir - disse o presidente Jorge Salgado.



Fonte: ge