Luxemburgo fala sobre Real Madrid, churrasco, Brasileiro, gringos, elenco e ligação com o Vasco
Sexta-feira, 29/01/2021 - 12:55
Vanderlei Luxemburgo estava inspirado na entrevista coletiva desta sexta-feira. Em Atibaia, onde o Vasco se prepara para enfrentar o Bahia, domingo, em São Januário, o treinador citou a experiência que teve no Real Madrid para defender a realização de um churrasco de confraternização (na folga dos jogadores) e afirmou que o debate sobre o atraso salarial em São Januário deve ficar de lado em nome do compromisso de manter o Vasco na Série a do Brasileirão.

A coletiva abordou outros temas, como a função do diretor executivo em um clube, as diferentes tarefas de um técnico e a vitória do Bahia sobre o Corinthians, na quinta, o que tornou o duelo de domingo mais importante. O time baiano também luta para fugir do risco de rebaixamento.

- Eu dei uma declaração na semana passada... Eu juntei os jogadores. Nós temos só um pensamento: manter o Vasco na Primeira Divisão. Estamos voltados para isso. Está entrando uma diretoria nova. Eu não quero saber de problema político, o Salgado foi empossado. Se vai ter briga jurídica, não quero nem saber. Mas os meus jogadores não estão preocupados com o salário. Se sair o salário, ótimo. Mas se o salário não sair, estamos preparados para enfrentar o Bahia e os demais adversários - disse, para completar:

- Estamos preparados para manter o time na Primeira Divisão. Cabe ao dirigente ter o discernimento de entender o que eles têm de fazer nas decisões de diretoria. Nós estamos preparados, vamos para o pau. Não estamos preocupados se vai receber ou não. Quem está entrando, tem de saber o que fazer. Pela primeira vez na vida eu venho a público falar isto. Eu sempre falei que os jogadores têm que receber. Mas neste momento não posso entrar nesse mérito. Eu não posso fazer com o que Vasco desvie atenção, que é manter o Vasco na Primeira Divisão. Não tem preço isso, manter o Vasco na Série A. Mas cada um sabe das suas responsabilidades.

O presidente Jorge Salgado havia feito o compromisso de pagar um salário até esta sexta-feira. Funcionários e atletas têm em débito os meses de novembro e dezembro além do 13º (2020) e janeiro (2021).

Desde o início das respostas, o comandante vascaíno tratou de comentar a confraternização feita com o elenco esta semana e citou a experiência que viveu à frente do Real Madrid.

- Isso não determina que vai ganhar ou perder um jogo de futebol. Os jogadores são seres humanos e, como tal, têm hora de lazer e de responsabilidade. Na quarta, na folga, promovi um churrasco no hotel, só a gente. E peguei um grupo de pagado de um amigo meu e trouxe aqui para tocar. Foi um momento ali, um churrasco e uma cervejinha... Aí você vê a reação das pessoas "poxa, fez churrasco com o time nesse situação". São seres humanos, temos de tentar agrupar ao máximo, ficarmos mais próximos - afirmou o técnico, que ainda continuou comentando o episódio:

- Fiz no Rio, em uma pizzaria, com jogadores e suas famílias. Assim, você começa a integrar e agregar. O ganhar ou perder depende da responsabilidade. Nunca faria o churrasco na véspera do jogo, nunca liberaria a cerveja na véspera. Isso seria responsabilidade. Depois, o treino comeu duro pois o jogo de domingo é importante. As pessoas que saiba discernir, isso é coisa do passado, é uma bobeira. Teve gente que disse que era por isso que os brasileiros estão ultrapassados. No Real, se tinha essa obrigação de se reunir uma vez por mês.

Com 36 pontos e na 14ª colocação, o Vasco está um ponto à frente do Fortaleza, primeiro time dentro do Z-4. Neste domingo, às 16h, o clube enfrenta o Bahia, em São Januário, pela 33ª rodada do Brasileirão.

Confira outras respostas do treinador

Confronto com o Bahia

- Eu assisti Sport e Bahia. Bahia e Corinthians. O Bahia é um time centenário. É um jogo importante para nós. O importante é nos prepararmos bem para este jogo. Não viemos por lazer. Viemos para trabalhar mesmo. É uma decisão da parte debaixo da tabela, não vamos ganhar campeonato. Mas é uma decisão da parte debaixo da tabela.

Aniversário do Romário e exemplos do Baixinho

- O Romário é genial. Foi um dos grandes jogadores que dirigi na minha vida. Eu dirigi os maiores do mundo durante três décadas. Irreverente. Personalidade forte. Um respeito mútuo. Somos amigos hoje. O colaria no patamar de cinco maiores de todos os tempos. Faz aniversário hoje. Gostaria de dar parabéns. Às vezes falamos no telefone. Ele é irreverente, mas não bebe. Ele treina, mas treina no futevôlei. Ele foi genial.

Chance de Pec ser titular

Tem tempo para maturação. Tem que ter paciência. Da maneira que vocês cobram a presença do Pec, para entrar no lugar de outro jovem (Talles Magno), que lá atrás vocês idolatraram e achavam que ele era um grande jogador. E se eu colocar o Pec por achar que ele vem entrando bem no jogo, e essa coisa não acontecer como tem que acontecer, natural, e ele vai mal no jogo, e eu perco o Pec e perco o Talles. Qual a pergunta você vai me fazer no dia seguinte ou após o jogo? As pessoas esquecem que estou lidando com um patrimônio do clube. Lidando com um jovem de 18 anos. Outro de 19 anos. Então, tem todo um tempo. E eu tenho que preservar o patrimônio do clube, o ativo do clube, que tem potencial. Assim como o Flamengo fez com o Vinícius Jr, assim como outros fizeram. O Vasco precisa sair desse momento difícil e se reencontrar com sua tradição, com sua grandeza. O clube revelava grandes jogadores e vendia muito bem. Então, não pode se queimar jogadores porque alguém quer a presença dele em campo. Esse alguém vai ser o mesmo que vai querer outro. Temos que ter paciência. Se eu achar que o Pec vai jogar, ele vai jogar. Temos que ter calma.

Zaga para enfrentar o Bahia

- Não existe regra que tem que seguir. O importante é ter zagueiros que você confia. Mas ainda não está definido quem vai jogar. O Castán volta. O Ricardo está voltando. Mas vamos ver como está a recuperação dele - afirmou.

Relação com Pikachu

- Eu tenho carinho por todos os jogadores. As pessoas têm uma imagem totalmente diferente do que eu sou. Uma coisa é uma entrevista coletiva dura. Mas eu sou um cara que lido bem com jogadores, brinco muito. Eu tiro sarro com os jogadores. E o Pikachu tem uma deficiência grande na marcação, mas tem técnica, sabe chegar ao gol. E eu tenho carinho especial por ele, é um cara sempre de bem com a vida.

Os gringos do time

- O Cano, o Benítez e o Léo Gil... eles estão ajudando bastante a gente neste momento. Estão bem integrados. Vale a pena conviver com esses jogadores.

Ligação com o Vasco

- Eles (torcedores) dizem que sou o único "mulambo" que eles gostam. Achei boa a sacada. Eu conheço bem essa instituição. O Vasco da Gama é um dos clubes mais fortes do Brasil. Quando entro em uma instituição assim, eu não consigo trabalhar mais ou menos. Eu sei a história gloriosa. E isso está adormecido. Está dormindo. Essa minha busca do passado, de grandes conquistas, muitas coisas precisam ser feitas. Eu me sinto muito gratificado em saber que o torcedor Vasco tem carinho por mim. Mesmo sendo rubro-negro, eu tenho muito carinho pelo Vasco da Gama.



Fonte: ge