Campello: 'Entre 2025 e 2030, o Vasco se tornará novamente uma potência econômica e esportiva'
Segunda-feira, 02/11/2020 - 06:01
Ao escolher o nome da chapa que disputará a eleição do dia 7, Alexandre Campello deu o tom da estratégia para ter mais três anos à frente do Vasco. A "Rumo Certo" tenta convencer o sócio vascaíno de que o presidente merece seguir no comando do clube.

Ele é o primeiro dos cinco candidatos a responder às perguntas de O GLOBO sobre os maiores desafios no horizonte do Cruz-maltino: gerar receitas, reduzir as despesas, crescer estruturalmente, administrar os problemas a curto prazo e, principalmente, voltar a ter um futebol vencedor. Para todos que pretendem ocupar a cadeira mais alta da Colina, mais importante do que saber o que se pretende fazer, é como fazer.

O médico ortopedista de 60 anos aposta na continuidade do trabalho realizado nos últimos três anos, em que deu passos importantes em termos de infraestrutura, como a construção do centro de treinamento próprio para os profissionais. Defende também o trabalho realizado na área de finanças do clube e pede paciência quanto ao futebol.

No último ano, Campello teve de lidar com a saída de integrantes importantes de sua gestão, como Adriano Mendes e João Marcos Amorim, que posteriormente se uniram a Jorge Salgado e lançaram a candidatura do grande benemérito à presidência. Em fevereiro, teve as contas do exercício de 2019 reprovadas pelo Conselho Deliberativo. Durante a campanha, conseguiu o apoio de alguns nomes tradicionais da política vascaína, como José Luiz Moreira e Antônio Peralta, além de Fred Lopes, que lançou pré-candidatura, mas optou por apoiar Campello.

Como melhorar a arrecadação do clube?

Em 2019, o Vasco apresentou um incremento de R$ 41 milhões em suas receitas recorrentes, ao passo em que diminuiu em R$ 18 milhões os custos e despesas recorrentes – um considerável ganho de performance de R$ 59 milhões no que diz respeito aos recursos que o clube efetivamente pode controlar.

Isso demonstra que esta gestão está trabalhando bastante para trazer o que se chama de dinheiro novo. E é justamente esse o caminho: fortalecer o marketing, faturar mais em cima dos licenciamentos e arrecadar mais através de determinados conteúdos pagos – seja na Vasco TV, seja no aplicativo ou em outra plataforma.

Além disso, há outros dois pontos fundamentais que temos trabalhado e que vão gerar recursos no futuro: o aumento de venda de jogadores formados na base, visto o excepcional trabalho que temos feito no departamento, e a ampliação e modernização de São Januário, pois o estádio novo aumentará, e muito, as frentes de arrecadação que nós teremos. Basta ver como outros clubes incrementaram significantemente suas receitas a partir do momento que tiveram um estádio reformado e moderno.

Como diminuir/administrar a dívida?

Uma das novidades que colocamos em pé em 2020 foi o Pool de Credores para dar tratamento à dívida cível. Criamos um termo de adesão com algumas regras para o credor fazer parte. Uma delas é que o Vasco se compromete, em toda entrada de receitas não recorrentes (mecanismo de solidariedade, venda de jogador etc.), usar 20% dessas receitas nesse Pool e amortizar as dívidas. A partir deste mês, começaremos também a repassar a receita recorrente oriunda do dinheiro líquido da TV e premiação do Campeonato Brasileiro. Aumentando a adesão dos credores ao Pool, os percentuais aumentam proporcionalmente. O torcedor vascaíno, temos certeza, está imbuído deste pensamento, de que o processo de recuperação do clube não se dará por outro caminho que não o da austeridade e com o cumprimento de obrigações financeiras pregressas. O Vasco precisa equacionar pendências do passado para ter o futuro que todos esperamos.

Quais são seus planos para a infraestrutura (São Januário, CT...) do clube?

Bom, essa foi a gestão que está tirando do papel dois grandes sonhos do vascaíno: um centro de treinamento próprio e a modernização e ampliação de São Januário. Nos próximos três anos, vamos terminar as obras no CT, com a construção dos outros campos e também do mini estádio, e entregar um São Januário para 43 mil torcedores, trazendo ao clube ganho esportivo e financeiro. Vamos terminar também o Centro de Treinamento de Caxias, onde estamos construindo a Cidade Vasco da Gama, possibilitando a milhares de jovens que escolham o clube não só pela força da nossa camisa, mas também pelo que lá vamos oferecer, como moradia, colégio, atendimento psicológico, enfim, toda uma estrutura para que o garoto que muitas vezes vem de longe se desenvolva como homem e como atleta. Vamos captar recursos para o início do Projeto da Vila Olímpica no antigo terreno da CEDAE, com início das obras em 2021 e conclusão no 1º Semestre de 2022, e dar sequência ao processo de recuperação, ampliação e modernização da Sede Náutica da Lagoa e da recuperação e modernização da sede do Calabouço.

Como melhorar o desempenho do futebol?

Nestes primeiros três anos, sabíamos que, por conta do processo de reestruturação ora feito – condição sine qua non para a recuperação econômica do Vasco –, o futebol não poderia receber os investimentos necessários para competir na parte de cima da tabela. Então, é óbvio que os resultados ficaram muito aquém do que nós, vascaínos, gostaríamos. Mas não há solução mágica. Hoje, o Flamengo é campeão brasileiro e da Libertadores, mas há sete anos, quando optou por reestruturar as finanças, isso também respingou no futebol. Nos três primeiros anos da gestão do Bandeira de Melo, contando só o Campeonato Brasileiro, o time nunca figurou acima do 10º lugar. E no primeiro ainda terminou em 17º, só não sendo rebaixado por causa do caso da Portuguesa. Depois dali, no entanto, preparou as bases para aumentar substancialmente o investimento no futebol e obter resultados expressivos. É exatamente o que estamos fazendo. Ano que vem, já iremos conseguir aumentar a folha no futebol para R$ 5 milhões, o que nos permitirá trazer mais três ou quatro jogadores de qualidade. Mantendo este caminho, não há dúvidas de que, entre 2025 e 2030, o Vasco se tornará novamente uma potência econômica e esportiva.

Qual é a prioridade nos primeiros 100 dias de gestão?

Sem dúvida nenhuma acertar o quanto antes as pendências financeiras relativas ao ano de 2020. O planejamento do futebol profissional também terá que ser muito bem feito desde o primeiro dia, já que estamos falando de um ano atípico, onde a temporada irá se encerrar em fevereiro e logo depois teremos o início dos outros campeonatos de 2021. Vamos seguir dando atenção às obras no CT e avançando no projeto de modernização e ampliação de São Januário.



Fonte: O Globo Online