Juninho Pernambucano diz que jogadores brasileiros são ensinados a pensar só no dinheiro e critica Neymar no PSG
Quarta-feira, 08/07/2020 - 07:10
Diretor esportivo do Lyon, Juninho Pernambucano não aliviou quando falou de Neymar em entrevista ao jornal inglês "Guardian". Ao discutir sobre a cultura do brasileiro, o ex-jogador afirmou que o craque do Paris Saint-Germain é o retrato de uma sociedade, segundo ele, gananciosa.

- No Brasil, somos ensinados a cuidar apenas de dinheiro, mas na Europa eles têm uma mentalidade diferente. Inconscientemente, fiz um plano de carreira porque queria ir para outro grande clube do Brasil, e não apenas jogar por esporte. Fui ensinado a procurar quem me pagaria mais. Esse é o jeito brasileiro.

- Olhe para Neymar. Ele se mudou para o PSG apenas por causa de dinheiro. O PSG deu tudo a ele, tudo o que ele queria e agora ele quer sair antes do fim do contrato. Mas agora é a hora de retribuir, de demonstrar gratidão. É uma troca, você vê. Neymar precisa dar tudo o que pode em campo, para mostrar total dedicação, responsabilidade e liderança.

- O problema é que o Brasil há uma cultura de ganância e sempre se quer mais dinheiro. Foi isso que fomos ensinados e o que aprendemos – disse Juninho.

Juninho, porém, diz saber separar muito bem a pessoa do jogador. Para o dirigente, trata-se de um dos três melhores jogadores do mundo, mas ele considera que Neymar pode fazer mais para crescer como ser-humano.

- É simplesmente o que ele aprendeu. Preciso diferenciar Neymar como jogador e Neymar como pessoa. Como jogador, ele está entre os três primeiros do mundo, no mesmo nível de Cristiano Ronaldo e Leo Messi. Ele é rápido, forte, pode fazer gols e dar assistências como um verdadeiro número 10.

- Mas, como pessoa, acho que ele é culpado porque precisa se questionar e crescer. No momento, porém, ele está apenas fazendo o que a vida lhe ensinou a fazer - encerrou.

Na mesma entrevista, Juninho falou sobre racismo, e citou os exemplos de João Pedro, jovem de 14 anos, e Ágatha Félix, de oito, mortos pela polícia num intervalo menor de um ano.

- É um racismo claro, uma confirmação do tipo de política violenta que temos no país no momento. Como foi possível uma criança de oito anos ser baleada pela polícia como aconteceu no ano passado no Complexo do Alemão? Como é possível viver depois disso? Inacreditável.

- Olhe para George Floyd. Ele não conseguia respirar. Ele é um ser humano. Não consigo imaginar como a polícia pode fazer isso. É racismo e muito, muito triste. Há milhares de George Floyds no Brasil e milhares de outros que sofreram em silêncio que não conhecemos.

Leonardo responde Juninho

Procurada sobre as críticas, a assessoria de Neymar disse não ter nada a declarar. No entanto, o tetracampeão Leonardo, diretor-esportivo do PSG, respondeu, citando ainda o presidente do Lyon, Jean Michel-Aulas.

- Eu não entendo por que Aulas fala tanto sobre o PSG. E Juninho, agora, fala sobre Paris e Neymar. Seria melhor falar sobre o clube deles. (O PSG) não está comentando a situação do Lyon, assim como o Lyon não deveria falar sobre nossos jogadores e nosso clube - afirmou Leonardo, em declarações à rádio "RMC Sport".



Fonte: GloboEsporte.com