FFERJ cobra de Botafogo e Fluminense taxa 10 vezes maior do que a de Vasco e Urubu
Quinta-feira, 02/07/2020 - 01:40
O clima quente entre Ferj, Botafogo e Fluminense ganhou mais um capítulo: a federação cobrou da dupla valores 10 vezes maiores em despesas operacionais nos jogos da 4ª rodada da Taça Rio em comparação a Flamengo e Vasco, de acordo com os borderôs das partidas. Os valores, referentes a funcionários contratados pela entidade para trabalhar nos jogos, foram de R$ 25 mil para Bota e Flu, R$ 2,5 mil para o Fla e R$ 2,2 mil para o Vasco.

Bota e Flu não assinaram os borderôs, documentos que após a realização das partidas costumam ser rubricados por representantes dos clubes envolvidos nos jogos e pela federação por não concordarem com os valores.

O clube de General Severiano, inclusive, não efetuou o pagamento à federação e foi punido pela entidade com a perda de um mando de campo pelo não pagamento das despesas relacionadas à partida.

O Flu, por sua vez, já havia efetuado o pagamento de forma adiantada, e notificará a Ferj a respeito da diferença dos valores em relação aos outros clubes. A federação alegou ao clube de Laranjeiras que a diferença se deu em razão de ter programado operação completa, como se fosse de um jogo com público para a partida - porém, não teria feito o aviso previamente.

Presidente do Bota acusa Ferj de retaliação

O episódio gerou críticas públicas do presidente alvinegro, Nelson Mufarrej, que acusou a Ferj de retaliação e falou em entrar na justiça contra a entidade.

- Basta um exercício de simples comparação com outros jogos. Não assinamos o borderô. Não concordamos com ele. A FERJ enviou um batalhão de funcionários para trabalhar em um jogo sem público. O Estádio Nilton Santos já havia sido aprovado pela Vigilância Sanitária. As despesas saltaram sem explicação. Queremos justificativas das despesas operacionais que eles nos empurraram para pagar e, para isso, já acionei o Departamento Jurídico - disse.

- Não nos surpreende em nada essa postura lamentável da FERJ. Como recebemos essa informação? Com serenidade. O Botafogo vai sempre trazer à baila assuntos que entende ser dos seus interesses, sem medo de represálias ou retaliações. O Clube não vai deixar de se posicionar para apoiar o melhor protocolo, que é aquele que preserva as vidas. Nessa pandemia, a FERJ deu aula de como desrespeitar filiados que pensam de forma diferente. Sabe por que não pagamos os "custos FERJ" na partida contra a Cabofriense? Porque o Botafogo discorda plenamente dos custos operacionais apresentados pela FERJ - completou.

Mufarrej se refere principalmente ao custo denominado de "despesa operacional", que foi 10 vezes maior para a dupla Bota e Flu. Na última rodada, a entidade cobrou R$ 25 mil nos borderôs dos dois, enquanto Flamengo e Vasco desembolsaram R$ 2,5 mil e R$ 2,2 mil, respectivamente, pelo mesmo quesito. Também há diferença, menor, no custo "delegado/ouvidoria".

Procurado, o Fluminense não se manifestará. Porém, o GloboEsporte.com apurou que o Tricolor não corre risco de perder mando de campo, como aconteceu com o Botafogo, porque o clube pagou as despesas com antecedência. Mas mesmo assim a diretoria vai questionar a Ferj sobre os valores.

O valor é diferente, também, comparado ao último jogo do Botafogo antes da quarentena, contra o Bangu, em 15 de março. No mesmo estádio, o Nilton Santos, e também de portões fechados, o custo foi de R$ 1.150. O clube acredita que a cobrança pode ter motivação política, tanto que o presidente alvinegro falou em "represálias ou retaliações".

A reportagem questionou a Ferj, que não respondeu sobre a diferença de valores. A federação afirmou que "se fez necessário aumento das despesas para organização da partida, com suas complexidades. Tudo foi realizado dentro da legalidade e está previsto no regulamento, aprovado pelos 16 clubes que participam a Série A do Campeonato Carioca".

Diferença de valores

O GloboEsporte.com levantou o quesito "despesas operacionais" de todos os jogos envolvendo os quatro grandes na Taça Rio em 2020. É possível observar que os valores caíram drasticamente desde que as partidas passaram a acontecer com portões fechados por conta da pandemia do novo coronavírus, como ocorreu na 3ª rodada, antes da paralisação das competições. Na 4ª rodada, porém, os valores cobrados a Botafogo e Fluminense foram até maiores do que os cobrados nos jogos com público.

Compare (em amarelo os jogos realizados com portões fechados):



Punição e regulamento

O litígio começou quando a Ferj, nesta quarta, tirou um mando de campo do Botafogo, que não pagou as despesas da partida. A entidade citou os artigos 75 e 77 do regulamento geral de competições, que falam das obrigações dos clubes mandantes com os custos de operações.

Os déficits das partidas serão sempre arcados pelo clube mandante. Ou pelo clube grande no caso de um duelo contra um pequeno. Em clássicos, o valor é dividido.

O regulamento exige que o pagamento dessas despesas seja feito até dois dias úteis depois da partida. No caso do Botafogo, esse prazo se esgotou na última terça-feira. As punições estão previstas no artigo 8 e vão desde perda de mando de campo até suspensão da equipe da competição.

Fonte: GloboEsporte.com